O mais recente título que tivemos acesso, foi o surpreendente Tales of Kenzera: ZAU, um jogo multiplataforma (disponível também para PC, Nintendo Switch e Xbox Series X/S), no entanto a versão que serviu de base para este artigo de opinião/análise foi a de PlayStation 5.
Tales of Kenzera: ZAU é um jogo do género metroidvania num formato 2.5D sidescrolling, desenvolvido pelos Surgent Studios, cujo o fundador é Abubakar Salim, ator britânico que deu voz a Bayek em Assassin’s Creed Origins e que a empresta agora à personagem principal, o jovem Zau. Publicado pela Electronic Arts e com o selo de qualidade EA Originals, Tales of Kenzera: ZAU surpreendeu nos media que foram sendo divulgados em processo de produção, granjeando favoráveis críticas. Será que o produto final correspondeu às expetativas, entretanto, criadas?
NARRATIVA
De uma formar bastante sucinta e compacta, a trama de Tales of Kenzera: ZAU segue os caminhos de um jovem xamã, apelidado de Zau, um rapaz em luto devido ao falecimento de Baba (o seu Pai). O terrível infortúnio originou que Zau tomasse algumas medidas drásticas e o jovial decide invocar Kalunga, o Deus da Morte, para tentar trazer Baba de volta das trevas. Para tal e sem ter total certeza que o seu desejo seja totalmente cumprido, Zau vê-se obrigado a capturar os espíritos de três criaturas transformando-as em oferendas a Kalunga. O resto já imaginam, uma aventura repleta de perigos e incertezas, capazes de despertar diversos sentimentos.
Abro aqui um pequeno parêntesis, para mencionar que a criação deste jogo foi a forma que Abubakar Salim encontrou para homenagear o seu falecido Pai e contém muito da própria experiência do ator com o luto, que foi aprendendo e descobrindo que o amor nos dá coragem para seguir em frente mesmo após uma perda devastadora.
Tales of Kenzera: ZAU segue os caminhos de um jovem xamã, apelidado de Zau, um rapaz em luto devido ao falecimento de Baba (o seu Pai). |
JOGABILIDADE
Tales of Kenzera: ZAU é um típico metroidvania porém bastante assertivo e direto na mensagem que pretende transmitir, focando-se essencialmente na trama. A movimentação do protagonista é a amiúde neste tipo jogos, ou seja, muito ágil e enérgica, repleta de capacidade atléticas de assinalar, como duplo salto, salto longo e até mesmo correr pela parede. Zau possuí duas máscaras que lhe conferem poderes especiais. A máscara do sol potencia os ataques mais perto, corpo a corpo, enquanto a máscara da lua é mais vocacionada para ataques distantes. Assim que derrotamos os inimigos, conseguimos recolher uma espécie de energia apelidada de “Ulogi”, que depois de acumulada pode ser trocada por novas habilidade e capacidades. Durante o combate, é possível alternar entre as duas máscaras, sendo mesmo possível realizar essa operação entre os combos, o que proporciona uma liberdade bastante grande para o jogador. Ainda assim, é necessário ter em atenção ao tipo de inimigo que estamos a lidar, pois uns possuem escudos que param os ataques ou da máscara do sol ou da lua.
Zau possuí duas máscaras que lhe conferem poderes especiais. |
Como não poderia deixar de ser, Tales of Kenzera: ZAU também inclui batalhas frente a bosses, que são interessantes e desafiantes a um nível razoável, no entanto, o seu número não é muito significativo. Pela minha experiência pessoal, o jogo não se revelou muito complexo, ao contrário daquilo que tinha em mente e do que normalmente ocorre neste género de títulos.
Tales of Kenzera: ZAU também inclui batalhas frente a bosses, que são interessantes e desafiantes... |
LONGEVIDADE
Tales of Kenzera: ZAU não é propriamente um jogo extenso e longo, sendo perfeitamente possível completar tudo o que existe para fazer em aproximadamente 10 horas. Obviamente que depende de alguns fatores como, a destreza do jogador e/ou o nível de dificuldade que optarmos. No decorrer da aventura, existe a possibilidade de regressar a locais já visitados, de modo a recolher itens anteriormente inacessíveis ou concluir missões que podem ser designadas como secundárias ou extra, uma vez que pouco ou nada influenciam a narrativa. No cômputo geral, não existem grandes motivos para repetir a experiência depois de concluir a história que é, sem dúvida, emocionante e comovente.
GRAFISMO E SONOPLASTIA
A nível visual, os estúdios de desenvolvimento realizaram um trabalho bastante competente e conseguiram proporcionar uma experiência que merece, naturalmente destaque. Os detalhes e pormenores são uma constante do início ao fim da aventura, recriando cenários fantásticos, sempre com aspetos bem conotados com o povo Africano e a sua cultura. A cor está sempre presente e de uma forma bem vincada, fazendo de Highlands, Woodlands e Deadlands, um autêntico festim para os olhos dos jogadores. Mais uma vez, fica bem demonstrado que o grafismo não necessita de ser super realístico e com grandes inovações, para ser elogiado por todos.
Os efeitos sonoros e a própria música ambiente, obviamente, também ajudam (e de que maneira) a enquadrar Tales of Kenzera: ZAU no seu contexto. Tal como o grafismo, toda a sonoplastia encontra-se repleta de inúmeras particularidades, que no seu conjunto, elevam a qualidade do título. Em primeiro lugar, o excelente trabalho vocal de Abubakar Salim, no papel do protagonista Zau, que anteriormente, já tinha dado grandes provas do seu valor nos títulos onde trabalhou. Depois, o recurso à língua Kiswahili nativa de determinadas zonas africanas e os seus sotaques bem característicos, dão muito caracter e personalidade ao jogo.
A nível visual, os estúdios de desenvolvimento realizaram um trabalho bastante competente e conseguiram proporcionar uma experiência que merece, naturalmente destaque. |
Resumindo, Tales of Kenzera: ZAU foi uma surpresa bastante agradável, surpreendente e até de certa forma inesperada. O que inicialmente se afigurava como sendo mais um título metroidvania, acabou por, pessoalmente, ser uma experiência enriquecedora e com uma mensagem bastante forte.
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas
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