JOGOS: Blades of Fire | Análise

6.6.25

Mais um título chegou recentemente à nossa redação, desta vez o Blades of Fire, um jogo de ação e aventura medieval, que foi descrito por alguns dos elementos da equipa de desenvolvimento como um “conto de fadas sombrio, inspirado em filmes de fantasia como, Excalibur e Ladyhawke”.

INTRODUÇÃO

Blades of Fire foi criado pelo estúdio de desenvolvimento espanhol MercurySteam, que teve participações valorosas em títulos como Metroid Dread e Metroid: Samus Returns, ou até mesmo em títulos mais datados como Castlevania: Lords of Shadow, Castlevania: Lords of Shadow – Mirror of Fate e Castlevania: Lords of Shadow 2.

Chega a todo o mundo através da 505 Games, estando disponível para as plataformas Xbox Series X/S, PC e PlayStation 5, esta última que serviu de base para este artigo de opinião.

NARRATIVA

Nos primórdios de um mundo fictício, uma civilização ancestral e quase esquecida, denominada por The Forgers, ergueu a humanidade e concedeu-lhe o dom do aço, ensinando-a a moldar lâminas e criar instrumentos de guerra. Aran de Lira, filho do comandante e Nerea, princesa e herdeira do trono, são dois jovens que convivem amigavelmente no reino, porém fruto de um fatídico acidente, são separados.

Tempos mais tarde, já com Nerea no trono como a Rainha regente e totalmente diferente da pessoa afável e meiga que era, a dádiva de trabalhar o aço tornou-se numa terrível maldição. Através de um feitiço sombrio, a Rainha amaldiçoou o aço dos seus inimigos, petrificando as lâminas e as lanças, tornando-as inúteis diante do seu implacável poder e, sobretudo, contra as forças que protegem.

É precisamente neste tempo de trevas que reaparece Aran de Lira, agora um guerreiro distinto, portador de um martelo sagrado que o permite forjar o aço, mesmo sob a maldição da rainha. Guiado por uma sede de vingança e honra, Aran tem como missão atravessar os reinos devastados, numa marcha arriscada e perigosa, rumo ao Palácio Real, jurando pôr fim ao reinado de Nerea. Ao seu lado caminha Adso de Zelk, um jovem erudito, escolhido não pela sua habilidade com espada, mas pela pena, uma vez que esta encarregue de eternizar, passo a passo, a lenda que está prestes a nascer.

É precisamente neste tempo de trevas que reaparece Aran de Lira, agora um guerreiro distinto, portador de um martelo sagrado que o permite forjar o aço...

JOGABILIDADE

Blades of Fire é um jogo de ação e aventura, numa perspetiva de terceira pessoa, ambientado num universo medieval, onde as espadas e lanças são as armas decisivas para a governação da nação. Tal como ser expetável, a personagem que o jogador controla enfrenta os inimigos recorrendo a essa armas, contudo pode optar por atacar diretamente a cabeça ou então outra região do torso. A defesa, obviamente, também faz parte do combate, sendo o jogador capaz de bloquear ataques inimigos, regenerando a resistência ou então fazer parry (o que traduzido para português é algo como, aparar), que quando executado no momento certo, quebra a defesa do incauto e permite contra-atacar, normalmente causando mais dano.

O desgaste da arma é um fator interessante, uma vez que obriga o jogador a ter alguns cuidados especiais antes de partir para a aventura. Em locais específicos do mapa, é possível efetuar reparações ou melhoramentos do armamento, preparando-nos da forma que acharmos conveniente para enfrentarmos os hostis que vão aparecendo pela frente. Com a progressão na aventura, o jogador irá encontrar as Forge Scrolls que são itens essenciais para evoluir as armas à disposição, podendo mudar as suas propriedades físicas, largura e comprimento, mas também a sua capacidade de destruição. Blades of Fire  contém um enorme arsenal de armas, com múltiplas variações de espadas, machados, sabres, espadas grandes, martelos, punhais e lanças.

Tal como referido acima, ao longo da aventura, o protagonista é acompanhado por Adso, um jovem estudioso que tem a responsabilidade de documentar, para toda a eternidade, as proezas de Aran. Porém, no que concerne à jogabilidade propriamente dita, Adso tem um papel importante, uma vez que durante o combate ou na resolução de enigmas, ele está permanentemente a transmitir ideias, fornecendo conselhos e dicas para sermos bem-sucedidos. Sem dúvida, uma mecânica interessante.

Ainda assim, a sensação que fico é que a equipa de desenvolvimento demonstrou querer criar algo demasiado ambicioso, de vários géneros distintos, misturando aspetos de jogos de ação e aventura, com soulslike pelo meio, contendo elementos de RPG e ainda pitadas de metroidvania, mesclados no mundo aberto com demasiadas secções fechadas e com um único caminho! Confusos? Pois, o sentimento é exatamente esse. Blades of Fire tenta por todo os meios ser várias coisas ao mesmo tempo e acaba por complicar, deixando um pouco a desejar em todas as vertentes.

Blades of Fire é um jogo de ação e aventura, numa perspetiva de terceira pessoa, ambientado num universo medieval, onde as espadas e lanças são as armas decisivas...

LONGEVIDADE

O mundo de Blades of Fire possui alguma complexidade e apresenta vários caminhos alternativos e diversos locais escondidos, que convidam á exploração. Muitos deles presenteiam o jogador com elementos que pouco contribuem quer para o desenrolar da trama, assim como o evoluir da personagem, sendo totalmente opcionais e até repetitivos. Ainda assim, os jogadores que são adeptos das conclusões a 100% vão certamente despender muitas horas de jogo neste título.

O jogo é composto, essencialmente por três zonas, que misturam de uma forma sensata, locais em mundo aberto completamente livres para serem exploradas como bem entendermos, com outras zonas mais estreitas e apertadas, onde temos obrigatoriamente de passarmos por esse local. Todavia, penso que a ambição de criar algo grandioso em termos de quantidade se superiorizou à qualidade, uma vez que, de uma forma muito sincera, questionei-me por diversas ocasiões se estaria a percorrer os mesmos sítios.

No entanto, há muito para encontrar e não posso deixar de referir o quão cheio o mundo do jogo parece. Desde inimigos petrificados que só podem ser libertados encontrando corvos escondidos que pousem sobre eles, até à descoberta de chaves especiais, ou ultrapassando desafios de combate e encontrando baús escondidos, há sempre muito para fazer.

O mundo de Blades of Fire possui alguma complexidade e apresenta vários caminhos alternativos e diversos locais escondidos, que convidam á exploração.

GRAFISMO E SONOPLASTIA

Relativamente à direção de arte, Blades of Fire utilizou um motor gráfico próprio, ao invés de optar por outros existentes no mercado, o que até certo ponto, foi uma decisão racional e lógica. Contudo, aquilo que o título nos proporciona está mais perto dos jogos da geração anterior do que da atual, o que acaba por ser extremamente redutor.

Durante a jogabilidade, essa situação é amenizada, todavia, é impossível ficar indiferente à qualidade abaixo do razoável das cutscenes, claramente datadas e desatualizadas. Desde animações incompletas, expressões faciais que não correspondem minimamente ao que a personagem está a transmitir, cenários repetitivos, sem vida e até com alguns gliches, são tudo situações que se verificam amiudamente.

Não quero com isto mencionar que tudo é péssimo e intragável, pois não estaria a ser verdadeiro. Apenas penso que o foco do estúdio deveria ser aprimorar o grafismo ao invés de criar, por exemplo, um universo de fantasia repetitivo, mas é apenas a minha opinião.

A banda sonora cumpre os seus requisitos, sempre em tons épicos e medievais, dando vivacidade e pano de fundo à experiência. Pessoalmente gostei bastante, mesmo o voice acting sempre envolto de tons misteriosos e sombrios, deu finura à aventura. Em combate, a musicalidade também contribuiu para o aumentar a ansiedade, uma vez que assume tons mais intensos e vibrantes sempre que enfrentamos os inimigos. No plano inverso, os efeitos especiais sonoros, claramente a pedir por mais veemência e energia.

Relativamente à direção de arte, Blades of Fire utilizou um motor gráfico próprio, ao invés de optar por outros existentes no mercado...

CONCLUSÃO

Em suma, Blades of Fire tenta ser uma experiência grandiosa a todos os níveis, mas peca por ser demasiada ambiciosa. Falta polimento e atenção a todas vertentes do jogo, com exceção da banda sonora, que se apresentou de uma forma bastante agradável.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas

 


 
 

  • Share:

Também poderá gostar de

0 comments