JOGOS: Robots at Midnight | Análise

25.9.25

Robots at Midnight foi o mais recente título que nos chegou às mãos, na sua versão de PlayStation 5, mas encontra-se também disponível para Xbox Series X|S e Steam.

INTRODUÇÃO

Robots at Midnight é um RPG de ação, retrofuturista, desenvolvido pela Finish Line Games e publicado pela Snail Games, que recentemente foi disponibilizado à comunidade gaming nas mais diversas plataformas. O jogo propõe uma mistura entre narrativa, exploração e combate no estilo “souls”, mais acessível, ainda que desafiante, ambientada no planeta Yob, mundo este outrora luxuoso, agora em ruínas após um evento catastrófico.

A ideia passa por juntar ação, exploração, apoiada numa misteriosa narrativa com uma estética distinta. O problema? Apesar de algumas qualidades, o título nem sempre entrega o que promete, deixando a sensação de ser uma obra ambiciosa, mas não totalmente polida.

A ideia passa por juntar ação, exploração, apoiada numa misteriosa narrativa com uma estética distinta.

NARRATIVA

A história base de Robots at Midnight é simples, direta, mas eficaz: Zoe, após décadas num sono criogénico, regressa a um planeta que, embora familiar, tornou-se quase irreconhecível. Fruto de um sinistro acontecimento, apelidado de The Blackout, o planeta luxuoso deu lugar a um vasto território de ruínas e destruição. Zoe, necessita de perceber as razões que originaram tamanha devastação, bem como encontrar o seu Pai, entretanto desaparecido.

No papel, soa emocional e épico, mas na prática, o enredo raramente ultrapassa o arquétipo básico da “jornada do herói”. A protagonista Zoe, embora simpática, carece de alguma profundidade, expressão emocional e complexidade psicológica. Por outro lado, mistério de The Blackout é, por vezes, explorado de forma superficial, e muitas revelações soam previsíveis, especialmente para aqueles que já se aventuraram por muitos títulos ficção científica ou jogos semelhantes. Ainda assim, é uma narrativa competente, mas pouco ousada.

No papel, soa emocional e épico, mas na prática, o enredo raramente ultrapassa o arquétipo básico da “jornada do herói”.

JOGABILIDADE

Em termos pessoais, penso que a jogabilidade é talvez um dos pontos mais fortes do jogo. Robots at Midnight apresenta elementos de soulslike, como barras de resistência, energia, vida, sistema de cura e combate frente a chefes dantescos e ferozes, mas simultaneamente são desmobilizadas mecânicas de ação acessíveis ao jogador mais casual, essencialmente focadas na movimentação, mobilidade e confrontos frente a inimigos de menor valor.

O grande destaque é o MITT (Mobile Impulse Traversal Technology), uma espécie de luva espacial, que pode e deve ser evoluída ao longo do jogo, fornecendo diversas ferramentas para combate, como ataques mais potentes, lasers, impulsos, entre outros. No campo da movimentação, o MITT consegue potenciar a navegação, permitindo saltos mais altos e longos, manobras aéreas e até propulsão. Isso incentiva uma abordagem dinâmica, não se resumindo apenas ao ataque, podendo adotar estratégias mais diversificadas, combinando movimentos mais específicos, esquivar e até usar o ambiente em redor, para sermos bem-sucedidos.

No entanto, a jogabilidade não está isenta de algumas falhas. O combate, apesar de fluído, em alguns momentos é ligeiramente inconsistente. Existem inimigos que parecem esponjas de dano e outros que são aniquilados em poucos golpes. Outro detalhe é o estranho posicionamento da camara, sobretudo em determinados locais de tamanho reduzido, onde pode ser um inimigo maior que os próprios robots.

Robots at Midnight apresenta elementos de soulslike, como barras de resistência, energia, vida, sistema de cura e combate frente a chefes dantescos e ferozes...

LONGEVIDADE

A velha questão subjetiva da longevidade! Em termos de tempo de jogo, a campanha principal pode ser relativamente curta para jogadores mais experientes, uma vez que 7 ou 8 horas são mais do que suficientes para completar a história principal, embora dependerá muito da forma como o jogador se empenhar no jogo. Isto porque existem diversos segredos para descobrir, muitas missões secundárias, ou seja, tudo envolve muita exploração, sendo que automaticamente exige um aumento exponencial do tempo de jogo.

Para além dos factos já mencionados acima, Robots at Midnight apresenta finais alternativos, pelo que, quem for ávido de descobrir tudo até ao fim, irá, seguramente, dispensar mais algumas horas neste título.

Existem dois modos de dificuldade, o Hero Mode e o Master Mode, que estão perfeitamente otimizados para os diferentes públicos, ou seja, aqueles que preferem direcionar o foco para a história e explorar sem tanta pressão, devem optar pelo primeiro modo. Quem gosta de desafio mais exigente e intenso, obviamente, deve aventurar-se pelo segundo modo. Contudo, o jogo tenta equilibrar acessibilidade e desafio, no entanto o resultado prático é um meio-termo que pode não satisfazer nem aos fãs hardcore do género, nem quem procura apenas uma aventura mais descontraída e relaxada.

A velha questão subjetiva da longevidade! Em termos de tempo de jogo, a campanha principal pode ser relativamente curta para jogadores mais experientes...

GRAFISMO E SONOPLASTIA

O estilo visual de Robots at Midnight é interessante e apelativo, com bastantes influências de ficção científica dos anos 80/90, mas reimaginada com tecnologias modernas.  Cores vibrantes, contrastes fortes entre luz/neon e sombras metálicas, muitos detalhes nos cenários, sinais de deterioração, vegetação, ruínas robotizadas, são tudo aspetos bastante pormenorizados e bem conseguidos. No fundo, o título apresenta uma estética retro-futurista, um termo ligeiramente incongruente, mas que define bem o estilo.

A componente sonora complementa favoravelmente o ambiente do jogo. A banda sonora aposta bastante em sintetizadores, tons eletrónicos, batidas industriais ou “ambientações sci-fi” que ajudam a enfatizar o contraste entre o tecnológico abandonado e um mundo que ainda emana alguma vida. Os efeitos sonoros, nomeadamente os impactos do MITT, os lasers, os sons mecânicos das engrenagens, estão todos bem trabalhados, transmitindo as sensações certas.

CONCLUSÃO

Em suma, Robots at Midnight é uma proposta razoavelmente interessante, com boas ideias a nível narrativo, alicerçado num ambiente de ficção científica dos anos 80/90. Porém, o seu estilo de jogo um pouco indefinido, souls-lite ou action-RPG, acaba por nem agradar a uns e nem a outros. Ainda assim, consegue proporcionar momentos divertidos, entretendo durante algumas horas, mas dificilmente deixa uma marca duradoura e marcante.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas

 


 
 

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