Desta vez, vamos virar atenções para um título indie, de nome KAKU: Ancient Seal cuja versões para a PlayStation 5 e Xbox Series X/S apenas agora foram lançadas, no entanto, o jogo já se encontrava disponível para outras plataformas.
INTRODUÇÃO
Tal como referido acima, KAKU: Ancient Seal foi lançado inicialmente para o PC, no entanto, no início do mês de outubro, o título teve a sua estreia nas consolas da geração atual, com a distruição mundial a ficar a cargo pela Microids e o desenvolvimento a ser realizado pelos estúdios da SneakyBox.
KAKU: Ancient Seal apresenta-se como uma proposta ambiciosa, para um título indie e define-se como um RPG de ação em mundo aberto, com fortes traços de plataformas, onde acompanhamos a personagem principal de nome Kaku e a seu inseparável e fiel parceiro, uma porquinho, enquanto exploram ruínas, resolvem puzzles e enfrentam criaturas lendárias.
NARRATIVA
A história de KAKU: Ancient Seal não introduz revoluções narrativas, nem tão pouco se assemelha a uma épica trama. Acaba por ser uma espécie de fábula clássica de descoberta e consequente restauro de um mundo partido.
O enredo funciona sobretudo como motor emocional e estrutural, onde as motivações do jovem protagonista são simples. Kaku, um jovem solitário que vive nas montanhas nevadas e que, de repente, vê-se envolvido numa aventura lendária por causa de uma profecia esquecida. Ora, isto soa a bastante usual, certo? Mas avancemos.
O mundo aberto e explorável, foi, outrora, moldado pelo poderoso Saga, um ser divino que mantinha o equilíbrio através dos quatro elementos. Mas, um dia, uma força misteriosa de outro reino provocou um cataclismo: Saga desapareceu e as almas elementais dispersaram. O mundo foi dividido em quatro regiões distintas e hostis, cada uma governada por um Lorde corrupto. Guiado pela sua fé numa antiga profecia e acompanhado de Piggy, o leal e surpreendentemente útil porco voador, Kaku é o único capaz de restaurar o equilíbrio do mundo.
Nada mais trivial, correto! No fundo, coerente e com momentos genuinamente tocantes, mas raramente surpreendente. No entanto, existem diversos exemplos por essa internet fora de histórias, tramas e contos bastante amiúdes, mas sempre interessantes e KAKU: Ancient Seal tem, efetivamente, uma narrativa simples, mas igualmente interessante.
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| Guiado pela sua fé numa antiga profecia e acompanhado de Piggy, o leal e surpreendentemente útil porco voador... |
JOGABILIDADE
Normalmente, a jogabilidade é o coração do jogo! KAKU: Ancient Seal combina positivamente vários estilos de jogos, como já referido um pouco acima. No fundo, é um RPG de ação, em mundo aberto, com alguns elementos interessantes de plataformas, porém o destaque é, naturalmente, o combate. Tal como outros títulos semelhantes, o jogo privilegia o recurso aos combos que causam mais dano aos oponentes, no entanto, o uso criativo das habilidades, que vão sendo desbloqueadas ao longo da demanda, mantém as lutas interessantes e ligeiramente diferentes, durante uma boa parte da aventura.
Como não poderia deixar de ser, a famosa árvore de habilidades amiúde nos RPGs, também está presente, tal como os itens especiais ou runas que modulam o estilo da luta da nossa personagem. Tudo isto de uma forma leviana e simples, não exaustiva e complexa como nos verdadeiros RPGs, aliás, KAKU: Ancient Seal está classificado como PEGI 12 pelo que pode ser encarado perfeitamente por um público mais jovem. Uma lufada de ar fresco foram os elementos de plataformas presentes no jogo. Sinceramente a ideia que fico é que o estúdio de desenvolvimento dedicou mais tempo nessa vertente, apresentando puzzles e quebra-cabeças variados, divertidos e atingíveis, onde a física é bastante satisfatória.
Contudo, a jogabilidade padece de algumas inconsistências. Num plano inicial, a velha questão da repetibilidade, quer dos incautos que enfrentamos que se tornam monótonos e bastante enfadonhos, quer de missões muito semelhantes como ir a um local recolher um item e regressar ao ponto de partida, entre alguns bugs relacionados, sobretudo, com os ângulos da camaras em espaços mais fechados. Porém, no computo geral, a experiência acaba por ser agradável, superando essas situações.

KAKU: Ancient Seal está
classificado como PEGI 12 pelo que pode ser encarado perfeitamente por
um público mais jovem.
LONGEVIDADE
O jogo não é propriamente extenso, contrastando com os verdadeiros RPGs, que por norma ocupam o jogador durante largas horas. Algo como 10 a 12 horas é mais do que suficiente para se concluir a experiência, isto se nos centrarmos na história principal. Contudo, o mundo de KAKU: Ancient Seal convida à exploração, uma vez que existem diversas missões secundárias, desafios extras, itens colecionáveis, segredos para descobrir e conteúdo adicional, que prolonga a longevidade e certamente agradará aqueles que gostam de concluir a experiência a 100%.
Em contrapartida, tal como acontece na jogabilidade, a repetição pode ser problemática. Missões demasiado análogas, segredos pouco recompensadores e até visitadas repetidas aos mesmo locais, podem diluir a sensação de novidade e vontade de continuar a prolongar a demanda.

...existem diversas missões secundárias, desafios extras, itens colecionáveis,
segredos para descobrir e conteúdo adicional...
GRAFISMO E SONOPLASTIA
A nível gráfico e de um modo bastante generalista, KAKU: Ancient Seal possui um charme particular, consistente e interessante. Isto ainda é mais valorizado, uma vez que estamos perante uma produção indie e, obviamente, sem os orçamentos de outras grandes empresas do ramo. O título consegue, em determinados momentos, proporcionar um grafismo apelativo e bastante colorido, com animações bem conseguidas e assertivas. Aqui e ali, visualizamos algumas texturas com menor resolução e algumas quedas de frames em zonas mais povoadas, mas nada de muito preocupante.
A banda sonora é baseada numa combinação de temas épicos e melodias intimistas, composições que acompanham bem a exploração e que sobem de intensidade nas batalhas mais tensas e perigosas. Os efeitos sonoros, como por exemplo, os impactos das armas, os passos das personagens, os gritos dos inimigos, entre outros, estão bem todos trabalhados e ajudam a transmitir o peso das ações. Em síntese, toda a sonoridade cumpre os intentos, sem deslumbrar.

A nível gráfico e de um modo bastante
generalista, KAKU: Ancient Seal possui um charme particular,
consistente e interessante.
CONCLUSÃO
KAKU: Ancient Seal é um exemplo admirável de como um estúdio pequeno pode conceber um título coeso e agradável, baseado numa história trivial, mas bem estruturada, com um mundo vivo e uma jogabilidade interessante e diversa. O título tem uma personalidade própria, revelando um cuidadoso trabalho por parte do estúdio de desenvolvimento. Tem as suas inconsistências naturais, mas nada que atrapalhe verdadeiramente a experiência.
Resumindo, KAKU: Ancient Seal é uma aventura indie ambiciosa que combina diversos tipos de jogo (ação-aventura, RPG e plataformas) assente numa narrativa interessante e um trabalho artístico consistente. Mecânicas de exploração e combate agradáveis, mas com alguns lapsos técnicos e alguma repetição de conteúdo secundário.
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas



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