Recentemente, tivemos acesso a mais um título, desta vez o aclamado It Takes Two, na sua versão Nintendo Switch a qual foi apenas disponibilizada no início do mês de novembro, depois de já ter sido lançado para as restantes plataformas em março de 2021.
Desenvolvido pelos Hazelight Studios, responsáveis por outro título multijogador cooperativo relevante, o A Way Out e publicado pela Electronic Arts, It Takes Two é um jogo de ação-aventura com uma especificação bastante particular, ou seja, não possui opção para ser jogado apenas por um elemento, obrigando a cooperação com outro jogador, localmente com ecrã dividido ou online recorrendo a amigos espalhados pela internet fora.
A história de It Takes Two resume-se a um facto muito amiúde nas nossas vivências, sobretudo para os mais crescidos, o casamento. Como todos sabemos, nem sempre é um mar de rosas e por isso o divórcio é cada vez mais uma forma fácil e rápida de resolver os conflitos. No jogo, isso também ocorre, onde Coady e May, as duas personagens jogáveis, são marido e mulher, mas o seu matrimónio já viveu melhores dias. Despois de mais uma de muitas discussões, os dois decidem em avançar para o divórcio, contando cuidadosamente a decisão a Rose, a filha do casal. Triste, a pequena Rose refugia-se na cave e tenta esquecer a situação com a ajuda de duas pequenas bonecas de pano. Uma lágrima escorre da cara e cai mesmo em cima das bonecas, que subitamente ganham vida, ficando precisamente pai e mãe aprisionados dentro de cada uma. Com a ajuda do Dr. Hakim, um curioso e divertido livro de terapia para casamentos, e a pedido de Rose, ele tudo fará para que o relacionamento não termine e para que os pais finalmente se entendam.
Antes mesmo de avançar para a minha opinião sobre os aspetos técnicos de It Takes Two e para além de tudo o que o jogo proporciona, convém mencionar que estamos perante uma lição de vida com uma forte e poderosa mensagem. Apesar de todos sabermos que os alicerces de uma vida vivida a dois são baseados sobretudo numa constante comunicação e em trabalho conjunto, porém nem sempre isso ocorre. E é aí que entra em ação o aspeto didático de It Takes Two, uma vez que poderá e deverá ser jogado por alguém que se encontre numa situação análoga, sendo mais uma importante ajuda para lidar com relacionamentos complexos e que necessitem de algum auxilio
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Num título desta natureza, é obrigatório que a jogabilidade permaneça em níveis altos, uma vez que grande parte do virtuosismo de It Takes Two é remanescente desse componente |
Num título desta natureza, é obrigatório que a jogabilidade permaneça em níveis altos, uma vez que grande parte do virtuosismo de It Takes Two é remanescente desse componente. Pouco tempo depois de pegarmos no comando, percebemos que tudo foi pensado de uma forma astuta e com muito critério. Inicialmente simples, onde nos limitamos basicamente a seguir instruções, a jogabilidade vai aumentando de dificuldade ao longo da demanda, mas sem nunca atingir patamares muito complexos. O que realmente surpreendeu, foi a existência de muitas tarefas cooperativas divertidas e engraçadas, cujo o objetivo final só poderia ser alcançado se ambas as personagens trabalharem verdadeiramente em equipa e não cada um para seu lado. E não pensem que a repetição é uma constante, pois existe uma variedade de mecânicas cooperativas que certamente vos farão soltar aqui e a li uma gargalhada bem audível.
Um pequeno parêntesis na cooperação, porque no decorrer da aventura e de modo a quebrar um pouco a repetibilidade, podemos encontrar alguns mini-jogos, igualmente simples e interessantes, mas desta vez competitivos, ou seja, ao contrário do resto do jogo, aqui Coady e May desafiam-se para apenas um ser o vencedor. Uma sugestão/recomendação, apesar de ter jogado com os tradicionais Joy-Con que integram a consola da Nintendo, considero que para ter uma melhor experiência, o Pro Controller garante efetivamente mais assertividade e consequentemente melhores resultados.
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podemos encontrar alguns mini-jogos, igualmente simples e interessantes, mas desta vez competitivos, ou seja, ao contrário do resto do jogo, aqui Coady e May desafiam-se para apenas um ser o vencedor |
Centrando atenções na vertente gráfica e afirmando que nunca experienciei It Takes Two numa plataforma diferente da Nintendo Switch, confesso que fiquei um pouco desiludido. Não estava à espera de algo verdadeiramente realista e fenomenal, até porque o conceito não era esse de todo, porém o estilo cartoonesco ficou abaixo do esperado. Francamente os gráficos parecem ser de gerações anteriores, tendo já visualizado algo bastante superior em títulos para a mesma plataforma. Eventualmente, terá sido mal otimizado ou algo semelhante, o que realmente é um pouco frustrante. Ainda assim, não é nada que afete verdadeiramente a experiência, uma vez que o título garante o seu verdadeiro propósito, ser divertido.
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na vertente gráfica e afirmando que nunca experienciei It Takes Two numa plataforma diferente da Nintendo Switch, confesso que fiquei um pouco desiludido |
Uma palavra verdadeiramente especial para a sonoplastia, que acrescenta e de que maneira emoção, carisma e entusiasmo, sendo bastante cativante. Os efeitos sonoros das díspares interações são efetivamente bem caprichados e funcionam às mil maravilhas, notando-se claramente um esforço do estúdio de desenvolvimento nessa vertente. Nota para a presença do idioma português, nas legendas e nos menus do jogo, o que é sempre de salientar.
Para finalizar, é necessário ter particular atenção que estamos perante um título exclusivamente cooperativo, não sendo de todo indicado para aquelas alturas em que queremos apenas escolher um jogo e partir para a aventura. Logicamente a longevidade está diretamente conectada a esse desidrato. Ainda assim, é possível convidar um amigo, sem que este possua concretamente o jogo, porém ficamos limitados à sua disponibilidade. Todavia, a diversão é garantida e It Takes Two até pode ser jogado por alguém sem grande experiência nestas andanças, uma vez que a mensagem que transmite é realmente importante.
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Para finalizar, é necessário ter particular atenção que estamos perante um título exclusivamente cooperativo |
Em suma, It Takes Two é no global uma experiência rica, divertida, com salpicos de humor, mas que essencialmente transmite uma mensagem forte e determinada sobre um tema cada vez mais amiúde. Exclusivamente cooperativo, ideal para passar um bom tempo junto daqueles que mais gostamos, garantindo momentos de boa disposição. O grafismo datado e obsoleto, não esmorece a experiência, mas é sem duvida o seu ponto menos forte.
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas
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