JOGOS: Far Cry 3 | Análise

27.12.17


Far Cry 3 surgiu em finais de 2012, mas ainda hoje e depois de tantas inovações no mundo dos videojogos, consegue absorver as atenções e transmitir sensações deveras positivas, e arrisco-me mesmo a afirmar que perante alguns títulos atuais, Far Cry 3 consegue-se bater olhos nos olhos.

A Ubisoft Montreal inovou e introduziu elementos de RPG (role-playing game) num jogo de tiro na primeira pessoa, como por exemplo, uma variadíssima árvore de habilidades, melhorias na personagem através de pontos e até um mecanismo de “crafting”. Juntamente com tudo isto, ainda aumentou de forma auspiciosa o tamanho do mapa em mundo aberto, transformando a ilha tropical e paradísica de “Rook Island” num ecossistema muito próprio que incluí densa vegetação, predadores mortíferos, mercenários letais e um verdadeiro “Lord of War”. Suficiente?


Nem por isso, pois os criadores não se pouparam nos detalhes, sempre do agrado dos fãs, e contrariamente ao algo criticado nesse aspeto, o antecessor Far Cry 2, desta vez existe muito de tudo, seja exploração livre , escalamento de torres que desbloqueiam partes importantes do mapa, lutas furtivas com animais selvagens, sobrevivência a guerrilhas inesperadas com os mercenários que vagueiam pelo mundo aberto, fatídicos precipícios onde a mínima falta de atenção revela-se fatal e buscas em locais sinistros na demanda da descoberta de valiosas relíquias. E agora já chega?

Pois bem, juntamente a isto, ainda falta referir uma história atrativa e intensa, bem ao bom estilo Hollywoodesco, que nos prende do inicio ao fim, despertando sensações díspares, amor, ódio, sentido de responsabilidade/paternidade, loucura/insanidade e afinidade. Ufa!

O inicio do modo campanha consegue imediatamente criar uma enorme empatia entre o jogador e o jogo, tal a intensidade e veemência transmitida. A história centra-se numas férias de sonho, de um grupo de familiares e amigos, que rapidamente vira um autêntico pesadelo. Capturados pelos mercenários que controlam “Rook Island” e colocados em cativeiro. Jason Brody, personagem principal e controlada por nós, tem com missão escapar e salvar todos os membros do grupo. De imediato apercebemo-nos da loucura transcendente de Vaas, um dos inimigos, um autêntico demente que distila insanidade, mas não está sozinho. Hoyt Volker, o chefe de Vaas e líder de um vasto exército de piratas que fazem do tráfico de pessoas as suas principais ações, vendo no grupo de aventureiros uma boa oportunidade para faturar mais uns milhões com a sua venda.


Aos poucos vamos assumindo uma postura diferente, aliás porque a sua personagem não é de todo um soldado, mas que pouco a pouco tem que assumir esse papel na procura dos seus amigos. Sozinho e fragilizado, Jason Brody conhece Denis Rogers que o ajuda a movimentar-se e a conhecer locais importante na ilha. Mais tarde e já mais entrosado com o ambiente em nosso redor, somos levados à presença de Citra, líder dos Rakyat e irmã do insano Vaas, que em troca de trabalhos realizados para ela, aceita auxiliar-nos na nossa tarefa principal.


Far Cry 3 possui como já referido anteriormente um enorme e muito próprio ecossistema, repleto de vida para além daquilo que gira em nosso redor, sendo ainda hoje considerado pelos especialistas, um exemplo como um título em mundo aberto pode ser tão apelativo e atrativo, sem perder o fio condutor da história principal. O facto de não termos pressa em avançar a todo o custo para a próxima missão principal, subjugando para secundário, desviando toda a atenção na exploração livre, sempre na descoberta de novas situações, é o maior elogio que se pode tecer a este título. Perder a noção do tempo é normal e quando chega a hora de desligar a consola, a sensação que ficamos é que jogamos tanto e pouco avançamos, mas foi muito gratificante, ficando sedentos de mais.


As missões, quer principais, quer secundárias, apesar de terem todas o mesmo principio (acabar com os inimigos) não são nada repetitivas e maçadoras, podendo ser concluídas de diversos modos, ficando a nosso critério uma abordagem mais à “Rambo” aniquilando tudo o que nos aparece à frente, ou optar por um modo mais furtivo eliminando um a um os inimigos sem que estes se apercebam o que lhes acabou por acontecer, ou um misto de ambos. Um detalhe delicioso, assim que entramos num acampamento inimigo, alguns deles possuem animais ferozes enjaulados e se tivermos astúcia suficiente para o libertar, só temos que nos esconder relaxadamente e assistirmos a uma luta titânica entre a presa e os fugitivos inimigos.

Ao nosso dispor existe uma panóplia de armamento, quase um pouco de tudo que possam imaginar, desde facas, arcos, armas leves, ligeiras e pesadas, granadas dos mais diversos tipos, minas, C4, e muito mais, tudo personalizável ao nosso gosto, podendo optar por inúmeros apetrechos, entre os quais silenciadores, miras laser, carregadores com maiores capacidades, entre outros.
A jogabilidade está bastante aceitável e não é necessária nenhuma curva de aprendizagem exigente para começar desde logo a jogar. A dificuldade das missões é exponencial, inicialmente nada de muito complicado, mas com o avançar da ação torna-se mais complexa.

Graficamente é claramente percetível que estamos perante um jogo da geração anterior, mas se tivermos a consciência das limitações próprias da data de lançamento, Far Cry 3 era do melhor que tinha sido produzido na altura. Uma palavra muito especial e de elevação para os incêndios, claramente bons no seu antecessor e escrevi na altura “nas chamas quando existe uma explosão ou incendio, que aliás está extremamente bem conseguida pois as chamas não seguem uma linha reta, mas sim espalham-se dinamicamente consoante as condições climáticas e geográficas ou os detalhes da rica e diversificada vegetação presente nas selvas Africanas.”, pois bem, neste ainda são bastante melhores.


A sonoplastia encontra-se dentro do esperado e do que foi produzido anteriormente, sendo completamente inolvidável o sotaque e expressões sonoras dos nossos vilões, Vaas e Hoyt, bem como os diversos sons dos distintos animais selvagens, tendo o seu pico mais alto, quando estamos completamente concentrados noutra situação e ouvimos o grunhido de um urso gigante e não sabemos onde este se encontra, restando-nos uma única opção, fugir amedrontados.

No campo da longevidade, os mais exigentes poderão considerar com alguma justeza o facto de ser quase sempre mais do mesmo, por exemplo, desbloquear a torre, conquistar o campo inimigo, encontrar a relíquia da zona, caçar animais para ficar com a pele e seguir para a missão principal e assim sucessivamente, mas o que mais poderíamos pedir. Far Cry é isto e para além disso, missões épicas como a de queimar uma plantação de erva com o auxilio de um lança chamas ou a destruição de uma base militar inimiga a bordo do um helicóptero, são de tal modo memoráveis que nos levam a olvidar esse aspeto.

Paralelamente ainda existe um modo multijogador e um modo cooperativo até quatro jogadores em simultâneo, aumentando um pouco mais a longevidade, onde o enredo é totalmente diferente do modo campanha, mas nenhum deles foi experimentado por mim

Se suma, Far Cry 3 elevou claramente a fasquia dos títulos antecessores e potenciou a um nível bastante alto, onde a sua história toca nos corações de qualquer um. É impossível abstrairmo-nos das emoções presentes neste título, sendo uma referencia. O mundo aberto é inesquecível e garante horas de exploração, caso queiramos completar a 100% todas as imensas interações que temos a nosso dispor. Nunca será perfeito porque a perfeição não existe, mas Far Cry 3 criou uma simbiose a roçar o perfeito, sendo altamente recomendado para todos, sejam fãs de jogos de tiro na primeira pessoa ou não.


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