Far Cry 3 surgiu em finais de 2012, mas ainda hoje e depois de tantas inovações no mundo dos videojogos, consegue absorver as atenções e transmitir sensações deveras positivas, e arrisco-me mesmo a afirmar que perante alguns títulos atuais, Far Cry 3 consegue-se bater olhos nos olhos.
A Ubisoft Montreal inovou e
introduziu elementos de RPG (role-playing game) num jogo de tiro na primeira
pessoa, como por exemplo, uma variadíssima árvore de habilidades, melhorias na
personagem através de pontos e até um mecanismo de “crafting”. Juntamente com tudo isto, ainda aumentou de forma
auspiciosa o tamanho do mapa em mundo aberto, transformando a ilha tropical e
paradísica de “Rook Island” num
ecossistema muito próprio que incluí densa vegetação, predadores mortíferos,
mercenários letais e um verdadeiro “Lord
of War”. Suficiente?
Nem por isso, pois os criadores
não se pouparam nos detalhes, sempre do agrado dos fãs, e contrariamente ao
algo criticado nesse aspeto, o antecessor Far
Cry 2, desta vez existe muito de tudo, seja exploração livre ,
escalamento de torres que desbloqueiam partes importantes do mapa, lutas
furtivas com animais selvagens, sobrevivência a guerrilhas inesperadas com os
mercenários que vagueiam pelo mundo aberto, fatídicos precipícios onde a mínima
falta de atenção revela-se fatal e buscas em locais sinistros na demanda da
descoberta de valiosas relíquias. E agora já chega?
Pois bem, juntamente a isto,
ainda falta referir uma história atrativa e intensa, bem ao bom estilo
Hollywoodesco, que nos prende do inicio ao fim, despertando sensações díspares,
amor, ódio, sentido de responsabilidade/paternidade, loucura/insanidade e
afinidade. Ufa!
O inicio do modo campanha
consegue imediatamente criar uma enorme empatia entre o jogador e o jogo, tal a
intensidade e veemência transmitida. A história centra-se numas férias de
sonho, de um grupo de familiares e amigos, que rapidamente vira um autêntico
pesadelo. Capturados pelos mercenários que controlam “Rook Island” e colocados em cativeiro. Jason Brody, personagem
principal e controlada por nós, tem com missão escapar e salvar todos os
membros do grupo. De imediato apercebemo-nos da loucura transcendente de Vaas,
um dos inimigos, um autêntico demente que distila insanidade, mas não está
sozinho. Hoyt Volker, o chefe de Vaas e líder de um vasto exército de
piratas que fazem do tráfico de pessoas as suas principais ações, vendo no
grupo de aventureiros uma boa oportunidade para faturar mais uns milhões com a
sua venda.
Aos poucos vamos assumindo uma
postura diferente, aliás porque a sua personagem não é de todo um soldado, mas
que pouco a pouco tem que assumir esse papel na procura dos seus amigos.
Sozinho e fragilizado, Jason Brody conhece Denis
Rogers que o ajuda a movimentar-se e a conhecer locais importante na
ilha. Mais tarde e já mais entrosado com o ambiente em nosso redor, somos
levados à presença de Citra, líder dos Rakyat
e irmã do insano Vaas, que em troca de
trabalhos realizados para ela, aceita auxiliar-nos na nossa tarefa principal.
Far Cry 3 possui como já
referido anteriormente um enorme e muito próprio ecossistema, repleto de vida
para além daquilo que gira em nosso redor, sendo ainda hoje considerado pelos
especialistas, um exemplo como um título em mundo aberto pode ser tão apelativo
e atrativo, sem perder o fio condutor da história principal. O facto de não
termos pressa em avançar a todo o custo para a próxima missão principal,
subjugando para secundário, desviando toda a atenção na exploração livre,
sempre na descoberta de novas situações, é o maior elogio que se pode tecer a
este título. Perder a noção do tempo é normal e quando chega a hora de desligar
a consola, a sensação que ficamos é que jogamos tanto e pouco avançamos, mas
foi muito gratificante, ficando sedentos de mais.
As missões, quer principais, quer
secundárias, apesar de terem todas o mesmo principio (acabar com os inimigos)
não são nada repetitivas e maçadoras, podendo ser concluídas de diversos modos,
ficando a nosso critério uma abordagem mais à “Rambo” aniquilando tudo
o que nos aparece à frente, ou optar por um modo mais furtivo eliminando um a
um os inimigos sem que estes se apercebam o que lhes acabou por acontecer, ou
um misto de ambos. Um detalhe delicioso, assim que entramos num acampamento
inimigo, alguns deles possuem animais ferozes enjaulados e se tivermos astúcia
suficiente para o libertar, só temos que nos esconder relaxadamente e
assistirmos a uma luta titânica entre a presa e os fugitivos inimigos.
Ao nosso dispor existe uma
panóplia de armamento, quase um pouco de tudo que possam imaginar, desde facas,
arcos, armas leves, ligeiras e pesadas, granadas dos mais diversos tipos,
minas, C4, e muito mais, tudo personalizável ao nosso gosto, podendo optar por inúmeros
apetrechos, entre os quais silenciadores, miras laser, carregadores com maiores
capacidades, entre outros.
A jogabilidade está bastante
aceitável e não é necessária nenhuma curva de aprendizagem exigente para
começar desde logo a jogar. A dificuldade das missões é exponencial,
inicialmente nada de muito complicado, mas com o avançar da ação torna-se mais
complexa.
Graficamente é claramente percetível
que estamos perante um jogo da geração anterior, mas se tivermos a consciência das
limitações próprias da data de lançamento, Far Cry 3 era do melhor que tinha
sido produzido na altura. Uma palavra muito especial e de elevação para os incêndios,
claramente bons no seu antecessor e escrevi na altura “nas chamas quando existe uma explosão ou incendio, que aliás está
extremamente bem conseguida pois as chamas não seguem uma linha reta, mas sim
espalham-se dinamicamente consoante as condições climáticas e geográficas ou os
detalhes da rica e diversificada vegetação presente nas selvas Africanas.”,
pois bem, neste ainda são bastante melhores.
A sonoplastia encontra-se dentro
do esperado e do que foi produzido anteriormente, sendo completamente inolvidável
o sotaque e expressões sonoras dos nossos vilões, Vaas e Hoyt,
bem como os diversos sons dos distintos animais selvagens, tendo o seu pico
mais alto, quando estamos completamente concentrados noutra situação e ouvimos
o grunhido de um urso gigante e não sabemos onde este se encontra, restando-nos
uma única opção, fugir amedrontados.
No campo da longevidade, os mais
exigentes poderão considerar com alguma justeza o facto de ser quase sempre
mais do mesmo, por exemplo, desbloquear a torre, conquistar o campo inimigo,
encontrar a relíquia da zona, caçar animais para ficar com a pele e seguir para
a missão principal e assim sucessivamente, mas o que mais poderíamos pedir. Far
Cry é isto e para além disso, missões épicas como a de queimar uma plantação
de erva com o auxilio de um lança chamas ou a destruição de uma base militar
inimiga a bordo do um helicóptero, são de tal modo memoráveis que nos levam a olvidar
esse aspeto.
Paralelamente ainda existe um
modo multijogador e um modo cooperativo até quatro jogadores em simultâneo, aumentando
um pouco mais a longevidade, onde o enredo é totalmente diferente do modo
campanha, mas nenhum deles foi experimentado por mim
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