De volta aos filmes e séries e desta vez a escolha recaiu em Alien: Planeta Terra, ou com o título original Alien: Earth, uma série da FX | hulu e Disney, que me diz muito, uma vez que é baseada do universo Alien, uma saga de filmes que fazem parte dos meus favoritos de todos os tempos.
INTRODUÇÃO
Atualmente a série é composta por apenas uma temporada, com 8 episódios e ainda não foi oficializada a respetiva continuação, contudo o seu final inconclusivo deixa as portas escancaradas para um eventual seguimento. Alien: Planeta Terra representa um marco importante para a franquia Alien pois pela primeira vez, a saga dos xenomorfos e das corporações interplanetárias é desdobrada num formato de televisão. Criada por Noah Hawley (Fargo ou Legion), a obra presta-se a explorar não apenas o horror clássico da criatura alienígena, mas também questões contemporâneas como a imortalidade, a hibridização humano-máquina e a natureza da consciência.
RESUMO
A trama de Alien: Planeta Terra ocorre dois anos antes dos acontecimentos do filme original de 1979, mais concretamente no ano 2120, num mundo onde a Terra e várias colónias humanas são dominadas por grandes corporações como Weyland Yutani, Prodigy Corporation, e outras. Neste contexto coexistem três categorias de seres humanos ou “pós-humanos”, os cyborgues (humanos com partes biomecânicas), os sintéticos (entidades robóticas com inteligência artificial) e os híbridos (seres sintéticos que contêm consciência humana), sendo as interações entre todos a base central de toda a história da série.
O enredo começa a desenrolar-se quando a nave espacial de investigação USCSS Maginot, pertencente à Weyland-Yutani, sofre um acidente e despenha-se na Terra, desencadeando uma cadeia de eventos que colocam em colisão a ciência, o horror alienígena e a ganância corporativa. A protagonista principal é Wendy (Sydney Chandler de Sugar ou Não Te Preocupes, Querida), o primeiro híbrido do seu tipo, cuja jornada pessoal se entrelaça com o destino da humanidade.
A série conta ainda com a participação de atores como Alex Lawther (Andor ou The End of the F***ing World), Samuel Blenkin (Mickey 17 ou Misper), Babou Ceesay (We Hunt Together ou Into the Badlands), Timothy Olyphant (Daisy Jones and the Six ou O Livro de Boba Fett), nos principais papéis.

A protagonista principal é Wendy (Sydney
Chandler)
OPINIÃO
Quem me conhece na intimidade, sabe perfeitamente que Aliens: O Recontro Final é um dos filmes que mais gosto e quando era mais novo vi, vezes sem conta, nas velinhas VHS, chegando mesmo a saber diversas falas de cor e salteado. Desde então, já vi praticamente tudo pertencente ao universo Alien, apesar de alguns filmes terem ficado um pouco a desejar. Mas isso é outra conversa!
Voltando atenções para Alien: Planeta Terra, um dos atributos mais sólidos é a audácia da premissa, uma vez que a ideia de explorar a "hibridação" humano-máquina, levantando questões sobre a imortalidade, a consciência e a identidade. A série arriscava-se a abandonar o tom “survival horror”, que é uma característica bem vincada do universo Alien, evoluindo para outros patamares até mais filosóficos. Por outro lado, a decisão de, pela primeira vez, colocar a ação no planeta Terra, poderia ser uma forma de alargar novos horizontes e outras formas de tensões sociopolíticas.
Visualmente e esteticamente, a produção alcança um nível elevado, ainda que na minha opinião tenha sido insuficiente em algumas situações, especialmente quando era possível visualizar o xenomorfo a movimentar-se, muito semelhante a uma locomoção humana, o que não ocorria nos outros filmes. Contudo, a fantástica interpretação da a personagem Wendy, proporciona um lado mais emocional e emotivo, permitindo ao espectador entrar num universo que, de outro modo, poderia ser demasiado abstrato ou frio, tornando a narrativa mais humana, não se perdendo num excesso de ideias sobre-humanas e alienígenas.
Contudo, a série não está isenta de pequenas imperfeições. Em primeiro lugar, o ritmo por vezes peca em ser demasiado lento, uma vez que a densidade de ideias resulta em episódios que parecem querer alongar em demasia, o que conduz a momentos de lentidão ou de dispersão narrativa. Em segundo lugar, a controvérsia da coerência interna e a gestão do legado da franquia. Sinceramente, senti por diversas ocasiões, que a série tenta “diluir” o mistério fundamental que fez o primeiro Alien funcionar, ou seja, a ameaça imponderável do ser alienígena deixa de ser o ponto fulcral da trama.
No fundo, Alien: Planeta Terra oferece uma experiência interessante, mas desvia-se claramente daquilo que proporcionou aos espetadores no passado. A abordagem de novos temas, pode não agradar aos fãs mais acérrimos da franquia, não deixando de ser uma abordagem corajosa e destemida. Por outro lado, a série consegue demonstrar que o universo Alien ainda tem potência criativa e comercial, mesmo tantos anos após o lançamento do primeiro filme.
A primeira temporada de oito episódios funcionou como uma espécie de “prova de conceito” e do ponto de vista comercial, sendo que os primeiros números são promissores, tendo inclusive ocupado o topo das tabelas de streaming, permitindo acreditar que há mercado para mais.
CONCLUSÃO
Em suma, Alien: Planeta Terra proporciona um regresso audacioso ao universo Alien. A série mistura terror, ficção científica, intriga e questões de identidade, sendo que a sua maior virtude é precisamente a ambição, uma vez que não tenta apenas repetir fórmulas do passado, mas sim reinterpreta-las.
Para os fãs do universo Alien é uma série obrigatória, para os restantes, especialmente aqueles que estão à espera de um terror mais clássico, onde a criatura é o centro das atenções, Alien: Planeta Terra poderá não agradar totalmente.


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