JOGOS: Flashback 2 | Análise

28.11.23

Recentemente tivemos acesso a mais um jogo, desta vez o Flashback 2, um título lançado mais de 30 anos depois do seu antecessor, o clássico Flashback disponibilizado para o saudoso Commodore Amiga e mais tarde convertido para outras plataformas.

Desenvolvido e publicado pela Microids, mas com a assinatura de Paul Cuisset, figura incontornável que ficou ligada diretamente ao primeiro título, tendo inclusive desempenhando funções de escrita e até alguma parte da própria programação, Flashback 2 é a sequela direta do seu predecessor, dando seguimento aos acontecimentos.

Por razões óbvias, temos que enquadrar os nossos leitores em determinados aspetos, antes de avançar propriamente para o artigo de opinião. Para os mais experientes no universo dos videojogos, certamente que são despertadas algumas memórias e sentimentos de nostalgia assim que leem o nome de Flashback, uma vez que na altura ficou famoso pelo grafismo, animações inovadoras e puzzles desafiantes, chegando a ser listado no Guinness World Records como o jogo francês mais vendido de todos os tempos (na época!). Os mais novos, certamente nunca ouviram do jogo e se forem pesquisar na internet sobre informações, certamente ficarão um pouco desiludidos com o que vão encontrar, porém necessitam de ter em mente que passaram mais de 30 anos, tudo evoluiu e atualmente a tecnologia está a um nível, obviamente, muito superior. Será que a Microids fez bem em trazer de volta á vida um título clássico, sobretudo tantos anos depois.

Será que a Microids fez bem em trazer de volta á vida um título clássico, sobretudo tantos anos depois.

A história ocorre no século XXII, onde a empresa United Works quer dar um passo em direção à sua expansão, porém o general Lazarus e a sua comitiva de extraterrestres não dão tréguas e ameaçam destruir toda a civilização. É neste cenário que entra em ação a personagem principal, Conrad Hart, o jovem agente do GBI (Galactic Bureau of Investigation), que tem como missão principal encontrar o paradeiro de Ian, cientista e amigo de longa data e ao mesmo tempo impedir a invasão dos Morphs, tentando perceber a razão dos seus intentos maléficos. Simples, precisa e direta, bem ao estilo dos datados anos 90!

E é no capítulo da jogabilidade que começam a surgir os primeiros contratempos. O controlo da personagem não é de todo amigável, requer um período de habituação e sobretudo de coordenação. Para além de nos descolarmos na horizontal, tal com o original, agora em Flashback 2 movimentamos Conrad Hart na profundidade, empurrando o analógico para cima e para baixo, consoante a direção pretendida, o que em determinadas ocasiões pode ser frustrante por não conseguir, por exemplo dar o salto para o local pretendido ou subir a respetiva plataforma. O mesmo acontece com a mira, assim que empunhamos a AISHA, a arma com uma espécie de IA, que faz um lock-on ao inimigo, mas para além de lento também não funciona assertivamente quando os opositores estão muito próximos ou em grupos muito numerosos.

O controlo da personagem não é de todo amigável e requer um período de habituação e sobretudo de coordenação.

A nível gráfico, Flashback 2 está bastante superior ao seu antecessor, obviamente! Ainda assim, ostenta inúmeras situações preocupantes e até algumas bastante caricatas, como o desaparecimento misterioso de personagens impedindo a progressão no jogo. Outros mais comuns, como sobreposição de inimigos ou incautos presos nos cenários, ou até mesmo alguns ângulos da camara que não possibilitam a visão desimpedida para a ação, só para citar alguns exemplos. Sinceramente, fico com a ideia que inicialmente o estúdio de desenvolvimento tentou fazer um remake integral do jogo, porém a meio detonou algum desnorte, acabando por apenas efetuar uma espécie de reciclagem do aspeto gráfico com ligeiros upgrades e ainda por cima, nada de deslumbrante e carismático. Pelo seu lado, os cenários estão bem caracterizados, sempre com aquela conotação cyberpunk e de ficção científica. Uma nota final de lamento para as cutscenes estáticas, algo que nos dias de hoje já não deveria ser possível!

Pelo seu lado, os cenários estão bem caracterizados, sempre com aquela conotação cyberpunk e de ficção científica.

A sonoplastia em Flashback 2, apesar de já ter experienciado algo bastante melhor noutros títulos, a mim particularmente agradou-me, sem contundo deslumbrar. As vozes das personagens estão bem conseguidas, apesar de aqui e ali, existir alguma repetição, os efeitos especiais dos tiros, explosões e afins, também estão a um nível razoável. No entanto, os sons ambientes dos locais onde a nossa personagem se encontra, por exemplo os laboratórios, as zonas mais futuristas e até mesmo a selva (sim, existem uma altura em que passamos por um local desse género), estão realmente apelativos e interessantes. O mesmo ocorre com a música ambiente, que aumenta de tom e intensidade, quando em alturas de combate e luta, transmitindo as sensações corretas.

Para concluir, não existem grandes motivos para nos aventurarmos mais do que uma vez em Flashback 2, até porque a questão da repetibilidade está bem patente no decorrer da aventura, ainda assim, o título contempla diversos finais. Por outro lado, a ausência do idioma português, quer nos menus do jogo, quer durante a cutscenes, é mais um motivo a lamentar profundamente, sobretudo nos dias de hoje, que os custos dessas traduções não são seguramente elevados.

No entanto, os sons ambientes dos locais onde a nossa personagem se encontrava, por exemplo os laboratórios, as zonas mais futuristas...

Em suma, Flashback 2 despertou sensações mistas, uma vez que por um lado permitiu recordar com saudade um passado nostálgico, por outro desapontou, pois merecia uma experiência mais interessante e aliciante. Demasiados pequenos problemas, quer de jogabilidade, quer de mecânicas de jogo e mesmo bugs entediantes, não permitem elevar o jogo a outro patamar que não a mediocridade.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas


 
 

  • Share:

Também poderá gostar de

0 comments