JOGOS: The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom | Análise

24.5.23

The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom foi anunciado pelos seus desenvolvedores, a Nintendo, na longínqua E3 2019. Despois de tantos anos e de muita ansiedade gerada aos numerosos e exigentes fãs do jogo, eis que chegou maio de 2023 e com ele o mais aguardado de todos os títulos.

Se recuarmos o tempo bem atrás, supostamente este desenvolvimento ia dar origem apenas a uma espécie de atualização ou DLC do The Legend of Zelda: Breath of the Wild, no entanto, tantas eram as ideias, que não foram incluídas nesse título, e a ambição em criar algo ainda mais impactante neste universo de Zelda, que o resultado só podia ser mesmo um jogo completo, com uma história inédita e imensos (mesmo incomensuráveis) motivos para voltar aos reinos de Hyrule.

The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom é a sequela direta de The Legend of Zelda: Breath of the Wild e de uma forma extremamente sucinta, mantêm diversos aspetos do seu antecessor, sobretudo na liberdade de movimentos no vasto mundo aberto de Hyrule, que, no entanto, foi expandido, permitindo uma “exploração vertical” (palavras do responsável do estúdio de desenvolvimento). Entenda-se por “exploração vertical”, a possibilidade de o jogador investigar os céus, repletos de pequenas ilhas flutuantes (Sky Islands), mas também obscuras cavernas (Depths), nas profundezas de locais inóspitos, guardando inúmeros segredos e mistérios por desvendar. Para concluir esta nota introdutória, a história segue os esforços de Link, a personagem principal, ajudando a princesa Zelda a impedir que Ganondorf devaste o imponente reino de Hyrule.

Rauru, um espírito de um Zonai que o presenteia com um braço especial

Direcionando atenções para a trama propriamente dito, o título dá natural sequência aos acontecimentos de BotW, cuja vitória de Link sobre Calamity Ganon permitiu que os habitantes de Hyrule dessem início à reconstrução das zonas destruídas e a uma nova era de paz e prosperidade, porém, estavam redondamente equivocados. Alguns anos depois, uma estranha e de origem desconhecida substância, começa a aparecer nas catacumbas por baixo do Castelo de Hyrule. Link e a princesa Zelda, apressam-se a investigar o sucedido e descobrem as ruínas de Zonai, que curiosamente relatam através de murais, a história de uma grande batalha. Intrigados, os dois continuam a percorrer as tenebrosas cavernas à procura de mais evidências, até que se deparam com uma sombria figura em estado mumificado. Essa figura é nada mais do que o maléfico Ganondorf, que subitamente desperta e através dos seus poderes, destrói a mítica Master Sword e corrompe o braço direito de Link. No meio da azáfama, Link e Zelda separam-se, sendo que a princesa é arrastada para o fundo da caverna e Link desmaia. Tempo depois, Link recupera os sentidos, mas não sabe onde se encontra, sendo surpreendido por Rauru, um espírito de um Zonai que o presenteia com um braço especial. Agora, cabe a Link descobrir o sucedido e o paradeiro da princesa Zelda.

No meio da azáfama, Link e Zelda separam-se, sendo que a princesa é arrastada para o fundo da caverna

Obviamente que estas poucas palavras que escrevi, são apenas uma sucinta introdução da história, porque claramente o fator surpresa é fundamental para a experiência ser o mais positiva possível e nem faz nenhum sentido, num artigo de opinião como este, relatar todos os factos concretos do que se irá passar no desenrolar da trama, mas sim apenas despertar a curiosidade, o que em The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom até faz pouco sentido, pois a fama do jogo, fala por si mesmo.

Como é seguramente do conhecimento geral, The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom é um jogo de ação-aventura, num mundo aberto imenso e repleto de vida, onde os jogadores desfrutam da exploração de Hyrule e especialmente as duas grandes e inovadores áreas, as Sky Islands e as Depths. Essa exploração é claramente obrigatória e necessária, de modo a encontrar itens essenciais para o progresso no jogo. Mas o grande epílogo dessa situação é a liberdade (verdadeiramente e sem objeções) que o jogador tem para atingir o objetivo que é proposto. Link dispõe de cinco poderes especiais, Ultrahand, Fuse, Ascend, Recall e Autobuild, que são conquistados numa etapa inicial do jogo e que funciona como uma espécie de tutorial, fundamental para aqueles que não jogaram o título antecessor, o BotW. Detalhando um pouco esses poderes, o Ultrahand permite elevar e rodar objetos, para depois anexa-los a outros, criando armas diferenciadas, veículos e até armadilhas. O Fuse dota Link da habilidade de fundir materiais, aumentando a capacidade e durabilidade, por exemplo a escudos e armas. O Ascend permite que Link consiga teletransportar-se para locais elevados, através de superfícies sólidas. O Recall pode ser usado para voltar atrás um movimento realizado por um objeto, uma espécie de “rewind”. O Autobuild recria instantaneamente um equipamento criado através do Ultrahand, constando um dispositivo Zonai.

The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom é um jogo de ação-aventura, num mundo aberto imenso e repleto de vida, onde os jogadores desfrutam da exploração de Hyrule

Uma vez munido desses poderes, Link é capaz de quase tudo. A liberdade é tanta que certamente passarão horas (mesmo muitas) só a tentar recriar a mais louca das experiências. Se efetuarem uma pesquisa rápida na Internet, ficarão completamente siderados com as criativas construções concebidas por outros jogadores. O nível é mesmo louco e insano, deixando bem patente o esforço por parte do estudo de desenvolvimento, em proporcionar ao jogador uma experiência inovadora e tremendamente aliciante. Ainda na vertente exploratória, Link pode movimentar-se em Hyrule de díspares formas, desde o trivial caminhar/correr, a escalar montanhas e terrenos mais íngremes, ou a voar recorrendo ao parapente ou então a galopar num belo cavalo.

Posto isto, entra em cena um não problema (ou para muitos, realmente verdadeiramente um problema), uma vez que o mundo é tão vasto, amplo e completo, que facilmente nos distraímos do objetivo. Por outras palavras, o jogador na sua ação de explorar ou pelo simples facto de se deslocar no mapa, é brindado amiudamente com pontos de interesse ou inimigos desafiadores ou itens para recolher e num ápice já se está a desviar do local para onde se descolava. E mais, quando olhamos para o relógio, aferimos que já passaram muitas horas, ficando com a insólita sensação de frustração, pois pouco ou nada de concreto conseguimos realizar. Pode ser, efetivamente um não problema, pois aumenta exponencialmente a longevidade do jogo, que é indubitavelmente um dos seus pontos bem fortes, uma vez que seguramente necessitarão de muitas (muitas, muitas) horas de jogo para completar a Main Story e todos os seus extras.

A liberdade é tanta que certamente passarão horas (mesmo muitas) só a tentar recriar a mais louca das experiências

Relativamente ao grafismo, confesso que fiquei com um misto de sensações. Por um lado, é um dado adquirido que o hardware da consola Nintendo Switch não pode ser comparado com as restantes plataformas e este título aproveita todos os recursos existentes, por isso comparações com os outros títulos, de outras consolas, cujo grafismo é mais realista e detalhado, são completamente injustas. Por outro lado e num plano inicial, fiquei um pouco apreensivo, pois as semelhanças com o antecessor (desenvolvido há mais seis anos atrás) são por demais evidentes. Ainda assim, estava à espera de algumas circunstanciais inovações e melhoramentos nessa vertente, tendo sempre em mente as limitações do hardware, o que não ocorrem, sobretudo na etapa inicial do jogo. Essa sensação vai sendo paulatinamente desanuviada, essencialmente quando começamos a investigar o subsolo, através das sua medonhas cavernas. Aí sim, apesar de ser mantida a marca bem característica de The Legend of Zelda, variadíssimas inovações vão sendo pouco a pouco descobertas. E sim, o jogo está extremamente bem polido e otimizado, não defraudando as expetativas, sendo realmente essencial assinalar esse desidrato, parabenizado os desenvolvedores, pois conseguiram fazer muito e bom, com um hardware extremamente limitado.

Aí sim, apesar de ser mantida a marca bem característica de The Legend of Zelda, variadíssimas inovações vão ser pouco a pouco descobertas

Para concluir este artigo de opinião, que até já está bastante mais longo do que o habitual e ainda assim, seguramente muitas coisas ficaram obviamente por escrever, resta-me acrescentar o aspeto que maior desilusão me causou e seguramente a tanta gente por esse mundo fora. Depois existir em alguns títulos da própria Nintendo, é completamente frustrante constatar que o idioma português ainda não se encontra incluído em The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom. Um título desta dimensão poderia e deveria acautelar essa situação, sendo que a consternação sobe de tom, sobretudo se verificarmos que, por exemplo, a língua neerlandesa está inclusa! De lamentar!

o Ultrahand permite elevar e rodar objetos, para depois anexa-los a outros, criando armas diferenciadas, veículos e até armadilhas

Em suma, The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom é um título completamente obrigatório, daqueles que só por si, vendem consolas. A liberdade proporcionada é realmente algo impressionante, sendo possível atingir o mesmo objetivo de variadíssimas formas. Não se limita a evoluir os (muitos) pontos fortes do seu antecessor, brindando o jogador com novas mecânicas e um número infindável de novos locais a descobrir e desvendar. Ponto negativo para a não presença do idioma de Portugal.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas


 
 

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