JOGOS: Martha is Dead | Análise

8.3.22

Recentemente tivemos acesso a mais um título, Martha is Dead, desenvolvido pelos estúdios italianos LKA e publicado pela Wired Productions.

Martha is Dead é um jogo de terror/horror psicológico na primeira pessoa, cujo o seu lançamento esteve envolto em alguma celeuma, uma vez que os estúdios de desenvolvimento foram obrigados a censurar partes da sua história e mesmo a cortar pedaços de gameplay, para que o jogo fosse autorizado a ser publicado nas consolas da Sony. As versões para PC e Xbox não foram afetadas.

Esmiuçando essa controversa questão, por um lado podemos realmente considerar um percalço importante no ato do lançamento, uma vez que a PlayStation representa incontornavelmente uma parte significativa do universo dos videojogos, por outro lado, publicidade é sempre publicidade e quer queiramos, quer não, o nome Martha is Dead foi referido um pouco em todo o mundo, suscitando a curiosidade de muitos, atrevendo-me mesmo a afirmar que até bastantes indivíduos, que nem sequer tinham interesse em experimentar o título, só o fizeram devido a esse facto.

Perante esta pequena introdução e considerando os rantings de 18+ no PEGI e Mature 17+ no ESRB, ficam desde já alertados que o conteúdo presente no título pode muito bem ferir a suscetibilidade dos mais sensíveis.

conteúdo presente no título pode muito bem ferir a suscetibilidade dos mais sensíveis

A história de Martha is Dead ocorre no ano de 1944 em Itália e narra as vivências de duas irmãs gémeas, Giulia e Martha, em pleno conflito da Segunda Guerra Mundial. Martha acaba mesmo por ser assassinada e a sua morte origina um pesar enorme e um sentimento de culpa a Giulia, que não consegue viver bem com ela mesma. Para além de ter que enfrentar a dor e o sofrimento da perda da sua irmã, Giulia precisa de superar o trauma infernal de uma guerra, no entanto, mesmo num cenário dantesco e catastrófico, parte em busca de respostas e sobretudo da verdade.

A história de Martha is Dead ocorre no ano de 1944 em Itália...

 A jogabilidade é bastante simples e acessível, em parte até demasiado limitadora, uma vez que consiste na maior parte do tempo em caminhar e explorar locais inóspitos, com o auxilio de uma camara fotográfica, na procura incessante de pistas que possam eventualmente esclarecer as causas da morte da sua irmã. Em determinados segmentos do jogo também existe a necessidade de interagir com objetos e partes dos cenários, numa espécie de resolução de quebra-cabeças, mas sinceramente senti algumas dificuldades em perceber o pretendido. E basicamente é isto, ou seja, os mais céticos afirmarão que se trata de um género de simulador de exploração, mas com pouca exploração.

Em determinados segmentos do jogo também existe a necessidade de interagir com objetos...

Não posso deixar de referir que nessa vertente existe uma particularidade interessante, sobretudo inicialmente, no entanto com o desenrolar da trama acaba por se tornar ligeiramente enfadonha e aborrecida. Estou a falar do completo estúdio de revelação fotográfico existente no jogo, que explica detalhadamente todo complexo o processo, desde a escolha do rolo, a lente, a focagem e por aí fora, até mesmo ao método para revelar as fotografias. 

completo estúdio de revelação fotográfico existente no jogo, que explica detalhadamente todo complexo o processo

Voltando atenções diretamente para o tema, devo esclarecer que não devem esperar por aquela forma trivial de terror, como os tão famosos jumpscares, apesar de serem inevitáveis em determinadas ocasiões. Em Martha is Dead o horror está bem patente na forma como é abordada a morte de Martha, o cenário envolto, o mistério por detrás dessa situação e nas cenas sangrentas e perturbadoras, no fundo o terror mais psicológico. É claramente visível que a mente de Giulia está afetada pelos fúnebres e tenebrosos acontecimentos, levando-a revelações conotadas com elementos sobrenaturais, gerando confusão e perca de discernimento.

Graficamente, Martha is Dead está realmente bem construído, recriando na perfeição a Itália dos anos 40, repleta de minuciosos detalhes que nos conseguem transmitir as sensações corretas. Nesse aspeto, os louvores e os méritos desse desígnio têm que ser atribuídos porque o trabalho está realmente bem elaborado e completo. Sendo o mais sincero possível, acredito piamente que o estúdio de desenvolvimento uniu mais esforços na conceção da base, da estrutura do jogo em detrimento da jogabilidade, mas é apenas a minha humilde opinião. 

Martha is Dead está realmente bem construído, recriando na perfeição a Itália dos anos 40

A complementar toda a experiência, a sonoplastia está realmente adequada para o espaço temporal da história, apresentando banda sonora profunda, evocativa e ambiental, com colaborações dos Aquasonic e Aseptic Void, já com provas dados em outros títulos. Para terminar, resta-me indicar que o jogo contempla a presença do idioma português, ainda que na sua versão do brasil.

Resumindo, Martha is Dead não é um jogo unanime, uma vez que aborda temas sensíveis e complexos. É apenas indicado para aqueles que gostam de experiências relacionadas com o terror/horror psicológico e com coração resistente, uma vez que possui realmente algumas situações bastante perturbadoras.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.


 
 

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