JOGOS: Have A Nice Death | Análise

12.4.23

Have A Nice Death, um jogo com um nome no mínimo indiscreto, foi o mais recente título a chegar à nossa redação, na sua versão de Nintendo Switch, desenvolvido pelos estúdios Magic Design Studios e publicado mundialmente pela Gearbox Publishing.

O jogo é descrito pelos seus desenvolvedores como um roguelike de ação 2D, onde o jogador assume o papel da personagem Death, o CEO da Death Incoporated, que se encontra à beira de um esgotamento! Os seus melhores funcionários e chefes de cada departamento da empresa, conhecidos como Sorrows, outrora empregados exemplares na hora de recolher as almas, encontram-se no período difícil e complicado, deixando muito do trabalho burocrático para Death, estragando os seus planos para umas férias tranquilas. Agora cabe a Death colocar as coisas em ordem, mostrado a todos quem é o boss e restaurar o equilíbrio da Death Incoporated.

O jogo é descrito pelos seus desenvolvedores como um roguelike de ação 2D, onde o jogador assume o papel da personagem Death, o CEO da Death Incoporated

A jogabilidade de Have A Nice Death é bastante semelhante a outros títulos pertencentes ao mesmo segmento, e num olhar muito rápido, as comparações com os aclamados Hollow Knight ou Ori and the Blind Forest, são por demais evidentes. Cada departamento que Death irá percorrer, num total de sete e progressivamente mais complexos, possuem o seu estilo bastante particular, assim como o próprio tipo das criaturas, fazendo com que todos os níveis sejam únicos e diversificados. Neste tipo de jogos é fundamental que os movimentos e o combate sejam bastante fluídos, sendo que isso realmente ocorre em Have A Nice Death. Cada ataque, cada movimento, cada esquiva, são todos realizados de uma forma suave e agradável, que resulta assertivamente, tornando uma experiência enriquecedora e satisfatória.

Para o auxiliar na sua demanda, a personagem principal tem ao seu dispor um autêntico arsenal de armas, que variam entre as mais inusitadas e as mais comuns, como por exemplo, espadas, martelos, kunais ou punhais, ou até mesmo lançadores de rockets, para além da fiel e bastante tradicional foice da morte, que funciona como uma espécie de arma básica. Depois podemos optar por diversas armas secundárias, que complementam o poder de ataque. Death pode também recorrer ao Pit Book que inicialmente pode parecer bastante simples e de aparência enganosa, porém as suas páginas contêm uma vasta gama de feitiços devastadores, que utilizados no momento certo, podem muito bem ser fundamentais para o sucesso. Tudo conjugado, resulta num impressionante conjunto de capacidades, habilidades e truques, para que Death cumpra os seus objetivos. Para escolher entre a vasta quantidade de armas disponíveis, temos que coletar a moeda do jogo, conhecida como ingots, que podem ser encontrados ao longo do jogo e/ou obtidos através do nosso desempenho.

tem ao seu dispor um autêntico arsenal de armas, que variam entre as mais inusitadas e as mais comuns, como por exemplo, espadas, martelos, kunais ou punhais, ou até mesmo lançadores de rockets

Avançando para a questão da longevidade, um tema sempre ambíguo que em Have A Nice Death também se verifica, posso avançar que para concluir o Main Story não deverá ser necessário mais do que 9 a 10 horas de jogo. Ainda assim, os extras conferem mais tempo de vida útil ao jogo e sobretudo a possibilidade de repetir níveis recorrendo a habilidades díspares, aumentam exponencialmente a sua longevidade. Por outro lado, os departamentos da Death Incoporated são compostos por cinco curtos níveis, mais um confronto com o boss, no entanto, como são gerados processualmente, dão a sensação (ainda que muto ligeira) de serem diferentes, aumentando a vontade de os voltar a jogar.

Por outro lado, a dificuldade, algo exagerada em determinados confrontos, pode ser um grande entrave, sobretudo aos menos habituados aos roguelikes. Tal como outros títulos, Have A Nice Death tem uma curva de aprendizagem inicial, que por sinal é bastante acessível, no entanto, senti que é demasiado extremista, pois enfrentar os inimigos comuns e triviais é realmente simplista, ao passo que o combate contra os bosses mais robustos pode chegar a ser exageradamente desafiante.

a dificuldade, algo exagerada em determinados confrontos, pode ser um grande entrave, sobretudo aos menos habituados aos roguelikes

A direção de arte de Have A Nice Death está simplesmente incrível e merece completamente todo o destaque, uma vez que parece mesmo que tudo foi desenhado à mão. Os tons de preto e cinzento escuro são uma constante, conferindo um ambiente taciturno e sombrio, com não poderia deixar de ser, uma vez que se trata de um jogo sobre a morte. Ainda assim, sobretudo durante os combates, a obscuridade predominante é salpicada com uns tons mais garridos quando são aplicados os golpes. Todo o desgin das personagens, como do próprio cenário, está a um nível bastante alto, assim como as movimentações, animações e tudo o que dá vida ao título. Esse excelente trabalho a nível gráfico, é superiormente complementado com uma enriquecedora banda sonora e efeitos auditivos, repletos de tons fantasmagóricos, muito a lembrar algo semelhante a The Addams Family.

E o humor, o que escrever sobre o humor negro (como também não poderia deixar de ser) bem refinado e sarcástico. Aqui o estúdio de desenvolvimento também acertou em cheio, demonstrando ser possível criar algo bastante agradável, sem recorrer a dispendiosos voice actors e afins, bastando investir numa fantástica criatividade.

A direção de arte de Have A Nice Death está simplesmente incrível e merece completamente todo o destaque

Para concluir, resta-me indicar uma situação que considero menos positiva, os tempos de carregamento, talvez por causa da plataforma (Nintendo Switch) onde Have A Nice Death foi jogado e que serviu de base para este artigo de opinião. Ainda assim e apesar das evidentes limitações técnicas da consola nipónica, já experienciamos títulos mais robustos e onde essa situação não se verificava, portanto só poderá ser algo relacionado com uma má gestão da otimização do código do jogo. No entanto, apesar de frustrante, não é algo que arruíne por completo a experiência, mas retira-lhe obviamente algum potencial.

Em suma, Have A Nice Death foi uma surpresa bastante agradável, que no geral superou as expetativas iniciais. É um sólido título no seu segmento, que pode perfeitamente rivalizar com os jogos que atingiram os patamares mais superiores. Os demorados tempos de carregamento foram dos poucos aspetos menos positivos.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas


 
 

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