JOGOS: Wild Hearts | Análise

8.3.23

Wild Hearts foi o mais recente título que tivemos acesso, na sua versão de PlayStation 5, um RPG de ação, desenvolvido pela Omega Force e publicado pela Electronic Arts, onde o jogador tem o objetivo de caçar monstros em Azuma, uma localidade fictícia inspirada no período feudal do Japão.

Logo de caras e muito repentinamente, é impossível não tecer comparações com o popular título da Capcom, Monster Hunter, cuja a premissa é basicamente a mesma. Atualmente, é amiúde que os estúdios de desenvolvimento encontrem inspiração noutros jogos, sobretudo os que alcançaram muito sucesso, porém, o risco de falharem ou apresentarem propostas repetitivas, pode originar o fracasso. Será que Wild Hearts conseguiu quebrar esse estigma?

Iniciando pela trama, Wild Hearts apresenta Azuma, um reino onde gigantes criaturas, denominadas Kemono, que outrora habitavam pacificamente e em harmonia com a população local, subitamente tornaram-se perigosas e enfurecidas. O cenário perfeito para a chegada de um caçador anónimo, a nossa personagem jogável e totalmente personalizável, vindo de terras mais distantes e trazendo com ele o intuito de deter a rebelião dos dantescos e ferozes monstros. Apesar de não ser uma história transcendente, repleta de volte-faces que faria inveja aos grandes filmes hollywoodescos, cumpre positivamente os seus intentos. Bem ao estilo oriental, os diálogos estão cheios de opções para o jogador selecionar a que ache mais oportuna e depois da conversa, onde normalmente são introduzidas novas mecânicas ou técnicas, partimos destemidos para a caça.

À medida que nos aventuramos no mundo extenso e encoberto pela vegetação, depressa apercebemo-nos de vida, o que nem sempre é um bom sinal, pois o perigo anda à solta. Quando na presença de uma criatura, é necessário fazer uso de todos os meios à disposição para sermos bem-sucedidos no objetivo. Para tal, o jogador tem à disposição um variado arsenal de armas, mais concretamente oito tipos diferentes, incluindo algumas bem curiosas, como a wagasa, uma espécie de guarda chuva oriental com a capacidade de bloquear os fortes ataques dos incautos e a katana que pode estender de tamanho, infligindo golpes devastadores. Isto só para citar alguns exemplos e para não arruinar a sensação de surpresa, quando descobrirem as restantes.

Quando na presença de uma criatura, é necessário fazer uso de todos os meios à disposição para sermos bem-sucedidos no objetivo

Ainda no plano do armamento, Wild Hearts introduz uma mecânica bastante interessante e apelativa, as Karakuri. O jogador pode construir itens bélicos para o auxiliar nas batalhas. Confusos? Na verdade, é bastante descomplicado. Tratam-se de construções, normalmente de enormes proporções e dimensões, que simplesmente atacam de díspares formas as ferozes criaturas. A título exemplificativo, é possível construir estruturas afiadas, que caem em cima do monstro, quando este passa por baixo de um mecanismo ou estruturas que arremessam tochas de fogo em direção ao hostil. De salientar que considero uma mecânica realmente interessante e que confere ao jogo uma funcionalidade original, afastando-o ligeiramente da concorrência, pelo menos nesse aspeto.

Ainda no plano do armamento, Wild Hearts introduz uma mecânica bastante interessante e apelativa, as Karakuri.

E os kemonos, será que existem palavras para os descrever? Bem vou tentar. Efetivamente são animais enormes, agressivos e superpoderosos! O seu nível de QI não é de todo baixo e os padrões de movimento e ataque não são nada simples de memorizar. Porém, como quase tudo na vida, possuem fraquezas, sendo aí que entra em ação a destreza do jogador, aliado claro às capacidades do protagonista. A sensação que fiquei depois de lutar estoicamente com as horrendas criaturas, é que a razão do sucesso reside essencialmente na esquiva, ainda que obviamente seja necessário atacar. Porém, quanto mais cedo dominarmos esse movimento evasivo, mais perto ficamos de aniquilar o monstro e sermos consagrados como o melhor caçador. Equilibrar o equipamento, entre arma e armadura, ajustar o karakuri às características da criatura e esquivar no momento certo, para contra-atacar assertivamente, são sem dúvidas os ingredientes certos para levar de vencida qualquer besta que se atravesse no nosso caminho. Ah! E quase me esquecia, nas batalhas é possível solicitar coadjuvo de outros jogadores online, bem ao estilo de outros títulos.

E os kemonos, será que existem palavras para os descrever? Bem vou tentar. Efetivamente são animais enormes, agressivos e superpoderosos!

O modo campanha, aquele em que principalmente centramos as atenções e que serviu de base para este artigo de opinião, é relativamente satisfatório. Sim, relativamente, pois esperava um pouco mais, sobretudo depois de encarnar o espírito certo para abordar Wild Hearts. Confesso que o título requer uma curva de aprendizagem um pouco acentuada, mas depois de perceber o seu conceito, só queremos caçar bestas, mais e mais. Ainda assim, algumas missões são demasiado repetitivas e envolvem encontrar o cadáver de um morador local vítima de um Kemono, ou impedir um desastre natural cuja responsabilidade pertence a uma dessas bestas primordiais.

Voltando atenções para o ambiente gráfico, Wild Hearts muito sinceramente, ficou, na minha opinião abaixo do razoável. Não quero afirmar com isto que o título tenha mau aspeto e seja datado. Considero apenas que tinha potencial para muito mais, porém não conseguiu chegar de todo a esse desígnio. Posições da câmara contraditórias onde era impossível ver a totalidade do adversário, bugs visuais e erros de renderização, são alguns acontecimentos vividos durante a experiência. Atualmente o hardware dos equipamentos permite altos voos e fico com a sensação que os estúdios responsáveis não tiveram tempo suficiente para otimizar o grafismo. Será? Fica a pergunta no ar.

Considero apenas que tinha potencial para muito mais, porém não conseguiu chegar de todo a esse desígnio

Uma última menção para a sonoplastia, que me transmitiu precisamente as mesmas sensações que o grafismo, ou seja, não possui uma estrondosa banda sonora e efeitos sonoros, aliás alguns até se afiguraram bastante incomodativos, mas também não desilude completamente. Digamos que cumpre os propósitos, sem deslumbrar, ainda que tivesse potencial para ser atingir outro nível.

Resumindo, Wild Hearts revelou ser, no seu todo, uma simpática surpresa, ainda que pudesse ter atingido um nível mais elevado. Os karakuri são uma excelente mecânica e conferem à experiência um dinamismo bastante meritório. Algumas falhas gráficas e sonoras que certamente serão corrigidas no futuro.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas


 
 

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