Dreams é a mais recente obra
lançada em exclusivo para a plataforma PlayStation 4 e que para além de
proporcionar momentos divertidos tem a particularidade de ser uma ferramenta criativa
para aqueles que pretendem fazer conceções da sua autoria, mas já lá vamos.
Desenvolvido pela Media
Molecule, estúdio britânico responsável por títulos bem conhecidos do
universo de videojogos, como por exemplo, LittleBigPlanet ou Tearaway
Unfolded e publicado pela Sony Interactive Entertainment, Dreams
foi disponibilizado ao público no passado dia 14 de fevereiro de 2020 ostentando
uma espécie de slogan que resume na
perfeição aquilo que o título nos tem a oferecer, “Jogar, Criar e Partilhar”.
Podemos dividir Dreams
em três grandes partes, Art’s Dream, Dream Shaping e Dream
Surfing, e é exatamente aqui que o jogador irá começar a perceber em
que área se enquadra melhor. Em Art’s Dream, o modo que mais se assemelha
à tradicional campanha ou história de um título normal, o jogador irá percorrer
diversos géneros de jogo que para além da diversão que proporcionam, tem um
objetivo bem delineado pela equipa de desenvolvimento, ou seja, demonstrar o
todo o poder e capacidades que Dreams consegue granjear. Dream
Shaping é o local onde o jogador irá aprender a conceber as suas
próprias obras, estando muito bem documentado através de completas e bem
estruturadas “masterclasses” que não
deixam nada por abordar. Finalmente em Dream Surfing o jogador pode
facilmente aceder a uma panóplia crescente de conteúdo desenvolvido por outros
utilizadores, podendo jogar, classificar, recomendar e até procurar inspiração
para desenvolver os nossos futuros trabalhos.
Pois bem, nesta altura deverão estar
com algumas questões na vossa cabeça (tal com eu estava antes de me aventurar
nesta experiência), sobretudo aquela principal que todos a colocam, Dreams
será mesmo um jogo? Sinceramente e depois de algumas largas horas a absorver
toda a imensidão de informação que nos é disponibilizada, consigo ter uma
opinião formada. Para mim, Dreams está muito mais próximo de
uma plataforma de desenvolvimento do que propriamente um jogo. A quantidade
extensa de ferramentas que é disponibilizada ao utilizador para que este
consiga por em prática aquilo que imagina é mesma insana e por mais incrível que
possa parecer, é realmente simples a sua utilização, bastando ter alguma paciência
e vontade de aprender. Contudo, esta ideia de permitir ao utilizador criar a
sua própria experiência, seja ela a mais simples animação ou o mais complexo dos
jogos, pode afastar ligeiramente o utilizador mais comum, uma vez que a maioria
das pessoas tem a noção que o desenvolvimento é demasiado complexo.
Mas é precisamente aqui que Dreams
começa a ganhar os seus primeiros pontos, pois acreditem que as mecânicas de
construção são bastante acessíveis e acima de tudo, estão todas bem esclarecidas,
no entanto, confesso que a curva de aprendizagem não é propriamente linear,
sendo necessário estarmos mentalizados para um período inicial onde temos que
ser ouvintes antes de pormos as mãos na massa.
Para nos auxiliar na experiência,
existe um pequeno cursor animado de nome Imp que nos guia durante o processo
de criação, que pode ser movimentado através do comando tradicional DualShock
4 ou recorrendo ao PlayStation Move, que já é sobejamente
conhecido dos amantes dos videojogos. Confesso que sou mais fã do comando tradicional,
ainda que possa adiantar que a experiência fica mais rica e completa ao usarem
o Move,
mas aqui fica ao gosto de cada um.
Depois de finalizada a nossa
criação, podemos recorrer ao repositório de experiências apelidado
carinhosamente de “Dreamiverse” e partilhar com orgulho o nosso trabalho, de modo
que outros jogadores possam experimentar e se assim entenderem, podem atribuir
uma pontuação e até mesmo recomenda-lo a outros utilizadores. Obviamente que se
for do nosso agrado, também podemos apenas recorrer ao “Dreamiverse” para
jogar/apreciar criações de outras pessoas e “premiar”
os mais criativos ou aqueles que acharmos mais interessantes, não sendo
obrigatório produzirmos qualquer conteúdo para termos acesso a essa espécie de
repositório.
Para concluir a minha opinião
sobre Dreams, resta-me escrever sobre as componentes habituais de um
título, ou seja, a jogabilidade, o grafismo, som/banda sonora e longevidade. Se
já jogaram alguns dos títulos produzidos pela Media Molecule,
nomeadamente aqueles que referi acima, já podem ter uma noção do vão encontrar
em Dreams,
uma jogabilidade característica de títulos de plataformas, um grafismo colorido
e imensamente detalhado e uma sonoplastia cuidada e bem trabalhada que contempla
perfeitamente toda a experiência. No campo da longevidade, irá depender do espirito
que o jogador abraçar o projeto, pois se formos mais casuais e quisermos apenas
jogar as criações de outros elementos, podemos disfrutar de alguns minutos agradáveis,
no entanto, se tencionamos criar alguma coisa com pés e cabeça, certamente podemos
usufruir de Dreams durante largos períodos de tempo. Resta-me congratular a existência
do idioma português quer na linguagem dos menus como nas vozes dos atores e
está a um nível excelente, o que é claramente uma mais valia no Dreams.
Em suma, sinceramente não sei se Dreams
pode ser apelidado de jogo e nem sei tão pouco se essa é a intenção dos seus
criadores, no entanto, de uma forma ou outra, ou seja, sendo criador ou apenas
jogador, estão garantidos momentos de boa disposição e alguma surpresa.
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