JOGOS: Dreams | Análise

27.2.20


Dreams é a mais recente obra lançada em exclusivo para a plataforma PlayStation 4 e que para além de proporcionar momentos divertidos tem a particularidade de ser uma ferramenta criativa para aqueles que pretendem fazer conceções da sua autoria, mas já lá vamos.

Desenvolvido pela Media Molecule, estúdio britânico responsável por títulos bem conhecidos do universo de videojogos, como por exemplo, LittleBigPlanet ou Tearaway Unfolded e publicado pela Sony Interactive Entertainment, Dreams foi disponibilizado ao público no passado dia 14 de fevereiro de 2020 ostentando uma espécie de slogan que resume na perfeição aquilo que o título nos tem a oferecer, “Jogar, Criar e Partilhar”.

Podemos dividir Dreams em três grandes partes, Art’s Dream, Dream Shaping e Dream Surfing, e é exatamente aqui que o jogador irá começar a perceber em que área se enquadra melhor. Em Art’s Dream, o modo que mais se assemelha à tradicional campanha ou história de um título normal, o jogador irá percorrer diversos géneros de jogo que para além da diversão que proporcionam, tem um objetivo bem delineado pela equipa de desenvolvimento, ou seja, demonstrar o todo o poder e capacidades que Dreams consegue granjear. Dream Shaping é o local onde o jogador irá aprender a conceber as suas próprias obras, estando muito bem documentado através de completas e bem estruturadas “masterclasses” que não deixam nada por abordar. Finalmente em Dream Surfing o jogador pode facilmente aceder a uma panóplia crescente de conteúdo desenvolvido por outros utilizadores, podendo jogar, classificar, recomendar e até procurar inspiração para desenvolver os nossos futuros trabalhos.


Pois bem, nesta altura deverão estar com algumas questões na vossa cabeça (tal com eu estava antes de me aventurar nesta experiência), sobretudo aquela principal que todos a colocam, Dreams será mesmo um jogo? Sinceramente e depois de algumas largas horas a absorver toda a imensidão de informação que nos é disponibilizada, consigo ter uma opinião formada. Para mim, Dreams está muito mais próximo de uma plataforma de desenvolvimento do que propriamente um jogo. A quantidade extensa de ferramentas que é disponibilizada ao utilizador para que este consiga por em prática aquilo que imagina é mesma insana e por mais incrível que possa parecer, é realmente simples a sua utilização, bastando ter alguma paciência e vontade de aprender. Contudo, esta ideia de permitir ao utilizador criar a sua própria experiência, seja ela a mais simples animação ou o mais complexo dos jogos, pode afastar ligeiramente o utilizador mais comum, uma vez que a maioria das pessoas tem a noção que o desenvolvimento é demasiado complexo. 

Mas é precisamente aqui que Dreams começa a ganhar os seus primeiros pontos, pois acreditem que as mecânicas de construção são bastante acessíveis e acima de tudo, estão todas bem esclarecidas, no entanto, confesso que a curva de aprendizagem não é propriamente linear, sendo necessário estarmos mentalizados para um período inicial onde temos que ser ouvintes antes de pormos as mãos na massa.
Para nos auxiliar na experiência, existe um pequeno cursor animado de nome Imp que nos guia durante o processo de criação, que pode ser movimentado através do comando tradicional DualShock 4 ou recorrendo ao PlayStation Move, que já é sobejamente conhecido dos amantes dos videojogos. Confesso que sou mais fã do comando tradicional, ainda que possa adiantar que a experiência fica mais rica e completa ao usarem o Move, mas aqui fica ao gosto de cada um.


Depois de finalizada a nossa criação, podemos recorrer ao repositório de experiências apelidado carinhosamente de “Dreamiverse” e partilhar com orgulho o nosso trabalho, de modo que outros jogadores possam experimentar e se assim entenderem, podem atribuir uma pontuação e até mesmo recomenda-lo a outros utilizadores. Obviamente que se for do nosso agrado, também podemos apenas recorrer ao “Dreamiverse” para jogar/apreciar criações de outras pessoas e “premiar” os mais criativos ou aqueles que acharmos mais interessantes, não sendo obrigatório produzirmos qualquer conteúdo para termos acesso a essa espécie de repositório.

Para concluir a minha opinião sobre Dreams, resta-me escrever sobre as componentes habituais de um título, ou seja, a jogabilidade, o grafismo, som/banda sonora e longevidade. Se já jogaram alguns dos títulos produzidos pela Media Molecule, nomeadamente aqueles que referi acima, já podem ter uma noção do vão encontrar em Dreams, uma jogabilidade característica de títulos de plataformas, um grafismo colorido e imensamente detalhado e uma sonoplastia cuidada e bem trabalhada que contempla perfeitamente toda a experiência. No campo da longevidade, irá depender do espirito que o jogador abraçar o projeto, pois se formos mais casuais e quisermos apenas jogar as criações de outros elementos, podemos disfrutar de alguns minutos agradáveis, no entanto, se tencionamos criar alguma coisa com pés e cabeça, certamente podemos usufruir de Dreams durante largos períodos de tempo. Resta-me congratular a existência do idioma português quer na linguagem dos menus como nas vozes dos atores e está a um nível excelente, o que é claramente uma mais valia no Dreams.

Em suma, sinceramente não sei se Dreams pode ser apelidado de jogo e nem sei tão pouco se essa é a intenção dos seus criadores, no entanto, de uma forma ou outra, ou seja, sendo criador ou apenas jogador, estão garantidos momentos de boa disposição e alguma surpresa.

Esta análise foi realizada através de uma cópia cedida pelo representante de relações públicas da PlayStation Portugal


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