JOGOS: Football Manager 2020 | Análise

26.11.19


Vou voltar a repetir o que escrevi no ano transato, quando efetuei a análise ao Football Manager 2019, Football Manager e mesmo anteriormente o Championship Manager, fizeram parte do meu processo de crescimento enquanto pessoa e acompanharam-me desde que comecei a gostar de jogos de computador. Quem me conhece pessoalmente e faz parte da minha vida mais intima, sabe bem os longos períodos de tempo que passei (e ainda passo, apesar de agora o tempo ser cada vez mais diminuto) em frente a um monitor onde, na grande maioria das vezes, só o CM/FM tinha lugar.

Como é do conhecimento geral, os lançamentos sazonais, são sempre encarados com alguma desconfiança pelo universo dos amantes dos videojogos, no entanto a legião de fãs de FM é de tal ordem grandiosa e numerosa, que apesar das poucas, mas importantes novidades introduzidas, o Football Manager 2020 é já por si só um sucesso. A parceria entre a Sports Interactive e a SEGA, tal como o jogo em si, é por natureza um casamento feliz e duradouro, pelo que é de esperar que durante os próximos largos anos, a não ser que algum imprevisto inesperado ocorra, a série continue pujante e com muito para dar aos jogadores.

Na edição deste ano, Football Manager 2020, saltam à vista sobretudo duas grandes inovações, a Visão de Clube e o Centro de Desenvolvimento, apesar de diversas outras, mas que não são relevantes como a referidas. Logo no inicio do jogo, somos chamados à sala de reuniões do Presidente do clube que escolhemos e é nos dada uma curta introdução do estatuto da equipa, um relatório sobre os jogadores que compõem o plantel e eis que nos é apresentada a Visão do Clube. Ao contrário dos títulos dos anos anteriores, no nosso percurso enquanto treinador do clube, somos julgados por vários fatores, nomeadamente na “Cultura do Clube” onde são apresentados diversos objetivos, como por exemplo “Desenvolver jogadores recorrendo às camadas jovens do clube”, “Contratar jogadores de renome” ou “Contratar jogadores dos rivais nacionais”, só para citar alguns. Paralelamente a esses objetivos ainda temos planos para os 5 anos seguintes, não só obrigações desportivas como “Ganhar troféus” mas objetivos mais estruturais como “Aumentar a receita”, “Contratar jogadores para fazer lucro na venda” ou “Manter o clube como o mais conceituado do país”, entre outros.


A outra novidade, o Centro de Desenvolvimento é uma nova área onde são reunidas as informações e dados estatísticos sobre as camadas jovens do nosso clube, repleto de minuciosos detalhes e o estado de desenvolvimento de cada atleta, destacando aqueles que poderão ter algum impacto na equipa principal. Tal e qual como na vida real, se forem bem exploradas, as camadas jovens poderão ser extremamente positivas/decisivas para o sucesso desportivo, mas também em mais valias financeiras no futuro, pelo que é extraordinariamente importante estar atento a essa área. Inicialmente o tempo despendido a estruturar o nosso Centro de Desenvolvimento poderá ser algo moroso e frustrante, uma vez que são tantos pormenores que temos que parametrizar, no entanto, caso tudo seja feito de uma forma assertiva e responsável, certamente iremos recolher os frutos desse mesmo trabalho, quando avançarmos no desenrolar no jogo.


Na negociação de novos contratos com os nossos atletas, tal como acontece no nosso, agora é possível apresentar as condições a longo prazo, por exemplo, podemos oferecer um contrato de longa duração, indicando qual a nossa previsão de utilização durante a vigência do vínculo, sendo no primeiro ano uma “Promessa a quem dar oportunidade”, no segundo “Jogador do Plantel” e no terceiro e consecutivos como “Estrela”. Claro que este foi apenas um exemplo, pois ao nosso dispor estão uma panóplia de critérios que podemos incluir nas negociações, configurando o processo negocial muito mais completo e cada vez mais parecido com a realidade, mas atenção, quantas mais clausulas e argumentos decidirmos incluir, mais tarde virá a cobrança por parte do jogador, em caso que não respeitarmos esses termos, originando insatisfação e possibilidade de pedir para ser transferido.


Escrever sobre as habituais componentes que constituem um jogo, jogabilidade, gráficos, som/banda sonora e longevidade, em Football Manager é claramente subjetivo. A Sports Interactive conseguiu realmente criar ao longo de tantos anos uma estrutura muito própria e particular que faz com que o seu jogo não tenha concorrência direta, permanecendo no topo anos a fio. No entanto, não se pode descuidar e apesar de possuir uma legião infindável de fãs, muito rapidamente o declínio pode precipitar todo o que até agora foi construído. Situações como o nome da Juventus, que por causa do não licenciamento se chamar Zebre, entre outras, podem começar as desgostar os jogadores. Dir-me-ão que tudo se resolve recorrendo a inúmeros sites espalhados pela internet fora e que com maior ou menor dificuldade repomos a realidade, no entanto, na minha opinião, se pagamos o jogo, não deveríamos ter a experiência completa e totalmente personalizada? Fica a pergunta no ar.

De uma forma sucinta, a nível gráfico nota-se uma ligeira evolução, quer nas animações dos jogadores, como do público e tudo que envolve uma partida, porém o desígnio do título não é apresentar um grafismo realista e fascinante, mas sim acrescentar mais qualidade ao que já nos proporcionou no passado. Nos menus do jogo, é visível o cuidado do estúdio de desenvolvimento em organizar toda a informação de um modo que cada vez mais é de fácil acesso e rápido, seguindo um sentido lógico e prático, apesar do volume dos dados ao nosso dispor ser cada vez maior e complexo.

Resumindo, Football Manager 2020 é o rei da gestão desportiva e no mercado não existe nada que se assemelhe, pelo que se o objetivo do jogador é gerir um clube, seja qual for a sua dimensão, este é um título obrigatório.


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