Vou voltar a repetir o que escrevi no ano transato, quando efetuei a análise ao Football Manager 2019, Football Manager e mesmo anteriormente o Championship Manager, fizeram parte do meu processo de crescimento enquanto pessoa e acompanharam-me desde que comecei a gostar de jogos de computador. Quem me conhece pessoalmente e faz parte da minha vida mais intima, sabe bem os longos períodos de tempo que passei (e ainda passo, apesar de agora o tempo ser cada vez mais diminuto) em frente a um monitor onde, na grande maioria das vezes, só o CM/FM tinha lugar.
Como é do conhecimento geral, os
lançamentos sazonais, são sempre encarados com alguma desconfiança pelo
universo dos amantes dos videojogos, no entanto a legião de fãs de FM
é de tal ordem grandiosa e numerosa, que apesar das poucas, mas importantes
novidades introduzidas, o Football Manager 2020 é já por si só
um sucesso. A parceria entre a Sports Interactive e a SEGA,
tal como o jogo em si, é por natureza um casamento feliz e duradouro, pelo que
é de esperar que durante os próximos largos anos, a não ser que algum
imprevisto inesperado ocorra, a série continue pujante e com muito para dar aos
jogadores.
Na edição deste ano, Football
Manager 2020, saltam à vista sobretudo duas grandes inovações, a Visão
de Clube e o Centro de Desenvolvimento, apesar de
diversas outras, mas que não são relevantes como a referidas. Logo no inicio do
jogo, somos chamados à sala de reuniões do Presidente do clube que escolhemos e
é nos dada uma curta introdução do estatuto da equipa, um relatório sobre os
jogadores que compõem o plantel e eis que nos é apresentada a Visão
do Clube. Ao contrário dos títulos dos anos anteriores, no nosso
percurso enquanto treinador do clube, somos julgados por vários fatores,
nomeadamente na “Cultura do Clube” onde são apresentados diversos objetivos,
como por exemplo “Desenvolver jogadores
recorrendo às camadas jovens do clube”, “Contratar jogadores de renome” ou “Contratar jogadores dos rivais nacionais”,
só para citar alguns. Paralelamente a esses objetivos ainda temos planos para
os 5 anos seguintes, não só obrigações desportivas como “Ganhar troféus” mas objetivos mais estruturais como “Aumentar a receita”, “Contratar jogadores
para fazer lucro na venda” ou “Manter
o clube como o mais conceituado do país”, entre outros.
A outra novidade, o Centro
de Desenvolvimento é uma nova área onde são reunidas as informações e
dados estatísticos sobre as camadas jovens do nosso clube, repleto de
minuciosos detalhes e o estado de desenvolvimento de cada atleta, destacando
aqueles que poderão ter algum impacto na equipa principal. Tal e qual como na
vida real, se forem bem exploradas, as camadas jovens poderão ser extremamente
positivas/decisivas para o sucesso desportivo, mas também em mais valias
financeiras no futuro, pelo que é extraordinariamente importante estar atento a
essa área. Inicialmente o tempo despendido a estruturar o nosso Centro
de Desenvolvimento poderá ser algo moroso e frustrante, uma vez que são
tantos pormenores que temos que parametrizar, no entanto, caso tudo seja feito
de uma forma assertiva e responsável, certamente iremos recolher os frutos
desse mesmo trabalho, quando avançarmos no desenrolar no jogo.
Na negociação de novos contratos
com os nossos atletas, tal como acontece no nosso, agora é possível apresentar
as condições a longo prazo, por exemplo, podemos oferecer um contrato de longa
duração, indicando qual a nossa previsão de utilização durante a vigência do
vínculo, sendo no primeiro ano uma “Promessa
a quem dar oportunidade”, no segundo “Jogador
do Plantel” e no terceiro e consecutivos como “Estrela”. Claro que este foi apenas um exemplo, pois ao nosso
dispor estão uma panóplia de critérios que podemos incluir nas negociações,
configurando o processo negocial muito mais completo e cada vez mais parecido
com a realidade, mas atenção, quantas mais clausulas e argumentos decidirmos
incluir, mais tarde virá a cobrança por parte do jogador, em caso que não
respeitarmos esses termos, originando insatisfação e possibilidade de pedir
para ser transferido.
Escrever sobre as habituais
componentes que constituem um jogo, jogabilidade, gráficos, som/banda sonora e
longevidade, em Football Manager é claramente subjetivo. A Sports Interactive conseguiu
realmente criar ao longo de tantos anos uma estrutura muito própria e particular
que faz com que o seu jogo não tenha concorrência direta, permanecendo no topo
anos a fio. No entanto, não se pode descuidar e apesar de possuir uma legião
infindável de fãs, muito rapidamente o declínio pode precipitar todo o que até
agora foi construído. Situações como o nome da Juventus, que por causa
do não licenciamento se chamar Zebre, entre outras, podem começar
as desgostar os jogadores. Dir-me-ão que tudo se resolve recorrendo a inúmeros
sites espalhados pela internet fora e que com maior ou menor dificuldade repomos
a realidade, no entanto, na minha opinião, se pagamos o jogo, não deveríamos ter
a experiência completa e totalmente personalizada? Fica a pergunta no ar.
De uma forma sucinta, a nível
gráfico nota-se uma ligeira evolução, quer nas animações dos jogadores, como do
público e tudo que envolve uma partida, porém o desígnio do título não é apresentar
um grafismo realista e fascinante, mas sim acrescentar mais qualidade ao que já
nos proporcionou no passado. Nos menus do jogo, é visível o cuidado do estúdio de
desenvolvimento em organizar toda a informação de um modo que cada vez mais é
de fácil acesso e rápido, seguindo um sentido lógico e prático, apesar do volume
dos dados ao nosso dispor ser cada vez maior e complexo.
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