JOGOS: Alone in the Dark | Análise

4.4.24

Alone in the Dark foi o mais recente título a chegar às nossas mãos, na sua versão de PlayStation 5 (disponível também para PC e Xbox Series X/S), um reimagining (algo como uma reimaginação, mas soa melhor em inglês) do clássico survival horror de 1992.

Desenvolvido pela Pieces Interactive e publicado mundialmente pela THQ Nordic, Alone in the Dark é nada mais, nada menos que o sétimo título da saga, sendo que uns obtiveram mais sucesso do que outros, porém este jogo centra-se na reformulação do primeiro capítulo que deu a conhecer ao mundo e aos fãs, este género de terror.

Antes de avançarmos propriamente para os componentes analisáveis do jogo, convém referir que Alone in the Dark reuniu uma lista admirável de atores, que deram a voz e até a captura de movimentos das próprias personagens, saltando à vista os dois principias e sobejamente conhecidos pelos amantes do cinema, David Harbour de Stranger Things ou Hellboy e Jodie Corner de Killing Eve, Free Guy: Herói Improvável ou Star Wars: Episódio IX - A Ascensão de Skywalker. Estes dois atores são a face dos dois protagonistas principais e jogáveis, Edward Carny e Emily Hartwood, respetivamente.

Estes dois atores são a face dos dois protagonistas principais e jogáveis, Edward Carny e Emily Hartwood, respetivamente.

Alone in the Dark apresenta uma narrativa ambientada nos anos 20 e segue as pisadas de Emily Hartwood que juntamente com um detetive contratado, Edward Carny, viajam para um hospício de nome Decerto Manor, algures em Louisiana, para investigar o súbito e misterioso desaparecimento do seu tio Jeremy Hartwood. Como seria facilmente expetável, as personagens irão experienciar um pouco de todo, desde pessoal suspeito que trabalham nas instalações, a pessoas com severos problemas mentais, a criaturas horrendas vindas de portais de outras dimensões completamente aterrorizantes. Algo como um ciclo em que a personagem não é capaz de distinguir o que é real daquilo que é apenas fruto da sua imaginação.

Em termos de jogabilidade, o jogador pode optar por controlar uma das duas personagens jogáveis, já mencionadas acima. Independentemente da escolha que fizermos, a história desenrola-se exatamente da mesma forma, não havendo influência nenhuma na trama, nem finais alternativos, como amiúde noutros títulos. Se elegermos Edward para protagonista, a Emily assume um papel auxiliar, estando presente na aventura, mas sem grande interferência. E vice-versa. É apenas meramente um gosto pessoal.

...uma narrativa ambientada nos anos 20 e segue as pisadas de Emily Hartwood que juntamente com um detetive contratado, Edward Carny, viajam para um hospício de nome Decerto Manor...

Assim que começa a aventura, conseguimos perfeitamente vislumbrar elementos de terror manifestamente antiquados e datados, sendo que grande parte da ação se resume a vaguear de um lado para outro em Decerto Manor, procurando chaves para desbloquear portas fechadas, resolvendo alguns quebra-cabeças e enigmas, recolhendo pistas através de itens dispersos nas inúmeras divisões, apimentados aqui e ali com uns triviais jump-scares, através da súbita aparição de entidades de outros mundos ou criaturas horrendas. Para fazer face aos hostis, existe algum tipo de armamento ao dispor do jogador, como armas de fogo ou simplesmente artefactos que se destroem consoante o uso mais violento. Embora nenhum elemento de jogabilidade tenha uma qualidade particularmente notável, é tudo razoavelmente sólido e cumpre o objetivo.

Os inimigos são, na minha opinião, demasiado violentos e resistentes. Mas a minha frustração vai para além desse desígnio. A velocidade com que se movimentam é superior à capacidade da nossa personagem disparar ou atingi-lo com firmeza, por isso, tornam-se mais complexos do que deviam. Para além disso, quando aparecerem em maior número, a nossa tarefa fica praticamente impossível, mesmo que tenhamos o inventário repleto de armamento.

Os inimigos são, na minha opinião, demasiado violentos e resistentes.

Os puzzles, apesar de não serem demasiadamente complexos, obrigam, sobretudo, a muita leitura de documentos e notas que vão sendo encontrados pelo caminho, tornando-se evidentemente obrigatório explorar exaustivamente todos os cantos dos locais que visitamos. E quando me refiro a muito texto para ler, é verdadeiramente em grandes quantidades, chegando a ser demasiado massivo e enfadonho. Desde diários, excertos de obras literárias, livros, artigos de jornais, pedaços de notícias, que depois de analisadas com doses altas de paciência, permitem perceber para que local nos devemos dirigir e encontrar a respetiva solução.

A longevidade não é um dos pontos mais fortes de Alone in the Dark, até porque não existem demasiados bons motivos para repetir a aventura depois de a concluir. Voltar a Decerto Manor “vestindo a pele” de uma personagem diferente da escolhida inicialmente, poderá ser uma razão plausível, ainda que sem grandes repercussões satisfatórias. Partir em busca de um item deixado para trás, poderá ser outro motivo. Contudo, são apenas situações apenas para os fãs mais entusiastas do título, pelo que o comum jogador dispensará, seguramente, uma segunda passagem. Por outro lado, o jogo não é demasiado longo, sendo necessário, aproximadamente 10 horas (já com uma boa margem para os entusiastas da leitura, pois não falta material para ler no jogo) para o terminar.

Graficamente, Alone in the Dark apresenta uma interessante direção de arte. Não ostenta a melhor qualidade gráfica do mundo, mas no geral, proporciona aos jogadores uma experiência competente e sólida. Os cenários taciturnos e misantropos, aliados à horribilidade das criaturas que vão simplesmente surgindo e o design bastante aceitável das personagens principais, são alguns dos pontos mais altos do grafismo num jogo do género terror ou survival horror. A complementar toda esta panóplia, uma sonoplastia de assombrar. Sinceramente, pela minha experiência, houve mais ocasiões que o medo se entranhou em mim, apenas por ouvir os sons tenebrosos e angustiantes dos monstros, do que propriamente pela sua imagem. Outro detalhe, apenas quando caminhamos pelas variadas divisões do hospício, parece que aquele som maléfico se esconde em cada esquina e até mesmo permaneça entranhado nas paredes.

Não ostenta a melhor qualidade gráfica do mundo, mas no geral, proporciona aos jogadores uma experiência competente e sólida.

Em suma, Alone in the Dark foi uma surpresa razoável, muito graças à sua ambientação terrorífica, amplificada pelos efeitos sonoros tenebrosos e angustiantes. Ainda assim, jogabilidade limitada, demasiada informação para ser assimilada e inimigos excessivamente desafiantes, não permitem que o título seja colocado no topo do ranking dos melhores survival horror.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas


 
 

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