JOGOS: Another Code: Recollection | Análise

31.1.24

Recebemos na nossa redação mais um jogo, desta vez um exclusivo da Nintendo Switch de nome Another Code: Recollection, um remake de dois jogos de aventura point-and-click e resolução de quebra-cabeças, lançados no passado para consolas de gerações anteriores.

Sendo mais preciso e concreto, Another Code: Recollection, desenvolvido pela Arc System Works e publicado mundialmente pela própria Nintendo, é um remake que contém dois títulos, o Another Code: Two Memories lançado em 2005 para a Nintendo DS e o Another Code: R – A Journey into Lost Memories disponibilizado em 2009 para a Nintendo Wii. Como seria expetável num remake, para além dos amiúdes melhoramentos visuais e de jogabilidade, a narrativa sofreu alterações significativas, divergindo dos títulos originais, sobretudo o mais recente de 2009.

Tenho que confessar que esta foi a minha primeira experiência no universo de Another Code, pelo que nada melhor que dar início à aventura, num título adaptado ao hardware existente atualmente no mercado, com visuais renovados e uma jogabilidade mais refinada.

A narrativa coloca os jogadores na pele de Ashley Mizuki Robins cujo principal objetivo passa pela exploração dos cenários, interação com as restantes personagens e resolução de quebra-cabeças e enigmas. No primeiro título, Two Memories, a trama ocorre na ilha de Blood Edward onde a protagonista recebe uma estranha carta informando que o seu Pai tinha falecido. Pouco tempo depois, a sua tia Jessica, que a acompanhou na viagem até á ilha, também desaparece abruptamente. Consternada, Ashley decide investigar os acontecimentos e na companhia de D, o fantasma de um menino de 10 anos de idade, procuram pistas que os levem a descoberta das desusadas ocorrências, mas também encontrar respostas para as muitas questões que tem na mente sobre o homicídio da sua mãe. No segundo jogo, A Journey into Lost Memories, Ashley, agora um pouco mais madura e a passar pelas adversidades normais de uma adolescente, decide ir acampar para o Lake Juliet, porém quando chega ao paradisíaco local, começar a ter memórias de sua mãe, Sayoko, ocorridas no passado e exatamente no mesmo lago, o que a leva a investigar, cruzando-se com Matthew, um jovem rapaz que também está à procura do seu Pai, entretanto desaparecido, unindo-se em torno de uma investigação comum.

A narrativa coloca os jogadores na pele de Ashley Mizuki Robins cujo principal objetivo passa pela exploração dos cenários, interação com as restantes personagens e resolução de quebra-cabeças e enigmas.

É por demais evidente neste tipo de jogos, aventuras gráficas, point-and-click ou novela visual, que a jogabilidade assume um papel secundário, dando primazia à narrativa ou trama. Obviamente isso também ocorre em Another Code: Recollection onde a protagonista apenas se movimenta normalmente e interage com determinados itens e objetos. Posto isto, é fundamental uma história cativante o suficiente, com diálogos (ou mesmo monólogos) interessantes e com opções de escolha para o jogador, que influenciem o desenrolar da trama, de modo a que o jogador se sinta efetivamente na pele da personagem. Sinceramente, fiquei com a ligeira sensação que a narrativa poderia ser um pouco melhor explorada e “apimentada”, faltando aqui e ali algum “tempero”, sendo esse desígnio ainda mais evidente no segundo título, o A Journey into Lost Memories. Convém referir que Another Code: Recollection possui uma classificação etária PEGI 12, pelo que não poderia abordar temas para além desse limite, ainda assim, senti que faltava qualquer coisa para elevar o remake a outro patamar.

É por demais evidente neste tipo de jogos, aventuras gráficas, point-and-click ou novela visual, que a jogabilidade assume um papel secundário, dando primazia à narrativa ou trama.

Os puzzles ou quebra-cabeças são, no computo geral, interessantes e agradáveis, apesar de pouco desafiantes e até mesmo, algo repetitivos. Mais uma vez, devido à classificação etária, estes não poderiam ter uma dificuldade exacerbada, mas ainda assim, deveriam ser sobretudo mais assertivos e veementes, não tão óbvios como o são. Posto isto, os jogadores assíduos e já com muitos anos nestas andanças, não vão sentir qualquer tipo de dificuldade em encontrar rapidamente a solução para este ou aquele puzzle.

A nível gráfico Another Code: Recollection é bastante competente, assente numa palete de cores mais suaves, transmitindo uma sensação de calmaria e simultaneamente algum mistério e desconhecido. Os tons garridos e vibrantes não são frequentes e existem claras semelhanças com as séries animadas de televisão e streaming, vulgarmente conhecidas como animes ou mangas, sobretudo na aparência das personagens. Em termos sonoros, o habitual neste género de títulos, ou seja, nada de muito relevante, apenas cumprindo o desejável. Nota final para a não presença do idioma Português, uma situação sempre lamentável, sobretudo num jogo onde a narrativa assume importância primordial, sendo que o mínimo exigível seria a inclusão de legendas no idioma de Camões.

A nível gráfico Another Code: Recollection é bastante competente, assente numa palete de cores mais suaves, transmitindo uma sensação de calmaria e simultaneamente algum mistério...

Ainda assim, sinto-me na obrigação de referir que apesar destas vicissitudes Another Code: Recollection não é uma má experiência, mas é sobretudo demasiado simplista e pouco intrigante. Aliás, o título conta com um sistema de ajuda sobre a forma de dicas (podem optar por não recorrer a esse método) que ainda facilita mais a nossa tarefa. Porém, se gostam deste género de jogos, é uma excelente oportunidade para jogarem dois títulos de uma vez só, com um estilo modernizado e vanguardista.

Resumindo, Another Code: Recollection é uma boa opção para os amantes de novelas visuais ou aventuras point-and-click, porém a narrativa merecia um pouco mais de mistério e intriga. Mecânicas simplistas e puzzles pouco desafiantes, fazem o título ser acessível aos mais jovens, caso sejam fluentes noutra língua que não a portuguesa.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas


 
 

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