O aracnídeo humano mais conhecido do planeta é sem dúvida Spider-Man e apesar da sua longa carreira, seja nas icónicas bandas desenhadas, nas inúmeras séries de desenhos animados, nos filmes de Hollywood, noutros jogos de vídeo ou mesmo no incrível marketing que é originado em seu redor, onde estão incluídos os mais díspares e impensáveis produtos, ainda hoje, e passados aproximadamente 56 anos após a sua primeira aparição, Spider-Man consegue inovar, captar a atenção de miúdos e graúdos e ser uma referência no seu segmento de Super Herói.
Perante este cenário, a Insomniac
Games, foi a escolhida para devolver a grandeza não só ao Homem Aranha,
mas a todo o universo que o envolve, conscientes que as anteriores tentativas
de reproduzirem o sucesso que Spider-Man obteve noutras áreas, mas
que no mundo dos jogos de vídeo foram totalmente fracassadas. As boas provas
dadas pela Insomniac Games noutros títulos, como por exemplo, Spyro,
Ratchet
& Clank ou Sunset Overdrive, só para citar
alguns, podiam não ser suficientes, uma vez que tinham em mãos a maior e mais
ambiciosa produção.
Sem qualquer dúvida que, quer os fãs
mais acérrimos ou os mais distantes, conhecem bem a história por detrás de Spider-Man,
e os primeiros pontos ganhos pela Insomniac Games residiram no
importante facto de não terem começado a trama exatamente no mesmo ponto de
partida que já todos sabemos. Aqui Peter Parker não é mais um
adolescente que ainda estuda e trabalha em Part-Time para o Daily
Bugle a tirar fotografias ao super-herói interpretado pelo próprio, Peter
colabora com cientista bem conhecido pelos fãs num laboratório de
investigação. Mary Jane Watson e a Tia May, como também não poderia
deixar de ser, estão presentes e com muita responsabilidade nas vivências de Peter
ao longo da história e ambas são muito importantes, como certamente irão
descobrir quando jogarem este título.
Os habitantes de Nova Iorque
estão agora cientes que existe um Super-Herói pronto a defende-los do crime e
apesar de outras personagens, como o sempre arrogante e rabugento John Jonah
Jameson, diretor do Daily Bugle, estarem constantemente
a anatematizar os feitos alcançados por SpiderMan. No entanto, nem tudo são
rosas, pois a cidade vive um clima de caos, protagonizado por um grupo de
elementos apelidados de Demónios, que utilizam todos os
meios para alcançarem os seus objetivos e onde o agora Mayor da cidade
Nova-Iorquina, Norman Osborn e antigo presidente da OsCorp Industries, não
consegue por fim. É aí que Spider-Man entra em ação,
investigando pelos próprios meios os crimes cometidos em busca do verdadeiro
responsável. Á medida que a trama se desenrola, umas vezes contamos com o
auxilio de MJ, que a determinada altura o trata por parceiro, outras vezes
(poucas) por Yuri Watanabe, chefe da policia de Nova Iorque. O resto, deixo
para vocês descobrirem pelas próprias mãos, mas uma coisa é certa, a história é
muito completa, tem de tudo um pouco, suspense, incerteza, surpresa, comédia, deslumbramento
e um pouco de tristeza.
Era obrigatório que a jogabilidade
acompanhasse na mesma medida a fantástica história, aliás estamos a falar de um
jogo e por muito interessante que fosse a trama se não existisse uma
jogabilidade decente, tudo poderia ser deitado a perder. Aqui, o famoso termo
“cidade que nunca dorme” que serve para enfatizar o movimento incauto da cidade
de Nova Iorque, está bem presente, uma vez que sempre que percorremos o mapa,
existe algo para fazer para além da missão principal, sejam missões
secundárias, recolher mochilas com itens colecionáveis espalhadas pelos
edifícios, fotografar monumentos icónicos da cidade, apanhar pombos, missões de
investigação científica, desarmamento bombas em locais estratégicos, parar
crimes de tráfico de droga e assaltos à mão armada, impedir raptos de pessoas,
perseguir carros repletos de inimigos ou mesmo fotografar pequenas estatuetas
em forma de gato deixadas em locais estratégicos pela nossa inimiga/aliada Black
Cat. E só estou a citar algumas, porque existem muitas mais e que
certamente, apesar de algumas serem repetitivas, vão querer completa-las todas,
deixando de lado a possibilidade de utilizar o recurso de “Viagem Rápida” que é
desbloqueado no decorrer do jogo.
Todas estas missões extra, são
importantes para o desenvolvimento da nossa personagem, pois à medida que as
completamos, conquistamos uma espécie de tokens, que podem ser trocados por
novos fatos, cada um com características particulares que os distinguem uns dos
outros, pequenos gadgets com funções especificas que auxiliam o super-herói no
combate e até mesmo uma árvore de habilidades onde é possível desbloquear novos
e mais complexos movimentos para o Spider-Man utilizar na execução das
suas funções.
E o que dizer da forma como a Insomniac
Games conseguiu desenvolver o mítico balançar de teia em teia do Spider-Man,
movimentando-se a larga velocidade por entre os arranha-céus Nova-iorquinos,
simplesmente abissal. Inúmeras foram as vezes que apenas “obriguei” o Spider-Man
a escalar edifícios e a mergulhar do seu topo a uma enorme velocidade,
outras vezes apenas a balançar nas teias ou mesmo trepar paredes no icástico
movimento de aranha, apenas por diversão, ficando deslumbrado com cada
movimento gracioso realizado.
O sistema de combate, uma situação
que poderia levantar algumas duvidas, já que Spider-Man nunca assassina
ninguém, simplesmente coloca os inimigos inconscientes para depois a policia os
vir prender, também funciona assertivamente bem, muito às custas do “Spider Sense” que alerta o aracnídeo
para o golpe dos inimigos, permitindo ao jogador desviar-se na altura certa e
regularmente utilizado quando enfrentamos bandos enormes de mauzões que
pretendem a todo o custo derrotar o Homem-Aranha. Também está presente um
sistema de combos que tem como função encher uma barra de foco que pode ser
utilizada para repor a energia da nossa personagem ou realizar um poderoso KO a
um meliante. Tudo isto de uma forma tão fluída, perspicaz e intuitiva que pouco
tempo depois de iniciarmos a aventura, já damos por nós a realizar movimentos
épicos com combos complicadíssimos.
Paralelamente a tudo o que já foi
referido, a Insomniac Games foi ainda mais longe, permitindo-nos comandar
outras personagens, afastando-nos ligeiramente do universo do super-herói, para
dar um ascendente ao aspeto mais humano. Controlamos Peter Parker, Mary
Jane Watson, entre outras que não vou referir por causa do spoiler, mas todas com importância
relevante na história. Uma interessante forma que permite ao jogador quebrar um
pouco a rotina das tarefas de Spider-Man, entrando num modo mais
pausado, de cariz de investigação e sem superpoderes, jogando que uma maneira
mais furtiva e resolvendo alguns enigmas.
Para colocar a cereja no topo do
bolo, a Insomniac Games como já seria de esperar, presenteou os
jogadores com uma qualidade gráfica espantosa e o meu único lamurio foi não ter
vivido esta experiência na PlayStation 4 Pro utilizando o
recurso HDR. Ainda assim, é admirável ver pormenores minuciosos da
cidade de Nova Iorque, dos próprios NPCs presentes, onde alguns chegam mesmo a
intervir com a nossa personagem, das mudanças climatéricas e da passagem de dia
para a noite e vice-versa, tudo sem se sentir quebras e a fluir de uma forma
harmoniosa e natural.
A sonoplastia esta ao nível
exigível para um título desta dimensão e sobretudo nos momentos que deambulamos
pela cidade, existe uma imensidão de sons que transmitem claramente a ebulição
de movimento que existe na metrópole mundial. Uma palavra de apreço aos atores
que deram vida às vozes das personagens principais, sobretudo os Portugueses,
uma vez que apenas joguei a versão Portuguesa, pois também tiveram uma quota
parte importante a transmitir as sensações que o jogo em si nos proporciona.
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