JOGOS: Gylt | Análise

8.8.23

Chegou a altura de escrever algumas palavras sobre o mais recente jogo que nos veio parar às mãos, Gylt, um survival horror para “crianças”, na sua versão de PlayStation.

Gylt é um título desenvolvido e publicado pela Tequila Works, um estúdio de desenvolvimento espanhol, que se deu a conhecer ao mundo, essencialmente pelo bom trabalho realizado nos jogos Deadlight e RiME. Gylt foi lançado no passado ano de 2019, como um exclusivo do serviço Google Stadia, porém, o encerramento da empresa, originou que fosse disponibilizado para as restantes plataformas, mais concretamente em julho de 2023.

Em Gylt, o jogador assume o papel de Sally, a personagem principal, que anda desesperada e angustiada, devido ao desaparecimento da sua prima, Emily. A jovem Sally anda pela cidade de Bethelwood a colocar posters com a foto de Emily, com o intuito de chamar a atenção para a possibilidade de alguém a ter visto. Porém, um grupo de bullies, começam a importunar Sally e na tentativa de se livrar deles, a jovem foge de bicicleta, mas tem um acidente, danificando por completo o seu meio de transporte. Sally vê-se obrigada a continuar a fuga a pé e depois de percorrer os sinistros caminhos, finalmente chega a um teleférico. Quando se dirige à bilheteira, a jovem é obrigada por um velho e estranho funcionário, a comprar um bilhete na máquina de venda automática. Assim o faz, no entanto, quando retorna à bilheteira, o sinistro empregado desapareceu. Sally, apesar do natural receio, decide entrar no teleférico e este subitamente arranca, mas a viagem é tudo menos tranquila. Pelo meio, o teleférico passa pelo que parece ser um portal, parando numa versão alternativa e misteriosa de Bethelwood, uma vez que não se vislumbra nenhum habitante e onde o caos reina, pois são diversos os carros destruídos, estradas danificadas e até mesmo casas vandalizadas. Ainda assim, a determinada Sally procura incessantemente encontrar a prima, mas também uma forma de voltar à normalidade.

o jogador assume o papel de Sally, a personagem principal, que anda desesperada e angustiada, devido ao desaparecimento da sua prima, Emily...

Tal como referido um pouco acima, Gylt é um survival horror para “crianças”, numa visão de terceira pessoa. Isto porque, durante a demanda, Sally irá encontrar algumas criaturas ou monstros, porém nada de muito horripilante, como noutros títulos. Normalmente, o confronto é evitável, perseguindo a aventura de uma forma mais furtiva, ainda assim, a jovem destemida poderá recorrer a uma lanterna para fazer desaparecer as assombrações ou até mesmo utilizar um extintor para os congelar. A exploração do cenário assume um papel importante, uma vez que necessitamos de encontrar pilhas para a lanterna ou inaladores que recuperam a vida da personagem. Para além desses fundamentais itens, Sally poderá encontrar outros, mais opcionais, porém com importância para a narrativa, como diários, fotos e/ou outro tipo de colecionáveis.

a jovem destemida poderá recorrer a uma lanterna para fazer desaparecer as assombrações ou até mesmo utilizar um extintor para os congelar...

A jogabilidade é bastante simples, entrando em cena a sua vertente mais direcionada para um público jovem, sendo frequente vários auxiliares, um mapa bastante linear e vários locais para nos conseguirmos esconder, evitando o confronto. Existem apenas dois tipos de inimigos, facilmente ultrapassáveis e os chefes, que são mais exigentes, porém nada de muito complexo. O relativo desafio ocorre quando nos deparamos com os quebra-cabeças, que surgem em número bastante razoável. Mais uma vez, Sally pode recorrer à lanterna para iluminar caminhos escondidos, utilizar o extintor para apagar fogo ou congelar poças de água eletrificadas, desbloqueando passagens, só para citar alguns exemplos. Os mais experientes, rapidamente se aperceberão que o jogo mantém uma mensagem clara do início ao fim, abordando temas que afligem as crianças, como o medo do escuro e o bullying. A forma persistente como a Sally enfrenta as dificuldades, pode ser vista como uma excelente réplica a esses problemas que infelizmente assolam milhares de crianças por todo o mundo.

...uma mensagem clara do início ao fim, abordando temas que afligem as crianças, como o medo do escuro e o bullying.

Graficamente, Gylt é agradável, porém é facilmente verificável que não foi desenvolvido de origem para a plataforma da Sony (a versão que serviu de base para este artigo de opinião). Fiquei com a sensação de necessitar de um polimento ou uma melhor otimização. Percebo que a prioridade do estúdio de desenvolvimento fosse privilegiar o desempenho, uma vez que o título era nativo para um serviço de streaming de jogos, porém, ao ser lançado para as plataformas atuais, e sobretudo tanto tempo depois, poderia e deveria ter sofrido um upscale. Ainda assim, existem interessantes pormenores, como os efeitos de iluminação ou alguns quebra-cabeças, que são simples, mas consistentes. Uma nota menos positiva para a cutscenes, que na minha opinião, estão completamente fora de moda, uma vez que são apenas uma espécie de recortes de banda desenhada, avançando quadro a quadro, quebrando claramente o ritmo da aventura.

A nível sonoro, sinceramente, houve momentos que me surpreenderam, sobretudo quando a música de fundo começou a ficar mais misteriosa, conferindo a sensação correta de inquietação e receio. Quanto aos efeitos especiais, nada de muito relevante, apenas cumprindo corretamente os seus intentos, no entanto tenho que referir alguns sons como exemplo, que contribuíram para uma maior imersão, os grunhidos que os monstros fazem e até mesmo o som do vapor a sair dos canos. Uma palavra para a presença do idioma português, que é sempre de salutar.

Graficamente, Gylt é agradável, porém é facilmente verificável que não foi desenvolvido de origem para a plataforma da Sony

Em suma, Gylt é um jogo interessante, passando uma forte mensagem, mas percebe-se claramente que não foi desenvolvido de raiz para as consolas da geração atual. A jogabilidade simples e os quebra-cabeças acessíveis, permitem que o público mais jovem se aventure no estilo light survival horror.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas


 
 

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