JOGOS: Resident Evil Village | Análise

14.5.21

Recentemente tivemos acesso ao título Resident Evil Village, na versão PlayStation 4, um título com uma legião de fãs enorme e que já vai no oitavo jogo, desde o início desta saga sobejamente conhecida e com um largo sucesso.

Comecemos exatamente por aí, Resident Evil Village poderia muito bem chamara-se Resident Evil 8, mas a Capcom decidiu batizar o título com o sufixo Village, dando especial enfase ao local sinistro e medonho onde a ação se desenrola. Os títulos com a chancela Resident Evil dispensam grandes apresentações ou introduções, uma vez que o sucesso é a uma escala mundial elevada, que certamente até os mais distraídos ou os menos entusiastas com os videojogos ou filmes, de certeza que já ouviram esse nome ser pronunciado.

Neste novo survival horror, desenvolvido e publicado na integra pela Capcom, a história é uma sequela direta do seu aclamado antecessor Resident Evil 7: Biohazard, seguindo as vivenças de Ethan Winters, três anos após os macabros acontecimentos de Louisiana. Um parêntesis neste pequeno relato sobre a trama, para informar que apesar de existir um sucinto resumo na forma de vídeo sobre o que sucedeu no jogo anterior, aconselho vivamente e vigorosamente a jogarem Resident Evil 7: Biohazard antes de Resident Evil Village, pois muitas partes da narrativa estão interligadas e certamente será mais fácil perceber bastantes das estranhas situações que ocorrem neste novo título.

Como não podia deixar de ser, num jogo de terror, a trama começa com uma entrada a pés juntos ou com um violento murro no estômago do jogador, conforme preferirem. Ethan vive num local incógnito, juntamente com a sua esposa Mia e a sua filha de 6 meses de idade, Rose, mas quando tudo parece estar relativamente tranquilo, aliás o jogo começar de uma forma ternurenta, onde temos de levar ao colo Rose de modo a deitá-la no seu berço, mas rapidamente esse momento é transformado no início de algo aterrador, macabro e lúgubre. Chris Redfield, que em RE7 foi quem nos “salvou”, entra em cena e juntamente com os seus capangas, invadem a casa e não só assassinam a sangue-frio Mia, como raptam Rose. Perplexo e aterrorizado, Ethan tenta questionar o porquê desta situação, mas é colocado inconsciente por um dos guardas.

Momentos mais tarde, Ethan acorda sobressaltado e repara que a carrinha onde era transportado, sofreu um acidente e ele foi o único a sobreviver, porém não á sinais de Rose, nem tão pouco de Chris. E basicamente é aí que começa verdadeiramente a nossa aventura assustadoramente assustadora. Situações sinistras e horripilantes vão sendo descobertas pouco a pouco, até que Chris chega a uma vila tremendamente taciturna e aterradora, com um enorme castelo como pano de fundo. Depois de muitos sustos e sobressaltos, e após enfrentarmos diversos incautos medonhos, percebemos que nessa vila existem quatros inimigos principais, todos eles conexos diretamente à líder suprema, apelidada de Mother Miranda

Lady Alcina Dimitrescu, sobejamente conhecida pelos trailers vistos antes do lançamento do jogo, é uma aristocrata mulher, com uma altura bem acima da média e mãe de três filhas que convivem lado a lado com nojentas moscas, residem no icónico castelo, um dos primeiros lugares que temos que passar. Karl Heisenberg, outro vilão, que tem como habitat uma fábrica robotizada, tem a capacidade de manipular campos magnéticos e comanda um grupo de criaturas semelhantes a lobisomens, chamadas Lycans. Nesse local, temos que resolver alguns dos puzzles mais desafiadores do jogo, sempre a ser perseguidos por criaturas bastante estranhas, que possuem partes mecânicas do seu corpo. O grotesco Salvatore Moreau opera as suas macabras intenções, a partir de um reservatório nas proximidades do lago da vila, sendo talvez o local mais disforme e desproporcionado de todos. Por fim, a alucinante Donna Beneviento que governa a sua insana mansão com o mesmo nome e controla uma marionete chamada Angie. Chamo a atenção para este nível e para não estragar muito a surpresa que irá advir, apenas vou mencionar que neste local, não iremos utilizar armas, aumentando exponencialmente a tensão. Convém não esquecer que pelo caminho iremos sempre encontrar inúmeros hostis maléficos que nos querem por fim à vida, mas estes quatro elementos que referi funcionam como uma espécie de bosses, até chegar ao final e decisivo confronto, frente a Mother Miranda

Para nos auxiliar na nossa macabra demanda, estão ao nosso dispor diversas armas, que desta vez podem ser personalizadas com itens de melhoria e até apetrechos apenas cosméticos. Um aspeto curioso é o vendedor ambulante que nos irá aparecer em zonas chave, de nome Duke, que deve ser sempre visitado pois os seus utensílios são de extrema importância para o sucesso da nossa missão. Para comprar os itens a Duke necessitamos de Lei, a unidade monetária do jogo, que pode ser encontrada em locais distintos do cenário ou quando derrotamos inimigos. Por outro lado, quando aniquilamos determinados hostis ou em locais estratégicos, podemos encontrar ornamentos em cristal que possuem um valor elevado, por isso é de extrema importância vasculhar todos os cantos do mapa.

A jogabilidade de Resident Evil Village é semelhante à do seu antecessor e bastante fiel a um legado criado pela franquia. Apesar de tudo, notei algumas nuances ligeiras, com o objetivo modificar um pouco dessa clássica jogabilidade, por exemplo em certos momentos ficamos com a sensação que o conceito mundo aberto está presente, porém é apenas uma estratégia por parte da equipa de desenvolvimento, uma vez que o que impera é a ação linear. Muito sinceramente, algo que me desagradou, ainda que de uma forma bastante ligeira, foram alguns movimentos da camara, mas nada que não se conseguisse ultrapassar, ajustando-a nas opções do jogo.

Apesar da versão usada para esta análise ser a da PlayStation 4, graficamente Resident Evil Village tem detalhes incríveis, sobretudo nos cenários meticulosos criados, repletos de pormenores que elevam o jogo a patamar muito digno. Locais como castelo de Lady Dimitrescu ou a fábrica de Karl Heisenberg são um autêntico regalo para os olhos dos jogadores. O cuidado que a equipa de desenvolvimento teve em recriar de forma tão autêntica e precisa estes cenários, merece sem duvida uma palavra e o melhor que se pode afirmar é que todos os títulos deviam olhar para Resident Evil Village como um exemplo, pelo menos nesta vertente.

Escrever sobre longevidade num jogo da franquia Resident Evil é um pouco ambíguo, uma vez que, por norma, estes títulos não são muito extensos. Porém, acabam sempre por ser tão intensos, tão ricos em conteúdo, que claramente que esse aspeto menos positivo, ou seja, a sua duração, passa a ter um papel secundário. Para além disso, o jogador pode sempre repetir a experiência, utilizando um nível de dificuldade mais elevado, na tentativa de cumprir alguns objetivos que ficaram por fazer ou encontrar alguns tesouros deixados para trás.

A nível sonoro, Resident Evil Village não defrauda e é realmente um aspeto com importância no desenrolar da ação. Os sons tenebrosos produzidos pelos incautos, assim como a banda sonora que aumenta de intensidade na altura certa, acrescentam tensão, emotividade e medo, muito medo, transmitindo as sensações corretas para usufruirmos de uma experiência completa de terror e pavor, algo que esta franquia já nos habitou ao longo dos tempos e talvez por isso é tão idolatrada por tantos jogadores à escala mundial. Por fim, resta-me afirmar que a linguagem portuguesa, ainda que a sua variante portuguesa do Brasil, está disponível nos menus e informações do jogo, o que é sempre de assinalar.

Resumindo, Resident Evil Village não apresenta grande inovações e as semelhanças com o seu antecessor até são evidentes, porém quer a narrativa bastante competente, quer a qualidade gráfica dos cenários repleta de minuciosos detalhes, quer os confrontos com os inimigos principais, proporcionam ao jogador uma intensa experiência aterradora.

Esta análise foi realizada com uma cópia cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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