JOGOS: Outriders | Análise

9.4.21

Recentemente tivemos acesso ao título Outriders, na versão PlayStation 4, um jogo de tiro na terceira pessoa com muito elementos RPG, desenvolvido pelos estúdios People Can Fly e publicado pela Square Enix.

Em Outriders, o planeta Terra atingiu o seu limite, muito graças aos desastres climatéricos, cada vez mais frequentes e intensos, tornando-o inabitável. Os responsáveis dos principais países unem esforços e decidem estudar formas de preservar a humanidade, viajando para Enoch, um planete longínquo, mas em tudo semelhante à Terra. Através da ECA (Enoch Colonization Authority) são desenvolvidas duas gigantescas naves, com capacidade para albergar 500 mil colonos cada, sendo batizadas de Caravel e Flores, porém apenas uma, a Flores, consegue alcançar o seu destino, depois de 83 anos de viajem. Para averiguar das condições de habitabilidade de Enoch, a ECA envia um grupo de soldados de elite, os Outriders que rapidamente descobrem a Anomaly, uma massiva, devastadora e mortal tempestade de energia. Os Outriders alertam a ECA para esse assolador problema, sugerindo abortar a colonização, porém em vez de receberem uma resposta, são presenteados com forças de segurança especializadas da ECA para os silenciar mortalmente.


No meio do caos, entre a tempestade e a luta pela sobrevivência, um Outrider, ou melhor a personagem que o jogador cria e controla, é atingido mortalmente, no entanto acaba por ser recolhido por Shira, cientista da ECA que tem em mente outros planos. Após 31 anos criogenizado, o Outrider acorda e rapidamente percebe que a colonização falhou completamente, levando com que os colonos sobreviventes, estejam confinados num local perigoso e assolados quer com a vida selvagem alienígena, quer com as fações opostas dos colonos, entretanto criadas. Para piorar ainda mais este cenário já de si dantesco, aqueles que foram atingidos e sobreviveram à Anomaly, tal como a nossa personagem, acabam por ser tornar em “Altered”, ou seja, uma espécie de mutantes que possuem poderes especiais e únicos. A pedido de Shira, agora líder da ECA, o objetivo do Outrider passa por lutar contra os insurgentes dos colonos e eliminar os Altered, repondo a paz possível no seio do grupo de colonos que sobreviveram e tentando ainda começar o processo de colonização, longe dos perigos da Anomaly.

O jogador tem à escolha quatro classes, cada uma com habilidades e capacidades distintas, como os Trickster que podem manipular o tempo, os Technomancer que usam torres de tiro e proteção, no fundo uma espécie de “gadgets” e outros dispositivos eletrónicos, os Pyromancer que fazem do fogo o seu ponto mais forte e os Devastator que podem desencadear ataques sísmicos. Cada essa habilidade pode ser combinada com outras, tornando a personagem mais forte e hábil, através de uma complexa e inicialmente confusa, árvore de habilidades, onde conseguimos desbloquear novas capacidades ao longo da campanha. Essa evolução é realmente importante e até mesmo fulcral para se ter sucesso, uma vez que com o desenrolar da trama, os confrontos ficam cada vez mais intensos e difíceis, enfrentando inimigos poderosos que utilizam todo o tipo de artimanhas para nos aniquilarem.

Para nos auxiliar no objetivo, o jogador tem ao dispor uma incrível panóplia de armamento, para todos os gostos e feitios, que simplesmente pode ser recolhido dos inimigos mortos, adquirido nos vendedores que iremos encontrar pelo mapa ou encontrar nos cofres escondidos em setores chave. De acordo com o crescimento do nosso nível, a probabilidade de obter armas mais poderosas também aumenta, pelo que é de extrema importância evoluir sempre que possível a nossa personagem. Aliás, os nossos inimigos, sejam eles humanos ou monstros, ficam proporcionalmente mais poderosos e aumentando automaticamente a dificuldade. A jogabilidade traz um pouco à memória os movimentos de Gears of War, sobretudo na forma como nos conseguimos proteger e esconder atrás das diversas coberturas e até mesmo na maneira como carregamos as armas. Um aspeto a salientar, uma vez que o estúdio responsável pelo desenvolvimento de Outriders teve participação no Gears of War lançado em 2007 e certamente foi recolher inspiração no sucesso desse título.

Os criadores de Outriders definem o título como um jogo de tiro na terceira pessoa com elementos RPG e depois de termos destacado a complexa árvore de habilidades bem comum nesse género, temos que falar obrigatoriamente da exploração e das side-quest paralelas à missão principal. Apesar de não afetarem diretamente a evolução da história, os jogadores podem e devem interagir com personagens acessórias, de modo a completar essas missões secundárias, no entanto, alguns diálogos são demasiado longos e chegando mesmo a ser um pouco enfadonhos. Resta-me referir que toda a campanha pode ser jogada a solo, ou na companhia de outros dois jogadores em modo cooperativo, que na minha opinião faz toda a diferença, pois para além de conseguirmos combinar as habilidades díspares das personagens, garantimos ainda momentos de boa disposição e alegria.

Como referido acima, a versão que serviu de base para esta análise foi a da PlayStation 4 e sinceramente achei que apesar de apresentar um grafismo bem razoável, não estava totalmente polido e afinado. Já tive experiências muito melhores nessa vertente, em jogos bem mais antigos, pelo que é pouco compreensível que isso ainda possa acontecer nos dias que correm, no entanto, talvez possa entender devido à necessidade de os novos títulos estarem melhor otimizados para as plataformas da geração mais recente como a PlayStation 5 ou a Xbox Series X/S. Durante a primeira semana após o seu lançamento, período que utilizei para testar o jogo, enfrentei algumas dificuldades, sobretudo de ligação ao servidor, que é obrigatório para jogar o modo campanha. Foram várias as vezes que a ligação não pode ser estabelecida ou simplesmente a demora em conectar era tão longa, chegando mesmo a ser exasperante, levando ao ponto de quase desistir. Acredito que esses problemas possam ser amenizados ou mesmo eliminados, com patches de correção que a ser disponibilizados em breve.

A nível sonoro, apesar de não ser nada de muito espetacular e completamente inovador, no seu computo geral cumpre os seus intentos. Os efeitos sonoros dos tiros, explosões e afins, complementam assertivamente toda a experiência, mas o que sobressaiu pela positiva, foram as vozes cuidadas, não de todos, mas sim de algumas personagens, transmitindo-lhe algum carisma e fascínio. Por outro lado, a linguagem portuguesa, ainda que a sua variante portuguesa do Brasil, está disponível nos menus e informações do jogo, o que é sempre de assinalar.

Em suma, Outriders é um título que promete e tem bases para se destacar, porém, penso que os estúdios de desenvolvimento poderiam ter optado por adiar um pouco o seu lançamento, de modo a aprimorar a experiência, evitando assim alguns desnecessários dissabores.

Esta análise foi realizada com uma cópia cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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