Depois de muita ansiedade e de
alguns adiamentos, finalmente chegou até nós o tão aguardado e ambicionado
título, o The Last of Us Part II.
Produzido pelo estúdio de
desenvolvimento norte-americano Naughty Dog e publicado pela Sony
Interactive Entertainment, o jogo de ação-aventura The Last of Us Part II
surge no mercado, sensivelmente 7 anos após o lançamento do primeiro jogo, The
Last of Us, que foi um autêntico fenómeno à escala mundial, quando
lançado originalmente para a consola PlayStation 3. Pouco tempo mais
tarde, surgiu uma versão graficamente melhorada e para a plataforma atual, a PlayStation
4, que continuou o trilho do sucesso.
Para se situarem na trama,
aconselho que joguem em primeiro lugar o seu antecessor, o The Last of Us, porque
tal como o próprio nome indica, The Last of Us Part II é a sequela
da história iniciada no título de 2013. Ainda assim, vou resumir sucintamente
os acontecimentos para uma melhor perceção desta análise/opinião.
Em The Last of Us, a
história centra-se nas aventuras de Joel, a personagem principal, que
depois de um trágico evento familiar, fica encarregue de escoltar Ellie
(que neste título inicial tem um papel mais secundário, assumindo o
protagonismo em The Last of Us Part II) até a um determinado local, onde
médicos e cientistas iriam estudar o seu caso de imunidade ao vírus que assolou
a maior parte da população, tornando-os em zombies.
No entanto, tal situação poderia colocar em risco a vida de Ellie
e Joel
tem que tomar uma difícil decisão que o irá acompanhar para o resto da
vida. Claramente consternado, ele decide impedir a situação, resgatando-a,
porém, quando questionado sobre o que aconteceu, Joel mente a Ellie,
afirmando que os cientistas não conseguiram a cura e a libertaram. Já nas cenas
finais, onde vivemos alguns momentos de desconfiança de Ellie com um Joel
manifestamente incomodado com a falsidade, verificamos que ambos avistam de uma
forma longínqua, uma pequena vila, onde se dará o seguimento da história em The
Last of Us Part II.
Devidamente integrados na trama,
em The
Last of Us Part II os eventos do jogo ocorrem cerca de cinco anos após
o primeiro título e numa escala mais global, vinte e cinco anos depois do
início do surto misterioso causado pela mutação do fungo Cordyceps, que torna as
pessoas num estado horrível. O jogador assume o papel de Ellie, agora com 19 anos
de idade, vivendo na tal vila conhecida por Jackson, onde
aparentemente e apesar de todas as vicissitudes conhecidas, a sua vida segue
dentro dos padrões normais de uma jovem adolescente rebelde. Porém tudo se
precipita, quando numa das normais e habituais patrulhas, Joel e Tommy
não regressam dentro do tempo estimado. Notoriamente transtornada, Ellie,
na companhia da sua amiga muito especial Dina, partem em busca de descobrirem
o paradeiro dos irmãos. Escusado será dizer que será uma viagem tudo menos
tranquila, onde teremos que tomar inúmeras decisões difíceis, enfrentar
terríveis perigos e situações que irão seguramente dividir opiniões. Obviamente
que não vou revelar mais detalhes, uma vez que a melhor forma de esta incrível
história ser descoberta é, sem sombra de qualquer dúvida, com as mãos no
comando da consola e os olhos no ecrã, no entanto, deixo aqui o aviso, muitos
acontecimentos irão certamente partir-vos o coração.
A história de The
Last of Us Part II, tal como foi no seu antecessor, é um aspeto
fundamental do jogo e existem muito poucos estúdios de desenvolvimento por este
mundo fora, que saibam tão assertivamente como nos transmitir as sensações
certas no momento correto como a Naughty Dog o fez no passado, o faz
atualmente e seguramente o fará no futuro. A obsessão pelo detalhe, pelo ínfimo
pormenor, a forma precisa como nos apresenta as analepses, origina que o
jogador se apaixone pela trama, nutra carinho ou ódio por determinadas
personagens e viva intensamente como se da sua vida se tratasse. E quando assim
é, pouco à a acrescentar, senão afirmar que é mais um trabalho de excelência,
que roça a perfeição, de um estúdio que é exemplar nos trabalhos que
desenvolve.
Porém Naughty Dog apurou ainda
mais a já muito boa jogabilidade apresentada no primeiro título, acrescentando
possibilidades que elevam ainda mais a qualidade dessa característica deveras
importante em qualquer jogo. Particularidades como a possibilidade de nos
deitarmos completamente no chão onde podemos disparar as nossa armas, rastejar
por baixo de veículos ou pedaços de edifícios destruídos que obstruem as vias,
escondermo-nos na densa vegetação á procura do melhor momento para infligir um
golpe fatal aos nossos inimigos, entre outras, fazem de The Last of Us Part II
também um marco considerável nessa área. Fico com a sensação que os produtores
quiseram outorgar um lado mais furtivo ao jogo, privilegiando esse tipo de
ação, ao invés de munir o jogador de um número infindável de armamento, para
enfrentar desenfreadamente os seus oponentes. Claro que o jogador pode assumir
essa postura mais corajosa, mas sobretudo nas dificuldades mais elevadas,
certamente passará por dificuldades pela escassez de munição.
No plano gráfico, The
Last of Us Part II também se apresenta num nível de excelência, como
seria de esperar. Cenários ricos e muito detalhados, pormenores deliciosos nas
personagens, paisagens deslumbrantes e com uma variedade de aspetos climatéricos
sublimes, desde neve, chuva, vento, sol. O enorme trabalho realizado pela Naughty
Dog na captura de movimentos, conferiu o jogo a dose certa de realismo
e permitiu ao jogador uma experiência imersiva e muito próxima da vertente
cinematográfica. E o mais incrível é que tudo funciona de uma forma
tremendamente fluída, sem grandes tempos de carregamento e mesmo nos momentos
mais exigentes, como nos combates com as criaturas e demais inimigos.
Na sonoplastia, mais uma vez a Naughty
Dog realizou um trabalho irrepreensível, refinando ainda mais essa
vertente. É verdadeiramente arrepiante ouvir os sons tenebrosos dos clikers, desta vez ainda mais intensos e
arrepiantes, só para dar um exemplo. Outra adição, que não passa de um detalhe,
mas que é completamente delicioso, é a possibilidade de em determinados locais
ser possível tocar guitarra, ainda que durante poucos minutos. A primeira vez
que isso acontece, com a Ellie a tocar a música “Take on Me” é momento intenso e que
certamente vos irá deixar completamente siderados. Uma nota final para o
excelente trabalho na dobragem do jogo para português, onde Joana Ribeiro, Marcantónio
Del Carlo e Pedro Laginha, só para citar alguns, conseguiram também eles dar um
toque extra de qualidade.
Em suma, The Last of Us Part II
não é seguramente um jogo perfeito, porque a perfeição não existe, no entanto
neste título tudo é tão bem feito, desde a história, a jogabilidade, o grafismo
a sonoplastia, que merece naturalmente todo o destaque de que tem sido alvo. O
melhor elogio que pode ser dado a The Last of Us Part II é que quando o
acabamos a primeira vez, ficamos com vontade de voltar rapidamente a jogar, e
quando assim é, está tudo dito.
Esta análise foi realizada através de uma cópia cedida pelo
representante nacional de relações públicas.
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