Numa altura em que os lançamentos não param e são disponibilizados a bom ritmo, eis que tivemos a oportunidade de jogar o Dragon Age: The Veilguard, um título que era (pessoalmente) muito aguardado e onde as expetativas estavam bastante altas.
Dragon Age: The Veilguard é um jogo do género RPG (Role Playing Game) de ação-aventura, criado pela BioWare, o estúdio de desenvolvimento canadiano, com trabalhos de sucesso e mundialmente conhecidos como Baldur’s Gate, Star Wars: Knights of the Old Republic, Mass Effect e, claro está, Dragon Age. Publicado pela Electronic Arts, Dragon Age: The Veilguard é o quarto jogo da saga Dragon Age e trata-se de uma sequela direta do Dragon Age: Inquisition, contudo é ambientado numa nova localização no mundo fictício de Thedas. Lançado para várias plataformas no último dia do mês outubro, incluindo PC, Xbox Series X/S e PlayStation 5, esta última que serviu como base para esta review.
Antes mesmo de avançar para o conteúdo do meu artigo de opinião, queria deixar aqui registado uma pequena curiosidade. O desenvolvimento do título começou em 2015 e sofreu alguns (para não escrever muitos) adiamentos, bem como diversas mudanças significativas de jogabilidade e design, contudo a talvez a alteração mais radical foi a modificação do título do jogo, deixando de chamar-se Dragon Age: Dreadwolf passando para Dragon Age: The Veilguard, apenas poucos meses antes do seu lançamento oficial.
Dragon Age: The Veilguard é um jogo do género RPG (Role Playing Game) de ação-aventura, criado pela BioWare... |
NARRATIVA
A trama ocorre precisamente dez anos após os acontecimentos do final Dragon Age: Inquisition, onde Solas foi avistado pela derradeira vez. Contudo, após um longo período de retiro, o vilão reapareceu abruptamente e com intenções maléficas (como seria de esperar), que passam por destruir o Veil, nada mais, nada menos do que a fronteira metafísica entre o mundo físico e o Fade, o mundo dos espíritos e dos demónios.
Para os mais desatentos ou desconhecedores da história que está para trás nos títulos antecessores, o Veil foi criado anteriormente pelo próprio Solas, para aprisionar deuses élficos que usaram os seus poderes de forma imprópria e indevida. Todavia, Solas mostra agora algum arrependimento e procura a todo o custo quebrar essa barreira, libertando todos os males do reino de Fade.
O jogador assume o papel de Rook, contudo é possível selecionar a que raça pertence, bem como efetuar a sua personalização, que incluí a aparência e aspeto físico, raça, tipo de classe e até mesmo a fação de origem. Depois de alguns desacatos com os líderes da sua fação, Rook é recrutado para fazer parte de um grupo de elementos que irão ser os responsáveis por impedir o plano de Solas.
Porém, os acontecimentos aprazem-me deixar aqui uma pergunta e que só irão saber a verdadeira resposta quando terminarem a aventura (não vale ir ao Youtube e afins!): Será que Solas é realmente o vilão ou o plano dele tem outros propósitos?
JOGABILIDADE
E é no campo da jogabilidade que começam a surgir algumas modificações importantes, sobretudo se tivermos em comparação com os títulos predecessores, puros e claros RPGs (por outras palavras, RPGs à moda antiga). A equipa de desenvolvimento optou por metamorfosear a fórmula de sucesso usada não só nos seus antecessores, como também utilizada em outros títulos (alguns já referidos acima) e que alcançaram bons resultados junto da comunidade de fãs desse estilo de jogos, desenvolvendo um jogo mais equiparado com um RPG de ação e aventura. Percebe-se que optar por esse estilo é uma forma de granjear e atrair mais jogadores, sobretudo aqueles que são mais adeptos de um tipo de ação mais direta e assertiva.
Todavia, não quero afirmar com isto que os elementos RPGs não estão presentes, pois não estaria a ser autêntico, contudo, o jogo não assume esse desígnio de uma maneira tão vincada como nos títulos desenvolvidos no passado. Pessoalmente, prefiro essa nova abordagem, porque se enquadra melhor naquilo que eu espero de um jogo completo e desafiante, ainda assim, é apenas a minha opinião, respeitando sempre (como não poderia deixar de ser) quem tem uma ideia e uma forma de pensar antagónica.
Perante este cenário, o jogador pode esperar por inúmeros combates (corpo a corpo ou à distância) frente a inimigos comuns (alguns mesmo a roçar a repetibilidade) outros frente a incautos mais poderosos e intrincados, contudo, não poderiam faltar os bosses bastante aumentando exponencialmente a dificuldade sem ser demasiado árdua, porém sempre exigente e requerendo muita dedicação por parte do jogador. Tudo ingredientes que figuram muito bem num verdadeiro hack’n’slash, mais uma vez distanciando-se da estratégia e combates mais táticos dos títulos anteriores. Claro que o jogador possui ataques especiais (ou mágicos), devastadores e também tem a necessidade de esquivar ou bloquear ataques inimigos, exigindo um timing preciso.
Outra situação que era obrigatória estar presente e que o faz de uma maneira convincente e bem organizada estruturalmente é a tradicional árvore de habilidades, onde o jogador pode (e deve) evoluir as habilidades e características principais da personagem. Por fim, outra circunstância expetável, os diálogos. Tal como ocorre em títulos similares, os constantes (e alguns completamente desnecessários e sem grande razão de ser) são disponibilizados vezes sem conta, atrasando o desenrolar da aventura. Obviamente que percebo a razão da sua existência, mesmo sendo um requisito obrigatório de um RPG, ainda assim considero a dose exagerada, ainda para mais quando alguns não acrescentam quase nada à experiência.
...o jogador pode esperar por inúmeros combates (corpo a corpo ou à distância) frente a inimigos comuns... |
LONGEVIDADE
Os gamers mais veteranos e habituais nestas andanças, sobretudo os apaixonados por RPGs, sabem perfeitamente que esse género de jogo obrigam o jogador a despender muitas horas em frente ao ecrã e isso também se verifica em Dragon Age: The Veilguard. Aqueles que estão a pensar em começar a aventura, necessitam de ter em mente que estão perante um jogo exigente e demorado, sobretudo se o objetivo passa por concluir todas as missões, a principal (habitualmente apelidada de modo história) e as diversas quests secundárias.
Para ser sincero, fiquei com a sensação que o estúdio de desenvolvimento exagerou um pouco no número de missões secundárias, numa tentativa exasperada de aumentar a longevidade do título, que (na minha opinião) não tinha necessidade alguma de o fazer. Acrescentar só por acrescentar, sem justificação muito plausível, não é, francamente, uma boa opção. Até porque, ao longo da demanda encontrei quests tremendamente semelhantes e análogos, aumentando o aborrecimento do jogador, devido à velha questão da repetibilidade.
Um pormenor importante, Dragon Age: The Veilguard tem diversos finais, dependendo das várias decisões e opções que o jogador tem que tomar ao longo da trama, pelo que poderão (ou não) ter que o voltar a jogar se quiserem saber o que acontece de diferente, depois de experienciar outras decisões! Valerá a pena?
Aqueles que estão a pensar em começar a aventura, necessitam de ter em mente que estão perante um jogo exigente e demorado... |
GRAFISMO E SONOPLASTIA
A nível gráfico, Dragon Age: The Veilguard possuí uma direção de arte bem própria e com minuciosidades simultaneamente interessantes como dúbias. Existe um claro afastamento de um estilo visual realista para adotar algo mais cartoonizado, que inclusive em algumas ocasiões até o favorece, contudo, penso que o jogo beneficiaria com mais realismo, aproximando-o de outras grandes produções do mesmo segmento.
Porém, não quero afirmar que o grafismo não tem qualidade, trata-se apenas a constatação de um facto que é bem evidente. Gostos, são gostos e não se discutem (já dizia alguém!). Aliás os cenários são brilhantes e deslumbrantes, repletos de cor e vibração, sendo elevados a um patamar ainda mais colorido sobretudo quando se recorre aos poderes da magia da personagem.
No que concerne à sonoplastia, convêm indicar que Trevor Morris, o compositor responsável pela banda sonora do título antecessor Dragon Age: Inquisition que tantos louvores obteve, foi substituído por uma dupla, Hans Zimmer e Lorne Balfe, com inúmeras provas dadas na produção de música, até vencendo prémios importantíssimos a nível mundial, pelo que a qualidade musical foi preservada em Dragon Age: The Veilguard.
Aliás os cenários são brilhantes e deslumbrantes, repletos de cor e vibração... |
CONCLUSÃO
No computo geral e a título pessoal, fiquei bastante agradado com o que experienciei em Dragon Age: The Veilguard. Quem me conhece pessoalmente sabe que os RPGs clássicos não figuram na minha lista de preferências, portanto, esta mudança de paradigma para algo mais virado para a ação, vem ao encontro daquilo que aprecio num jogo. Todavia, alguma repetibilidade desnecessária, quer de missões similares e quer diálogos longos e exaustivos, diminuíram um pouco a grandiosidade da aventura.
Dragon Age: The Veilguard é uma opção bastante interessante para quem procura um RPG mais focado na ação do que num puro e clássico RPG. A repetibilidade de missões secundárias, diálogos longos e inconsequentes e a longevidade exagerada, são alguns aspetos menos positivos.
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas
0 comments