JOGOS: Disintegration | Análise

16.6.20


Precisamente no dia de hoje é lançado mundialmente o jogo Disintegration, criado pelo estúdio de desenvolvimento V1 Interactive e publicado pela Private Division, um título que tem a particularidade de ter o cunho pessoal de Marcus Lehto, co-criador da famosa série Halo.

A história de Disintegration ocorre 150 anos no futuro, onde problemas climáticos e ambientais originam o colapso da humanidade, obrigando que um grupo de cientistas desenvolvessem uma técnica inovadora, apelidada de integration, que permite transferir o cérebro humano para um corpo robotizado e dessa forma não estar dependente dos cada vez mais escassos recursos do planeta Terra. Inicialmente indicado como um processo facultativo e apenas para os interessados, eis que os Rayonne, que são uma fação hostil, emergem e afiguram-se como a força dominante no planeta, obrigando todos os humanos a enfrentarem o processo de integração. No meio deste complexo cenário surge um grupo de rebeldes já integrados, mas que escolheram sobreviver e lutar por um futuro melhor, na esperança de um dia se tornarem novamente humanos. Eles são os Outlaws, liderados por Romer Shoal, um famoso piloto de Gravcycle, cujo objetivo é tentar impedir os intentos dos Rayonne e restaurar a humanidade tal como a conhecíamos.


Disintegration é um first-person shooter, no entanto, inclui inúmeros elementos de real-time strategy, onde o jogador assume o papel de Romer Shoal. Aos comandos do Gravcycle, um veículo anti gravidade originalmente usado para reconhecimento de território, conseguimos não só utilizar as suas capacidades de locomoção aéreas, como todo o poder bélico presente no veículo, porém, em simultâneo também podemos liderar grupos de Outlaws situados no terreno, dando-lhe ordens de movimentação ou ataque, que são fundamentais para atingir o nosso desígnio. Ao longo do jogo pilotamos diversos Gravcycles, uns com capacidade de fogo devastadora, porém muito lentos na navegação, outros mais rápidos, mas apenas equipados com armamento de curto alcance e ainda outros com armas eficazes no combate à distância, no entanto mais frágeis ao fogo inimigo.

Para comandar o nosso esquadrão, existem as habituais instruções já conhecidas de outros títulos, destacando-se o Follow Mode que é o estado por defeito das nossas tropas, ou seja elas colocam-se á frente do Gravcycle e acompanham os movimentos do veículo. Na presença de inimigos, elas atacam automaticamente e utilizam as diversas proteções existentes no terreno. Através do Primary Pulse Order ordenamos que as tropas se mobilizem para o local indicado, lutando independentemente, sendo elas responsáveis por escolher quais os inimigos prioritários a abater. Por fim, utilizando o Priority Target Order instruímos à nossa equipa que ataque um determinado local ou inimigo, de uma forma agressiva e autoritária, abandonado as proteções do terreno, só regressando à postura normal depois de cumprido o objetivo. É uma ação útil quando queremos derrotar incautos mais poderosos, no entanto também é um risco pois ficam mais expostos ao fogo inimigo. Em qualquer altura, podemos cancelar as nossas ordens através do Order Cancel, obrigando as tropas a regressar ao modo por defeito, o Follow Mode.

Cada membro da nossa equipa possui características especiais, das quais se destacam Concussion Grenades, Ground Slam e Melee Attacks que todos eles atordoam os inimigos, tornando-os mais vulneráveis para o ataque final, porém existem objetos específicos no terreno que também podem ser utilizados em nosso proveito, como barris explosivos e quadro elétricos, que ao serem atingidos podem infligir dano aos hostis. Para saber onde estão esses materiais, bem como descobrir a localização de itens de interesse ou inimigos, o nosso Gravcycle está equipado com o Scan Mode, que quando acionado pesquisa no terreno por esses pontos de interesse, salientando-os de imediato, cabendo ao jogador tomar a decisão.


Em termos de jogabilidade, Disintegration pode inicialmente parecer algo confuso, complexo e até transmitir alguma incerteza ao jogador, porém quando conseguimos absorver todos os mecanismos e formas de comandar a nossa equipa, torna-se bastante apelativo. É realmente interessante verificar como toda a ação se desenrola de forma organizada e fluida, onde num minuto estamos a atacar desenfreadamente um local, como de seguida damos ordens para a equipa se retirar, protegendo-se numa zona segura e vice-versa. E a possibilidade de alternar entre sermos nós, comandando o Gravcylce, a assumir as despesas do ataque ou ordenar que sejam as nossas tropas a por em prática as suas habilidades, permitindo-nos ficar na posição de auxilio ou na expetativa, torna realmente o jogo aliciante e estimulante, pois consegue reunir de uma forma satisfatória o melhor dos jogos de FPS e de RTS, simultaneamente.

No total estão disponíveis 13 missões no modo Singleplayer, que podem ser repetidas quando terminadas, optando por diferentes níveis de dificuldade e tentando ser melhor sucedido. Todas as missões são entusiasmantes e nada repetitivas, no entanto talvez pecam por serem ligeiramente longas, podendo ser ao invés mais curtas e intensas. No Multiplayer, estarão disponíveis diversos modos, como o Zone Control onde cada equipa luta para controlar o mapa, conquistando e defendendo determinadas zonas especificas, o Collector onde cada equipa tem que recolher o máximo de cérebros antes de o tempo terminar ou atingindo um determinado objetivo ou o Retrieval onde os jogadores são divididos em equipas que só atacam ou só defendem. Os jogadores podem optar por equipas cada uma com habilidades e características especificas, como os King’s Guard, os The Sideshows, os Neon Dreams, os Tech Noir, os Warhedz, os Lost Ronin, os The Business, os Muertos e os The Militia.


Graficamente Disintegration apesar de estar agradável, podia apresentar-se melhor polido e ao nível de outros títulos atualmente existentes no mercado. As dificuldades foram sentidas principalmente nas cutscenes onde a falta de sincronismo entres as imagens e os sons era por demais evidente e eventualmente serão corrigidas numa atualização a ser disponibilizada em breve. Uma curta critica que mais uma vez assinalo é a não existência do idioma Português nos menus e informações do jogo, já nem menciono a dobragem do jogo para esse idioma, o que para mim é incompreensível nos tempos que correm, uma vez que os custos nem são de todo elevados. Pelo menos na versão que tivemos acesso não existia, no entanto em informações recolhidas a linguagem PT-BR estará presente no dia do lançamento.

Resumindo, Disintegration revelou-se realmente interessante, fruto de uma simbiose entre dois tipos de jogo (FPS e RTS) e que realmente funciona de uma forma intuitiva, prática e assertiva. Não me recordo de ver nada parecido no mercado, sendo que desta maneira consegue agradar a um universo distinto de jogadores, os fãs de first-person shooter e os de real-time strategy.

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