Depois do enorme sucesso que o remake Resident Evil 2 obteve,
quer de vendas, quer por tudo de bom que proporcionou aos fãs da série, era uma
questão de tempo para que a Capcom estendesse esse desígnio a
mais um título da série e que se calhar não será o último.
Desde o dia 3 de abril que Resident
Evil 3 está disponível nos pontos de venda habituais, totalmente recriado
a partir do título original, Resident Evil 3: Nemesis, que foi
lançado em setembro de 1999, voltando assim 21 anos depois a Raccon
City e a enfrentar um dos maiores temores da série, o tenebroso Nemesis.
Como não poderia deixar de ser, a
história de Resident Evil 3 é praticamente a mesma do título original,
apesar de aqui e ali, se desviar um pouco daquilo que aconteceu no passado,
talvez para o tornar mais completo e fazer mais assertivamente os elos de
ligação com o seu antecessor. Jill Valentine, uma antiga agente da
STARS,
vê-se obrigada a abandonar rapidamente a icónica Raccon City, uma vez que
um surto do “famoso” T-Vírus transformou a grande maioria dos seus habitantes em zombies. Para piorar ainda mais uma
situação desde logo terrível e horripilante, Nemesis um ser infame, inteligente
e biologicamente desenvolvido, não dá tréguas e persegue infernalmente Jill e
todos os restantes membros da sua equipa, tendo um singular objetivo, exterminá-los
a todos.
Durante a sua fuga, Jill
encontra alguns elementos da UBCS, uma equipa especial que foi
criada para procurar e salvar possíveis sobreviventes em Raccon City e acaba por unir
forças com Carlos Oliveira, tendo sempre em mente um claro e bem definido objetivo,
abandonar o mais rapidamente possível a cidade infestada. Mas tal como seria de
esperar, a tarefa não é nada fácil, uma vez que para além dos inúmeros “zombies” que vagueiam pelas ruas
sedentos de carne humana, a falta de recursos para enfrentar todos os perigos e
pelo meio ter que resolver alguns contratempos para prosseguir caminho, Jill
e Carlos
ainda terão que escapar a todo o custo ao terrível e maquiavélico Nemesis
que não lhes dá tréguas, perseguindo-os infernalmente durante toda a trama.
Nemesis surge sempre nas
piores alturas e não dá um segundo de descanso aos protagonistas, pouco
adiantando gastar balas do nosso arsenal nele, uma vez que é quase imparável,
restando-nos fugir, tentando escapar por todos os meios e usando alguns
elementos do cenário para o atrasar na sua demanda. Se todo o ambiente em torno
de Raccon
City já é pesado e taciturno, sempre que o terrível Nemesis
aparece, desperta em nós, jogadores, uma espécie de tensa claustrofobia, uma
vez que estamos confinados a um pequeno espaço de manobra e fuga, pelo que se
errarmos um milésimo de segundo, seguramente traçamos o nosso destino.
A evolução tecnológica, durante o
período que dista o lançamento de Resident Evil 3: Nemesis e este remake, foi de tal ordem que é uma tarefa
árdua e ingrata fazer algum tipo de comparação entre ambos os títulos. Por
isso, os habituais critérios de avaliação, como jogabilidade, longevidade,
grafismo e sonoplastia vão ser apenas utilizados para avaliar Resident
Evil 3, evitando ao máximo e sempre que for possível, fazer um paralelo
comparativo com o título de 1999.
Visualmente Resident Evil 3 está deveras
competente, desde as personagens e as suas interações, o cenário e ambiente em
redor, o caos existente em Raccon City e os efeitos especiais.
Aqui é claramente percetível o esforço por parte da Capcom em aproximar o
título ao que hoje em dia se faz de melhor na industria dos videojogos, no
entanto não esperem por gráficos a roçar o realismo e intensamente detalhados
como acontece em outros tipos de jogos.
Em termos de longevidade, Resident
Evil 3 não tem finais alternativos ou diferentes, por isso, uma vez
terminada a história, poucos são os motivos para voltar ao inicio e enfrentar
todos os medos outra vez. De modo a prolongar um pouco mais esse aspeto, o
estúdio de desenvolvimento optou por disponibilizar uma espécie de multiplayer de nome Resident Evil: Resistance um
jogo survival horror assimétrico. Em Resistance,
o jogador pode optar por ser um membro de uma equipa de quatro elementos, cujo
o objetivo é escapar a todo o custo das armadilhas e obstáculos que um terrível
e maquiavélico Mastermind lhes coloca
ou o inverso, selecionar o papel do Mastermind,
que através das cameras de vigilância, observa todos os passos, impedindo que
estes consigam escapar do local.
Era obrigatório que a jogabilidade
fosse muito díspar do título original, face aos referidos avanços tecnológicos,
no entanto foram preservados traços da sua essência, nomeadamente o inventário
e a forma de o utilizar, combinando itens recolhidos ou interagindo com
elementos do cenário. A ação decorre na terceira pessoa, independentemente de
os primeiros minutos parecerem indicar que não, e apesar de ser possível
aumentar/diminuir o campo de visão, constatei que em determinados momentos, o
espaço era demasiado diminuto para ter a perceção completa do que nos rodeava.
A sonoplastia está ao nível do esperado,
sem grandes inovações, no entanto e sobretudo nas situações de maior tensão, os
efeitos sonoros conjugados na perfeição com os visuais, auxiliam claramente a
transmitir a sensação de tensão e medo ao jogador. De assinalar a existência do
idioma Português do brasil nos menus de informações do jogo e nas legendas, que
apesar de não ser o cenário ideal, uma vez que o PT-PT deveria estar presente,
é um complemento razoável.
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