JOGOS: Resident Evil 3 | Análise

6.4.20


Depois do enorme sucesso que o remake Resident Evil 2 obteve, quer de vendas, quer por tudo de bom que proporcionou aos fãs da série, era uma questão de tempo para que a Capcom estendesse esse desígnio a mais um título da série e que se calhar não será o último.

Desde o dia 3 de abril que Resident Evil 3 está disponível nos pontos de venda habituais, totalmente recriado a partir do título original, Resident Evil 3: Nemesis, que foi lançado em setembro de 1999, voltando assim 21 anos depois a Raccon City e a enfrentar um dos maiores temores da série, o tenebroso Nemesis.


Como não poderia deixar de ser, a história de Resident Evil 3 é praticamente a mesma do título original, apesar de aqui e ali, se desviar um pouco daquilo que aconteceu no passado, talvez para o tornar mais completo e fazer mais assertivamente os elos de ligação com o seu antecessor. Jill Valentine, uma antiga agente da STARS, vê-se obrigada a abandonar rapidamente a icónica Raccon City, uma vez que um surto do “famoso” T-Vírus transformou a grande maioria dos seus habitantes em zombies. Para piorar ainda mais uma situação desde logo terrível e horripilante, Nemesis um ser infame, inteligente e biologicamente desenvolvido, não dá tréguas e persegue infernalmente Jill e todos os restantes membros da sua equipa, tendo um singular objetivo, exterminá-los a todos.


Durante a sua fuga, Jill encontra alguns elementos da UBCS, uma equipa especial que foi criada para procurar e salvar possíveis sobreviventes em Raccon City e acaba por unir forças com Carlos Oliveira, tendo sempre em mente um claro e bem definido objetivo, abandonar o mais rapidamente possível a cidade infestada. Mas tal como seria de esperar, a tarefa não é nada fácil, uma vez que para além dos inúmeros “zombies” que vagueiam pelas ruas sedentos de carne humana, a falta de recursos para enfrentar todos os perigos e pelo meio ter que resolver alguns contratempos para prosseguir caminho, Jill e Carlos ainda terão que escapar a todo o custo ao terrível e maquiavélico Nemesis que não lhes dá tréguas, perseguindo-os infernalmente durante toda a trama.


Nemesis surge sempre nas piores alturas e não dá um segundo de descanso aos protagonistas, pouco adiantando gastar balas do nosso arsenal nele, uma vez que é quase imparável, restando-nos fugir, tentando escapar por todos os meios e usando alguns elementos do cenário para o atrasar na sua demanda. Se todo o ambiente em torno de Raccon City já é pesado e taciturno, sempre que o terrível Nemesis aparece, desperta em nós, jogadores, uma espécie de tensa claustrofobia, uma vez que estamos confinados a um pequeno espaço de manobra e fuga, pelo que se errarmos um milésimo de segundo, seguramente traçamos o nosso destino.

A evolução tecnológica, durante o período que dista o lançamento de Resident Evil 3: Nemesis e este remake, foi de tal ordem que é uma tarefa árdua e ingrata fazer algum tipo de comparação entre ambos os títulos. Por isso, os habituais critérios de avaliação, como jogabilidade, longevidade, grafismo e sonoplastia vão ser apenas utilizados para avaliar Resident Evil 3, evitando ao máximo e sempre que for possível, fazer um paralelo comparativo com o título de 1999.

Visualmente Resident Evil 3 está deveras competente, desde as personagens e as suas interações, o cenário e ambiente em redor, o caos existente em Raccon City e os efeitos especiais. Aqui é claramente percetível o esforço por parte da Capcom em aproximar o título ao que hoje em dia se faz de melhor na industria dos videojogos, no entanto não esperem por gráficos a roçar o realismo e intensamente detalhados como acontece em outros tipos de jogos.


Em termos de longevidade, Resident Evil 3 não tem finais alternativos ou diferentes, por isso, uma vez terminada a história, poucos são os motivos para voltar ao inicio e enfrentar todos os medos outra vez. De modo a prolongar um pouco mais esse aspeto, o estúdio de desenvolvimento optou por disponibilizar uma espécie de multiplayer de nome Resident Evil: Resistance um jogo survival horror assimétrico. Em Resistance, o jogador pode optar por ser um membro de uma equipa de quatro elementos, cujo o objetivo é escapar a todo o custo das armadilhas e obstáculos que um terrível e maquiavélico Mastermind lhes coloca ou o inverso, selecionar o papel do Mastermind, que através das cameras de vigilância, observa todos os passos, impedindo que estes consigam escapar do local.

Era obrigatório que a jogabilidade fosse muito díspar do título original, face aos referidos avanços tecnológicos, no entanto foram preservados traços da sua essência, nomeadamente o inventário e a forma de o utilizar, combinando itens recolhidos ou interagindo com elementos do cenário. A ação decorre na terceira pessoa, independentemente de os primeiros minutos parecerem indicar que não, e apesar de ser possível aumentar/diminuir o campo de visão, constatei que em determinados momentos, o espaço era demasiado diminuto para ter a perceção completa do que nos rodeava. 

A sonoplastia está ao nível do esperado, sem grandes inovações, no entanto e sobretudo nas situações de maior tensão, os efeitos sonoros conjugados na perfeição com os visuais, auxiliam claramente a transmitir a sensação de tensão e medo ao jogador. De assinalar a existência do idioma Português do brasil nos menus de informações do jogo e nas legendas, que apesar de não ser o cenário ideal, uma vez que o PT-PT deveria estar presente, é um complemento razoável.


Resumindo, Resident Evil 3 é mais uma prova, se é que a Capcom necessitava, de como deveriam ser feitos todos os remakes de edições antigas. Se precisavam de uma razão para voltar a enfrentar o tenebroso Nemesis, então esta é a vossa oportunidade de o fazer, com um grafismo moderno e uma jogabilidade adaptada aos tempos que vivemos.

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