Vivemos numa era em que a
evolução tecnológica é de tal ordem que permite recorrer ao que de melhor foi
feito há muitos anos atrás, mais precisamente há 23 anos, e se transforme em
algo ainda melhor. Sim, estamos a falar de Final Fantasy VII Remake, lançado no
passado dia 10 de abril de 2020, em exclusivo para a PlayStation 4, no
entanto, apenas por um período de um ano, pelo que é praticamente seguro que
será disponibilizado para as restantes plataformas.
Recorrendo a um passado recente,
é claramente visível que diversos estúdios de desenvolvimento estejam a
direcionar a sua estratégia para a adaptação de vários títulos icónicos de
outros tempos às plataformas atuais. São cada vez mais os remakes ou remasters no
mercado e a sua esmagadora maioria agradam aos fãs, ainda que possam existir
opiniões díspares ou antagónicas. Uns poderão afirmar que é uma forma
relativamente simples de angariar dinheiro, uma vez que o sucesso já foi
alcançado no passado e será repetido no presente, fruto da legião de fãs que os
títulos granjearam. Outros consideram que é injusto recorrer a essa forma, uma
vez que o esforço, trabalho e dedicação deveriam ser direcionados para o
desenvolvimento de novos títulos. Para outros, é a oportunidade ideal de
(re)viver uma aventura épica, usufruindo de um grafismo que só a geração atual
possibilita, mantendo uma história incrivelmente escrita pelos fantásticos colaboradores
da Square
Enix.
Antes mesmo que avançar para a
minha análise/opinião, quero deixar bem claro que nunca fui um grande admirador
da franquia Final Fantasy e nem tão pouco conclui nenhum dos inúmeros
títulos que compõem a sua saga, no entanto, experienciei alguns, ainda que por
diminutos momentos.
Sem querer ser demasiado
minucioso e enfadonho, até porque a história de Final Fantasy VII Remake
merece ser conhecida e desfrutada com as mãos no comando e não com os olhos a
ler uma crónica, seguimos as peripécias de Cloud Strife, um ex-soldado da
megacorporação Shinra. Os propósitos da empresa são bastante óbvios, drenar
uma espécie de energia que existe no planeta Gaia, de importância vital
para a vida dos seus habitantes. Incomodado com essa situação e determinado a
impedir os intentos de Shinra, Cloud junta-se a um grupo
de elementos da resistência, apelidada de Avalanche. Porém, e apesar da
complexa tarefa que tinham em mãos, o grupo vê-se envolto em algo de maior
dimensão, uma vez que Sephiroth, também ele um ex-soldado
da empresa e arqui-inimigo de Cloud, reaparece mais forte e
determinado do que nunca. E mais não digo, pois o interessante é mesmo
descobrir o resto assim que estiverem a comandar os destinos de Cloud
e companhia.
Em termos de jogabilidade, aqueles
que jogaram a versão original de 1997, certamente irão notar bastantes
diferenças, uma vez que o antigo e cada vez mais em desuso, sistema “Active Time Battle” ou em termos mais vulgares,
combate por turnos, não é utilizado nem Final Fantasy VII Remake, uma
situação que era expectável, face ás capacidades dos equipamentos da geração
atual. A ação é agora em tempo real, quer a exploração, quer todas as restantes
mecânicas presentes no título, muito ao estilo Final Fantasy XV, outro
sucesso recente da franquia. As parecenças são por demais evidentes, podendo
controlar Cloud e o resto dos membros da Avalanche, livremente,
utilizando as respetivas armas e habilidades de cada um. Depois ainda existem
as capacidades mágicas de cada personagem, que podem ser acedidas através de um
menu e a barra Limit Break, que
quando completa, garante à personagem ataques especiais, mais poderosos e
devastadores. Resta referir a existência de poções que restauram a vida e
energia das personagens e outras que potenciam as suas capacidades. E o mais
importante a ressalvar no meio disto tudo é que a ação funciona de uma forma
bastante fluída e assertiva, proporcionando ao jogador intenso momentos de
combate.
Na vertente gráfica, obviamente
sem comparar com o título original porque é impossível de o fazer devido a
razões obvias, Final Fantasy VII Remake apresenta-se soberbo. Tudo foi pensado
e desenvolvido ao pormenor, desde as expressões, a movimentação e animações das
personagens, os cenários detalhados e ricos em conteúdo, as intensas e repletas
de movimentos cenas de combate, sempre com uma conotação obvia e necessária ao
tipo de jogo desenvolvido por um estúdio nipónico e com bastantes provas dadas
no passado.
Falar de longevidade num jogo do
tipo RPG já é por si só sinónimo de largas horas. Juntar a esse estilo de jogo uma
história fantástica e extensa sobre universo Final Fantasy é
claramente acrescentar qualidade e ao mesmo tempo aumentar paralelamente a
longevidade. Só para terem uma ideia, a versão original de 1997 era composta
por três CDs, o que para a altura podia ser considerado uma loucura, pois não
havia nada igual no mercado. Final Fantasy VII Remake, pelo menos
a versão que tivemos acesso contém dois Blu-ray, por isso contêm que será
necessário muito espaço livre na vossa consola para usufruir desta obra. Para
além disso e ao que tudo indica, sem ainda existir confirmação totalmente
oficial, este título é só a primeira parte, pelo que talvez se seguirão uma ou
duas continuações, a serem confirmadas num futuro próximo.
Na sonoplastia apesar de Final
Fantasy VII Remake estar dentro de padrões elevados nesse patamar,
sobretudo se conseguirem jogar com as vozes na sua língua de origem (situação que
depois de ter tentado, confesso que não adotei, preferindo usar o inglês), no
entanto, ao contrário da vertente gráfica, não deslumbra, apenas cumpre os seus
intentos. No plano negativo, mais uma vez assinalo a não existência do idioma Português
nos menus e informações do jogo, o que para mim é incompreensível nos tempos
que correm, uma vez que os custos nem são de todo elevados.
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