JOGOS: Final Fantasy VII Remake| Análise

14.4.20


Vivemos numa era em que a evolução tecnológica é de tal ordem que permite recorrer ao que de melhor foi feito há muitos anos atrás, mais precisamente há 23 anos, e se transforme em algo ainda melhor. Sim, estamos a falar de Final Fantasy VII Remake, lançado no passado dia 10 de abril de 2020, em exclusivo para a PlayStation 4, no entanto, apenas por um período de um ano, pelo que é praticamente seguro que será disponibilizado para as restantes plataformas.

Recorrendo a um passado recente, é claramente visível que diversos estúdios de desenvolvimento estejam a direcionar a sua estratégia para a adaptação de vários títulos icónicos de outros tempos às plataformas atuais. São cada vez mais os remakes ou remasters no mercado e a sua esmagadora maioria agradam aos fãs, ainda que possam existir opiniões díspares ou antagónicas. Uns poderão afirmar que é uma forma relativamente simples de angariar dinheiro, uma vez que o sucesso já foi alcançado no passado e será repetido no presente, fruto da legião de fãs que os títulos granjearam. Outros consideram que é injusto recorrer a essa forma, uma vez que o esforço, trabalho e dedicação deveriam ser direcionados para o desenvolvimento de novos títulos. Para outros, é a oportunidade ideal de (re)viver uma aventura épica, usufruindo de um grafismo que só a geração atual possibilita, mantendo uma história incrivelmente escrita pelos fantásticos colaboradores da Square Enix.


Antes mesmo que avançar para a minha análise/opinião, quero deixar bem claro que nunca fui um grande admirador da franquia Final Fantasy e nem tão pouco conclui nenhum dos inúmeros títulos que compõem a sua saga, no entanto, experienciei alguns, ainda que por diminutos momentos.

Sem querer ser demasiado minucioso e enfadonho, até porque a história de Final Fantasy VII Remake merece ser conhecida e desfrutada com as mãos no comando e não com os olhos a ler uma crónica, seguimos as peripécias de Cloud Strife, um ex-soldado da megacorporação Shinra. Os propósitos da empresa são bastante óbvios, drenar uma espécie de energia que existe no planeta Gaia, de importância vital para a vida dos seus habitantes. Incomodado com essa situação e determinado a impedir os intentos de Shinra, Cloud junta-se a um grupo de elementos da resistência, apelidada de Avalanche. Porém, e apesar da complexa tarefa que tinham em mãos, o grupo vê-se envolto em algo de maior dimensão, uma vez que Sephiroth, também ele um ex-soldado da empresa e arqui-inimigo de Cloud, reaparece mais forte e determinado do que nunca. E mais não digo, pois o interessante é mesmo descobrir o resto assim que estiverem a comandar os destinos de Cloud e companhia.


Em termos de jogabilidade, aqueles que jogaram a versão original de 1997, certamente irão notar bastantes diferenças, uma vez que o antigo e cada vez mais em desuso, sistema “Active Time Battle” ou em termos mais vulgares, combate por turnos, não é utilizado nem Final Fantasy VII Remake, uma situação que era expectável, face ás capacidades dos equipamentos da geração atual. A ação é agora em tempo real, quer a exploração, quer todas as restantes mecânicas presentes no título, muito ao estilo Final Fantasy XV, outro sucesso recente da franquia. As parecenças são por demais evidentes, podendo controlar Cloud e o resto dos membros da Avalanche, livremente, utilizando as respetivas armas e habilidades de cada um. Depois ainda existem as capacidades mágicas de cada personagem, que podem ser acedidas através de um menu e a barra Limit Break, que quando completa, garante à personagem ataques especiais, mais poderosos e devastadores. Resta referir a existência de poções que restauram a vida e energia das personagens e outras que potenciam as suas capacidades. E o mais importante a ressalvar no meio disto tudo é que a ação funciona de uma forma bastante fluída e assertiva, proporcionando ao jogador intenso momentos de combate.

Na vertente gráfica, obviamente sem comparar com o título original porque é impossível de o fazer devido a razões obvias, Final Fantasy VII Remake apresenta-se soberbo. Tudo foi pensado e desenvolvido ao pormenor, desde as expressões, a movimentação e animações das personagens, os cenários detalhados e ricos em conteúdo, as intensas e repletas de movimentos cenas de combate, sempre com uma conotação obvia e necessária ao tipo de jogo desenvolvido por um estúdio nipónico e com bastantes provas dadas no passado.


Falar de longevidade num jogo do tipo RPG já é por si só sinónimo de largas horas. Juntar a esse estilo de jogo uma história fantástica e extensa sobre universo Final Fantasy é claramente acrescentar qualidade e ao mesmo tempo aumentar paralelamente a longevidade. Só para terem uma ideia, a versão original de 1997 era composta por três CDs, o que para a altura podia ser considerado uma loucura, pois não havia nada igual no mercado. Final Fantasy VII Remake, pelo menos a versão que tivemos acesso contém dois Blu-ray, por isso contêm que será necessário muito espaço livre na vossa consola para usufruir desta obra. Para além disso e ao que tudo indica, sem ainda existir confirmação totalmente oficial, este título é só a primeira parte, pelo que talvez se seguirão uma ou duas continuações, a serem confirmadas num futuro próximo.

Na sonoplastia apesar de Final Fantasy VII Remake estar dentro de padrões elevados nesse patamar, sobretudo se conseguirem jogar com as vozes na sua língua de origem (situação que depois de ter tentado, confesso que não adotei, preferindo usar o inglês), no entanto, ao contrário da vertente gráfica, não deslumbra, apenas cumpre os seus intentos. No plano negativo, mais uma vez assinalo a não existência do idioma Português nos menus e informações do jogo, o que para mim é incompreensível nos tempos que correm, uma vez que os custos nem são de todo elevados.


Em suma, Final Fantasy VII Remake é mais um rejuvenescimento de um clássico e que chega agora até nós em grande estilo, com uma qualidade gráfica ímpar e uma narrativa que tem tanto de complexo como de fantástico e cativante. Este é um título obrigatório, quer para aqueles que já o jogaram no passado, permitindo reviver a experiência agora em alta definição, quer para os que nunca se atreveram a vivenciar esta aventura, pois certamente não se irão arrepender.

  • Share:

Também poderá gostar de

0 comments