Diretamente das profundezas do Metro para um mundo consumido pela destruição e repleto de perigos, este podia ser um dos muitos slogans que poderia criar de modo a descrever o novo jogo da 4A Games, Metro: Exodus.
Para aqueles que passaram pela
agradável experiência dos dois títulos anteriores desta saga, Metro
2033 e Metro: Last Night, quer nas consolas da geração anterior ou
numa versão disponibilizada mais recentemente para as consolas atuais, Metro:
Redux que continha os dois jogos referidos, totalmente restruturados e
melhorados, o regresso a um palco que tantas boas memórias e sensações deixou,
é um motivo de claro regozijo.
Assim que iniciamos Metro:
Exodus e a pensar sobretudo naqueles que não tiveram a oportunidade de
jogar os seus antecessores, a 4A Games fez questão de incluir um
conciso flashback relatando as circunstâncias de deram origem ao conflito e a
obrigatoriedade de a população sobrevivente recorrer aos escuros e tenebrosos
túneis do metro para continuar a sua vida. Voltamos a vestir a pele de Artyom,
que agora se apresenta bem mais maduro e casado com Anna, no entanto continua
igualmente impetuoso e imprudente, como no passado. A sua missão e da Ordem Espartana, da qual é membro
influente, é garantir a segurança dos sobreviventes e ao mesmo tempo melhorar
os meios para que a população possa viver cada vez melhor, mesmo que para isso
enfrente inúmeros perigos nas suas frequentes e intempestivas viagens á
aterradora superfície, em busca de bens e recursos, mas também na esperança de
encontrar novos sobreviventes e/ou hipotéticas zonas onde seja possível
habitar, deixando de vez os angustiantes tuneis do metro.
Depois de tantas e arriscadas
expedições, sempre com resultados negativos, Artyom finalmente vê os
seus anseios tornarem-se verdadeiros, ao avistar sinais de vida no exterior do
metro. Apesar de ser o único a acreditar nessa situação, Artyom consegue convencer
Anna
em embarcar numa aventura que tem tudo para correr da pior forma, o que
inevitavelmente ocorre. Miller, o seu sogro e líder máximo
da Ordem Espartana, apressa-se a
encetar uma missão de resgaste, mas face as ocorrências com que se depara,
rapidamente a missão se transforma numa expedição com apenas um e bem claro
objetivo, encontrar um local estável e livre de riscos, para que possam viver
fora dos claustrofóbicos e trevosos tuneis. Contudo, será escusado referir que
os problemas não terminam por aqui e algo de muito perturbador irá obviamente
acontecer, mas isso deixo para descobrirem por vocês mesmo.
Se jogaram os títulos anteriores,
terão a oportunidade de reviver algumas das particularidades marcantes das
experiências antecessoras, no entanto agora de uma forma ainda mais otimizada e
melhorada. Só para referir alguns exemplos, existe francamente mais opções de
personalização das armas ao nosso dispor, todos elas com aspetos bem vincados
ao mundo pós-apocalíptico no qual se situa a ação. No campo da personalização, outra
inovação que salta bem a vista é a possibilidade de apetrecharmos a nossa
máscara de gás, com melhoramentos e materiais que lhe conferem mais
durabilidade, permitindo estar mais tempo exposto a gases tóxicos e nocivos ao
organismo.
A jogabilidade, tal como em quase
todos os outros aspetos de Metro: Exodus, está sensatamente
aperfeiçoada, apesar de considerar que ela já era bem acima do razoável em Metro:
Redux, no entanto tenho que confidenciar que estava ligeiramente
ansioso em perceber como iria funcionar um título que fez da claustrofobia dos
tuneis medonhos de Moscovo a sua reputação, transfigurar-se em algo semelhante
a um mundo aberto, passível de uma exploração rigorosa, ainda que com uma linha
orientadora bem definida e ao mesmo tempo mantendo vivas as suas raízes. Pois
bem, atrevo-me a afirmar que a 4A Games acertou em cheio. Se por um
lado conseguiu dar uma lufada de ar fresco aquele jogador que já é repetente
nas aventuras perturbadoras do metro e todas as suas características bem
próprias, por outro lado conseguiu manter vincadas particularidades icónicas
presentes em toda a saga sem ser repetitivas e enfadonhas, por isso, não
estranhem quando deixarem a obscuridade dos túneis para passarem para a
claridade incómoda dos desertos ou a gélida neve presente em alguns locais.
Ainda no plano da jogabilidade, convém referir que mais uma vez, tal como nos
antecessores, algumas minudências fazem toda a diferença, por exemplo a
obrigatoriedade de sermos cautelosos no uso das mascaras de gás para não gastar
desnecessariamente os filtros ou sermos conscienciosos quando dispararmos as
nossas armas de modo a não ficarmos sem munições na altura errada á hora
errada.
Uma curiosidade que confere
traços de algum realismo é a necessidade de recorrer ao mapa, mas de uma forma
bem diferente de outros títulos onde o local está bem assinalado e temos uma espécie
de GPS que nos leva sem dificuldades ao destino. Em Metro: Exodus é indispensável
usar o mapa como se tratasse de um mapa verdadeiramente físico e ao mesmo tempo
fazendo uso do nosso sentido de orientação. Sem dúvida um pormenor, mas é
através desses detalhes que os jogos marcam a diferençam e tornam-se
referências nas suas áreas.
Graficamente, Metro:
Exodus está manifestamente superior aos anteriores, obviamente que outra
coisa não seria de esperar e apesar de ter jogado na plataforma PlayStation
4 versão base, onde é notório a qualidade do trabalho realizado. Para
além do meio ambiente, que está surrealmente completo e a roçar a perfeição, o
que mais me impressionou foram os ciclos climatéricos. Percorrer as zonas gélidas
com flocos de neve a cair amiudamente, atravessar os secos, soalheiros e vastos
desertos ou ainda mais impressionante o denso nevoeiro existente em determinadas
zonas, são exemplos perfeitos.
A nível sonoro, é com regozijo que
verifiquei aquilo que assinalei na anterior análise ao Metro: Redux,
nomeadamente o lado medíocre nas cutscenes,
onde as expressões faciais não coincidem com as vozes das personagens e até
mesmo nos sons dos disparos de algumas armas, foram nitidamente melhorados, no
entanto o ponto mais forte contínua a ser o curioso sotaque russo acentuado
amiudamente presente nas principais personagens e o tenebroso som emitido pelo
aproximar das criaturas, elementos que conferem positividade e credibilidade ao
título.
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