JOGOS: Metro: Exodus | Análise

22.2.19


Diretamente das profundezas do Metro para um mundo consumido pela destruição e repleto de perigos, este podia ser um dos muitos slogans que poderia criar de modo a descrever o novo jogo da 4A Games, Metro: Exodus.

Para aqueles que passaram pela agradável experiência dos dois títulos anteriores desta saga, Metro 2033 e Metro: Last Night, quer nas consolas da geração anterior ou numa versão disponibilizada mais recentemente para as consolas atuais, Metro: Redux que continha os dois jogos referidos, totalmente restruturados e melhorados, o regresso a um palco que tantas boas memórias e sensações deixou, é um motivo de claro regozijo.


Assim que iniciamos Metro: Exodus e a pensar sobretudo naqueles que não tiveram a oportunidade de jogar os seus antecessores, a 4A Games fez questão de incluir um conciso flashback relatando as circunstâncias de deram origem ao conflito e a obrigatoriedade de a população sobrevivente recorrer aos escuros e tenebrosos túneis do metro para continuar a sua vida. Voltamos a vestir a pele de Artyom, que agora se apresenta bem mais maduro e casado com Anna, no entanto continua igualmente impetuoso e imprudente, como no passado. A sua missão e da Ordem Espartana, da qual é membro influente, é garantir a segurança dos sobreviventes e ao mesmo tempo melhorar os meios para que a população possa viver cada vez melhor, mesmo que para isso enfrente inúmeros perigos nas suas frequentes e intempestivas viagens á aterradora superfície, em busca de bens e recursos, mas também na esperança de encontrar novos sobreviventes e/ou hipotéticas zonas onde seja possível habitar, deixando de vez os angustiantes tuneis do metro.


Depois de tantas e arriscadas expedições, sempre com resultados negativos, Artyom finalmente vê os seus anseios tornarem-se verdadeiros, ao avistar sinais de vida no exterior do metro. Apesar de ser o único a acreditar nessa situação, Artyom consegue convencer Anna em embarcar numa aventura que tem tudo para correr da pior forma, o que inevitavelmente ocorre. Miller, o seu sogro e líder máximo da Ordem Espartana, apressa-se a encetar uma missão de resgaste, mas face as ocorrências com que se depara, rapidamente a missão se transforma numa expedição com apenas um e bem claro objetivo, encontrar um local estável e livre de riscos, para que possam viver fora dos claustrofóbicos e trevosos tuneis. Contudo, será escusado referir que os problemas não terminam por aqui e algo de muito perturbador irá obviamente acontecer, mas isso deixo para descobrirem por vocês mesmo.

Se jogaram os títulos anteriores, terão a oportunidade de reviver algumas das particularidades marcantes das experiências antecessoras, no entanto agora de uma forma ainda mais otimizada e melhorada. Só para referir alguns exemplos, existe francamente mais opções de personalização das armas ao nosso dispor, todos elas com aspetos bem vincados ao mundo pós-apocalíptico no qual se situa a ação. No campo da personalização, outra inovação que salta bem a vista é a possibilidade de apetrecharmos a nossa máscara de gás, com melhoramentos e materiais que lhe conferem mais durabilidade, permitindo estar mais tempo exposto a gases tóxicos e nocivos ao organismo.


A jogabilidade, tal como em quase todos os outros aspetos de Metro: Exodus, está sensatamente aperfeiçoada, apesar de considerar que ela já era bem acima do razoável em Metro: Redux, no entanto tenho que confidenciar que estava ligeiramente ansioso em perceber como iria funcionar um título que fez da claustrofobia dos tuneis medonhos de Moscovo a sua reputação, transfigurar-se em algo semelhante a um mundo aberto, passível de uma exploração rigorosa, ainda que com uma linha orientadora bem definida e ao mesmo tempo mantendo vivas as suas raízes. Pois bem, atrevo-me a afirmar que a 4A Games acertou em cheio. Se por um lado conseguiu dar uma lufada de ar fresco aquele jogador que já é repetente nas aventuras perturbadoras do metro e todas as suas características bem próprias, por outro lado conseguiu manter vincadas particularidades icónicas presentes em toda a saga sem ser repetitivas e enfadonhas, por isso, não estranhem quando deixarem a obscuridade dos túneis para passarem para a claridade incómoda dos desertos ou a gélida neve presente em alguns locais. Ainda no plano da jogabilidade, convém referir que mais uma vez, tal como nos antecessores, algumas minudências fazem toda a diferença, por exemplo a obrigatoriedade de sermos cautelosos no uso das mascaras de gás para não gastar desnecessariamente os filtros ou sermos conscienciosos quando dispararmos as nossas armas de modo a não ficarmos sem munições na altura errada á hora errada.


Uma curiosidade que confere traços de algum realismo é a necessidade de recorrer ao mapa, mas de uma forma bem diferente de outros títulos onde o local está bem assinalado e temos uma espécie de GPS que nos leva sem dificuldades ao destino. Em Metro: Exodus é indispensável usar o mapa como se tratasse de um mapa verdadeiramente físico e ao mesmo tempo fazendo uso do nosso sentido de orientação. Sem dúvida um pormenor, mas é através desses detalhes que os jogos marcam a diferençam e tornam-se referências nas suas áreas.

Graficamente, Metro: Exodus está manifestamente superior aos anteriores, obviamente que outra coisa não seria de esperar e apesar de ter jogado na plataforma PlayStation 4 versão base, onde é notório a qualidade do trabalho realizado. Para além do meio ambiente, que está surrealmente completo e a roçar a perfeição, o que mais me impressionou foram os ciclos climatéricos. Percorrer as zonas gélidas com flocos de neve a cair amiudamente, atravessar os secos, soalheiros e vastos desertos ou ainda mais impressionante o denso nevoeiro existente em determinadas zonas, são exemplos perfeitos.


A nível sonoro, é com regozijo que verifiquei aquilo que assinalei na anterior análise ao Metro: Redux, nomeadamente o lado medíocre nas cutscenes, onde as expressões faciais não coincidem com as vozes das personagens e até mesmo nos sons dos disparos de algumas armas, foram nitidamente melhorados, no entanto o ponto mais forte contínua a ser o curioso sotaque russo acentuado amiudamente presente nas principais personagens e o tenebroso som emitido pelo aproximar das criaturas, elementos que conferem positividade e credibilidade ao título.

Resumindo, Metro: Exodus é distintamente um exemplo de como todas as sagas de jogos deviam ser, ou seja, mantendo tudo o que de bom os antecessores trouxeram, aprimorando e ajustando de acordo com as exigências atuais, inovando comedidamente e sem loucuras desmedidas. A 4A Games fez mais um excelente trabalho, consagrando de uma forma bastante assinalável o sucesso alcançado pelas reconhecidas obras do escritor premiado internacionalmente, Dmitry Glukhovsky.



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