JOGOS: Kingdom Hearts III | Análise

6.2.19


Em análises, quer em títulos que fazem parte de sagas de longa data ou quer em jogos isolados (ainda que menos frequente), as comparações são inevitáveis, no entanto, desta vez vou assumir o compromisso de não recorrer a essa situação, centrando-me apenas em Kingdom Hearts III. Os dois motivos principais que me fizeram tomar uma decisão desse género são, em primeiro lugar, o facto de este ser o meu primeiro contacto com universo fantástico e mágico de Kingdom Hearts e em segundo lugar, porque contabilizando todos os títulos lançados desde sensivelmente 2002, com a chancela Kingdom Hearts, era impossível acompanhar toda a trama que, entretanto, já se desenrolou.

Perante este cenário, decidi aventurar-me neste fascinante e cativante universo, que tem tanto de mágico e fantasioso como de complexo e emaranhado. De modo a ser acessível aqueles que como eu estão pela primeira vez a viver esta aventura, a Square Enix adicionou uma extensa e completa súmula dos acontecimentos ocorridos nas anteriores versões, mas fê-lo de uma forma brilhante que automaticamente somos embrenhados magicamente pelo seu encanto, que nem damos conta do longo tempo despendido só na introdução. Se já de si era bem completa, o jogador pode, e caso seja do seu interesse, aprofundar o conhecimento, recorrer ao Memory Archive, que é um conjunto de resumos divididos por capítulos, sobre os principais eventos dos jogos anteriores.


Pondo um pouco de lado o passado de toda a trama, se bem que é uma tarefa deveras complicada, a história deste Kingdom Hearts III passa de complexa a compreensível. A personagem principal Sora, um adolescente que outrora possuía inúmeros poderes especiais e magias, rapidamente vê-se sem quase a sua totalidade. Quando confrontando pelo sucedido, o seu mestre Yen Sid, ordena-o que parta numa demanda para os recuperar, no entanto, Sora não é deixado ao abandono, pois para o auxiliar nada melhor que duas figuras mundialmente conhecidas, o Pateta e o Pato Donald, companheiros que já viveram aventuras anteriores.

A partir desse momento a aventura desenlaça-se pelos diversos mundos encantadores da Disney, onde é possível visitar ou revisitar, para aqueles que estão familiarizados com os filmes da Disney e/ou Pixar, locais icónicos como o Olimpo de Hércules, os Piratas das Caraíbas de Jack Sparrow, o gélido universo de Fronzen de Anna, Elsa e Olaf, as florestas de Entrelaçados de Rapunzel, o imaginário de Monstros e Companhia de Mike Wazowski e James P. Sullivan e Toy Story do xerife Woody e o astronauta Buzz Lightyear, só para citar alguns. É enorme o reportório de conteúdo existente neste jogo, mesmo que não agrade a todos, seguramente trará boas sensações e recordações prazerosas dos heróis que nos marcam/marcaram numa boa parte da nossa infância, justificando um pouco o porquê de Kingdom Hearts III ter começado a ser desenvolvido em 2006, anunciado em 2013 e disponibilizado em 2019.


Enquadrados na aventura, não nos podemos esquecer que Kingdom Hearts III é um título do tipo Hack and slash, por isso a sua jogabilidade tem que ser levada muito em conta. A principal arma que Sora possuí para fazer frente a quem se opõe ao seu caminho é uma chave, conhecida no universo de Kingdom Hearts como Keyblade. No entanto, a magia e os feitiços fazem parte das habilidades da personagem, que pouco a pouco e cada vez mais frequentemente ao longo do percurso, são uma constante em Sora. Os efeitos visuais dos feitiços e magias de Sora estão sublimes e dão ainda mais expressão a este título, enchendo o ecrã de cor, vivacidade e espetacularidade, sobretudo aqueles que são executados em conjunto com os nossos condiscípulos de jornada.

Com tanta movimentação, golpes e magias, a jogabilidade pode parecer um pouco complexa, uma vez que em determinadas zonas do mapa a ação é tão intensa e veemente, no entanto o estúdio de desenvolvimento conseguiu produzir algo evolutivo, de fácil aprendizagem e acompanhado de instruções detalhadas, que assim que conseguimos realizar um combo, ficamos maravilhados com o seu efeito visual e orgulhosos da nossa prestação.


A contrastar com a simplicidade da jogabilidade, existe um detalhado e minucioso sistema, onde conseguimos efetuar todas as parametrizações das personagens. Para se ter noção do nível do pormenor existente, podemos atribuir poderes e habilidades, quer a Sora, quer aos restantes companheiros, configurar o menu de acesso rápido com elementos como poções ou feitiços, gerir o inventário de itens recolhidos ao longo da aventura, evoluir armas e equipamento, entre outras situações que irão descobrir por vocês mesmo.

A aventura em Kingdom Hearts III não se resume apenas à trama principal, uma vez que de modo a aumentar um pouco a sua jogabilidade, o jogador tem ao seu dispor uma espécie de pequenos divertimentos, todos eles relacionados com os mundos em que estamos e que complementam a experiência, não sendo de estranhar que por diversas vezes nos façam despender muito tempo a entretemo-nos com, por exemplo, o Frozen Slider (Arendelle) no gélido reino de Frozen, o Festival Dance (Kingdom Of Corona) ou o 100 Acre Wood uma espécie de Candy Crush mas com vegetais e frutos, entre outros. Convém referir que sempre que concluímos com sucesso esses mini-jogos, somos premiados com algo especial e de importância para o desenrolar do jogo.


Graficamente, Kingdom Hearts III está ao nível de um filme de animação com o carimbo da Pixar, repleto de cores vibrantes e intensas, com muita coisa a acontecer em simultâneo, tudo fluindo de uma forma natural. De salientar que no menu do jogo podem optar entre Default (60FPS com grafismo ligeiramente reduzido) ou Stable (30FPS mas privilegiando o nível gráfico). Uma palavra muito especial para a sonoplastia, que apesar das vozes das personagens e os efeitos especiais serem bem competentes e idóneos, o que realmente eleva o título a outro patamar, é sem dúvida a banda sonora. Músicas de fundo brilhantes e encantadoras, intensas na altura certa, melancólicas nos momentos tristes, transformando claramente o ambiente e despertando sensações corretas no momento próprio.

Em suma, Kingdom Hearts III é uma carismática e deslumbrante aventura, que merece ser vivida por todos os amantes de videojogos. Apesar da longa e confusa história poder ser um entrave a quem está a estabelecer o primeiro contacto este universo fantástico, aquilo que nos é oferecido pela Square Enix em termos diversão, magia e personagens/mundos icónicos da Disney/Pixar, suplanta bem esse detalhe.


  • Share:

Também poderá gostar de

0 comments