Assim que foi anunciado e quando foram vistos os primeiros detalhes de Just Cause 4, para além de tudo o que de bom nos foi proporcionado em Just Cause 3, foi com naturalidade que o mais recente capítulo da saga das loucas aventuras de Rico Rodriguez, fosse um título muito aguardado e desejado, deste ano de 2018 que está perto do seu final.
A história de Just
Cause 4 é bastante simples, aliás aqueles que já percorreram as
andanças anteriores e conhecem minimamente o propósito do jogo, sabem
claramente que aqui a história pode ser relegada para segundo plano. A
narrativa surge apenas como elo de ligação entre as missões, muitas das quais
passam por ir do ponto A ao ponto B, eliminando (ou não) todos os inimigos que
vão aparecendo pela frente, de modo livre e da forma mais criativa que possam
executar. Ainda assim, a ação centra-se novamente em Rico Rodriguez, novamente
com o objetivo principal de libertar uma povoação da tirania do seu líder, que
novamente está protegido por um grupo de mercenários com acesso à mais avançada
tecnologia militar. Até aqui nada de inovador, no entanto, não pensem que Just
Cause 4 é uma cópia exata do seu antecessor, ainda que as parecenças
sejam demasiado evidentes.
O local onde tudo se desenrola,
de nome Solís, que é só um dos maiores mapas criados num jogo, possuí
características bem próprias, sobretudo a nível climatérico. Intensos nevões,
densas tempestades de areia, inúmeros trovões e até um violento tornado, são
fenómenos naturais com os quais temos que saber lidar, se queremos permanecer
com vida. A piorar tudo isto, os rebeldes desenvolveram meios para os utilizar em
sua proteção, no entanto, Rico não está para brincadeiras e é
caso para dizer “o feitiço virou contra o
feiticeiro”.
Em Just Cause 4, tal como no
título anterior, Rico pode utilizar o que existe no meio ambiente para levar a
avante a sua demanda, desde a artilharia bélica presente, podendo optar pelo
armamento mais leve até ao mais pesado, veículos ligeiros e rápidos ou
blindados e lentos, entre outros, mas uma funcionalidade que já era
interessante anteriormente e que neste título foi aprimorada, é sem dúvida o
indispensável e já imagem de marca do título, o gancho de corda, mais conhecido
por Grapling
Hook. Nesta versão, a Avalanche Studios quis dar ainda
mais enfase e destaque ao gancho, permitindo ao jogador diversas possibilidades
de personalização, saltando logo à vista a capacidade de prender o inimigo a um
balão que se eleva infinitamente pelo ar, prender os vilões aos veículos em andamento
arrastando-os pelas estradas, cabos com mini propulsores que estrategicamente
colocados em objetos, podem ser um meio para a destruição do local, entre
outras hipóteses onde o limite é apenas a imaginação do jogador.
Claro que para desbloquearem as diferentes
funções é necessário concluir determinadas missões, quer principais e em muitos
dos casos, as secundárias, algo repetitivas e monótonas, mas a recompensa é
bastante satisfatória, sobretudo quando estamos perante as que interagem com
clima peculiar de Solís. Esta funcionalidade é sem dúvida o melhor que Just
Cause 4 tem para oferecer, e afirmo com 99,9% de certeza que a grande
maioria dos jogadores (eu incluído) irão brincar com o gancho, criando o caos
só por criar, sem ser numa missão, com o objetivo de experimentar todas as
possibilidades, sendo mais criativo e insano quanto a mente permitir.
No entanto, quando tudo parecia
que se ia conjugar de uma forma sólida e bem estruturada, num ápice Just
Cause 4 deita (quase) tudo a perder. Na minha opinião, nos tempos que
correm e com os equipamentos apelidados da nova geração e sobretudo comparando
com outros títulos lançados anteriormente, como o próprio Just Cause 3 ou outros de
diferentes estúdios de desenvolvimento aclamados pela comunidade de videojogos,
é completamente impensável e intolerável, experienciar as gritantes falhas ou
problemas técnicos, que ocorrem durante praticamente em todo o tempo do jogo. A
plataforma utilizada para fazer esta análise foi a consola PlayStation 4 versão base
e o grafismo é claramente abaixo do razoável, deparando-me constantemente com
texturas aterradoras, inconstantes e inferiores ao presenciado em Just
Cause 3 de 2015! Infelizmente não estou a exagerar e para ser ainda
mais sincero, a mediocridade do aspeto gráfico também está presente nas cut-scenes, onde ainda é mais visível a
fraca qualidade na sua generalidade. Acreditando no que foi publicado
comercialmente e a nível promocional, onde o jogador era deleitado com
imagens/vídeos com definição superior, é com esperança que aguardo uma
atualização que corrija essa situação, caso contrário, tudo de bom existente em
Just
Cause 4 se desvanece efemeramente.
Outro apesto que considero
ligeiramente abaixo do expectável é a simbiose entre a jogabilidade
/longevidade. Percebo e compreendo a ambição da Avalanche Studios,
sobretudo através do legado positivo deixado por Just Cause 3, em querer
conceber algo ainda mais vasto, grandioso e imponente, de modo a cativar a
atenção do jogador pelo maior tempo possível, mas às vezes dar um passo maior
que a perna, pode ser prejudicial. Lamentavelmente, isso é percetível neste
título, como por exemplo as inúmeras missões secundárias existentes, o que até
pode ser encarado de forma positiva, mas a grande maioria delas pura e
simplesmente são repetições mudando apenas de local ou o facto de ser possível
voar por longos períodos de tempo, com auxilio do wingsuit de Rico, passando por checkpoints enfadonhos e constantes. Só para citar alguns, sendo claramente
preferível apostar numa experiência mais curta, mas mais diversificada,
equilibrada e enriquecedora.
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