Logo inicialmente, o vídeo introdutório é um regalo para os nossos olhos, pois para além de ter a colossal capacidade de nos aguçar o apetite para colocarmos as mãos no volante (neste caso comando), consegue ainda ser uma verdadeira lição da história do automóvel.

Uma vez no menu inicial e antes mesmo de iniciarmos qualquer tipo de prova ou evento, aconselho vivamente a experimentarem o modo “Scapes”, onde nos é permitido criar a foto perfeita do nosso veículo favorito. É certo que já era existente nas versões anteriores, mas desta vez este modo está bastante melhorado, pois permite personalizar a respetiva viatura de acordo com os nossos gostos, fazendo uso de um número infindável de opções, como cores, objetos decorativos, vinis publicitários, entre outras. Mas o apogeu é mesmo a possibilidade de usar uma imagem real de determinados locais emblemáticos dos diversos países espalhados pelo mundo fora, como fundo da nossa fotografia. Sem dúvida, que os mais fanáticos irão perder umas boas horas neste modo, em busca da imagem perfeita.

Se o pretendido é mesmo acelerar a todo o custo, podemos optar por arrancar diretamente para o asfalto utilizando o modo “Arcade”, escolhendo umas das diversas pistas ao nosso dispor e o respetivo veículo dentro das várias categorias presentes. Antes mesmo de iniciar a prova, podemos ainda selecionar o tipo de corrida, a trivial disputa contra o cronómetro, onde todos os milésimos de segundos são o mais importante ou uma prova de derrapagens, conhecida no mundo do desposto motorizado por “drift”.

No entanto, também é possível fazer uma carreira neste desporto, e para isso devemos eleger o modo “Campaign”, que direciona os jogadores para uma verdadeira “Escola de Condução”, que para jogadores sem experiência nestas andanças (como foi o meu caso), é extremamente útil, apesar de considerar maçador e enfadonho para os mais experientes, sobretudo tendo passado por essa situação em versões anteriores. Tudo o que precisamos de saber sobre a condução é-nos ensinado neste modo, desde acelerar, travar, curvar, ultrapassar, com detalhe e minuciosidade de assinalar, por isso engane-se quem pensa que é só pressionar o botão do acelerador e já está. Para além de nos transmitir ótimos ensinamentos na arte de conduzir, ainda nos presenteia com troféus, dinheiro virtual e pontos para desbloquear novas funcionalidades e veículos, caso essas lições sejam superadas dentro dos tempos exigidos. Quando já estivermos aptos a conduzir, é possível escolher diversos desafios onde é posto à prova tudo aquilo que absorvemos das aulas de condução, seja em pequenos trechos das pistas ao jeito de desafio ou em provas completas, competindo contra a inteligência artificial.

Mas Gran Turismo Sport não fica por aqui, pois ainda nos oferece um modo multiplayer bastante completo no seu segmento. Uma vez iniciado este modo, podemos optar por duas vertentes diferentes, uma corrida única enfrentando outros jogadores online ou o modo “Sport”, que é reconhecido pela própria FIA (Federação Internacional do Automóvel) e onde disputamos um campeonato mundial virtual, seguindo as regras existentes na vida real, corridas de treinos, corridas de qualificações e finalmente a prova na mesma data em que se disputa oficialmente. Aqui é de extrema importância respeitar uma boa conduta desportiva, pois o nosso comportamento dentro da pista irá ser associado ao nosso perfil de jogador, e segundo alguns relatos oficiais, aqueles que provarem serem os mais bem-sucedidos no mundo virtual, podem ter uma oportunidade enquanto pilotos profissionais. Será?

Relativamente à jogabilidade, é necessário limpar a nossa mente das inevitáveis comparações com outros títulos do desporto automóvel, e este ano de 2017 foi pródigo em lançamentos de jogos desse género. Durante todos estes anos em que a saga Gran Turismo esteve presente nas nossas vidas, houve uma frase tipo slogan que acompanhou o título, “the real driving simulator” e Gran Turismo Sport tenta ser o mais próximo possível de um simulador, mas sem nunca perder algumas das características de um jogo de corridas de carros mais “arcade”. Em GT Sport não basta acelerar e travar, mais sim acelerar e travar no momento certo, não é suficiente fazer a curva, é necessário curvar de acordo com as regras da aerodinâmica, não se deve ultrapassar a todo o custo, mas sim esperar pelo momento oportuno, tudo em favor de gastar o menos tempo possível, pois os milésimos de segundo são preciosos.

Ao nível de veículos e pistas presentes, e se compararmos com as versões anteriores, GT Sport desilude um pouco. Até consigo compreender que o nível esmerado de detalhe empregue em cada viatura assim o obrigue, mas ter menos de 200 carros e sobretudo olhando quer para o passado da série, quer para os títulos da concorrência, deixa um pouco a desejar. Mas aqui poderá entrar em cena outro aspeto que é tema em todos os títulos atualmente, será que a Polyphony Digital planeia lançar mais conteúdo em forma de expansão? Sim assim for, está explicada a razão.

Em termos de grafismo, e não poderia ser de outra forma, estão em regra geral excelentes, mas neste aspeto e como nos acima referidos, temos que ver que a concorrência está forte em todas as vertentes e se GT Sport foi um título que marcou a diferença sempre que apareceu, através dos melhoramentos e inovações apresentadas, aqui também o deveria ser. Não me interpretem mal, os gráficos estão brilhantes, mas era esperado que superassem o que existe atualmente e não suplantam. Uma palavra para a sonoplastia que está de acordo com este tipo de jogo, brilhantes efeitos sonoros e ruídos de referência desta área.

Em jeito de conclusão, Gran Turismo Sport é uma referência no desporto automóvel virtual, sobretudo na condução, onde é exigente o suficiente para fazer dele o mais próximo possível da realidade.