JOGOS: Stellar Blade | Análise

24.4.24

Tivemos acesso de forma antecipada a mais um título, o Stellar Blade, um jogo exclusivo (para já) da PlayStation 5 e que era aguardado com muita expetativa pela comunidade de amantes dos videojogos, uma vez que os trailers que foram sendo disponibilizados apresentaram diversos momentos de qualidade. Será que conseguiu cumprir tudo aquilo que prometeu?

Stellar Blade é um jogo de ação-aventura, com elementos RPG, numa perspetiva de terceira pessoa, desenvolvido pelos estúdios Coreanos da Shift Up (uma estreia em jogos para consolas) e publicado mundialmente pela própria Sony Interactive Entertainment. O seu desenvolvimento sofreu algumas alterações desde a data em que foi anunciado até aos dias do seu lançamento, uma vez que chegou a ser apelidado de Project Eve e supostamente seria disponibilizado para as plataformas PlayStation 4, Xbox One e Pc, terminado por se tornar um exclusivo da PlayStation 5 e com o nome Stellar Blade.

A narrativa de Stellar Blade é quase um cliché, pois, mais uma vez, o futuro da humanidade está em causa. Isso ocorre em tantos outros títulos como até em filmes da sétima arte do género de ficção científica, um tema que nunca esgota recursos e que, de uma forma geral, agrada à grande maioria dos aficionados. Centrando atenções propriamente na história de Stellar Blade, a humanidade travou uma luta intensa e incessante com uma raça alienígena estranha e poderosa, conhecidos por Naytibas, acabando mesmo por ter que abandonar o planeta Terra, procurando refúgio numa colónia espacial. Depois de tempos conturbados e de união de esforços, um esquadrão de forças especiais (7th Airborne Squad) é enviado para a Terra, na tentativa de combater os incautos e recuperar a liderança do planeta, porém a tarefa que já se antevia complicada, corre da pior forma e Eve, membro do esquadrão e única sobrevivente, é salva por Adam que a leva para Xion, a última cidade da humanidade na Terra. É nesse local que Eve vai convencer os habitantes e refugiados de Xion que ainda é possível lutar para repor a habitabilidade do planeta e salvar a humanidade de todas as atrocidades. Mas à medida que Eve enfrenta os Naytiba, vai desvendando os mistérios do passado e percebe que a sua missão está longe de ser simples. De facto, quase nada é o que parece...

É nesse local que Eve vai convencer os habitantes e refugiados de Xion que ainda é possível lutar para repor a habitabilidade do planeta e salvar a humanidade de todas as atrocidades.

Stellar Blade apresenta uma jogabilidade frenética e verdadeiramente intensa! A curva de aprendizagem dos controlos é exigente e requer muito trabalho para conseguir dominar todos os movimentos, sobretudo os mais complexos. Mas o que verdadeiramente impressiona é a velocidade, que em certos momentos, atinge patamares bastante elevados. Segundo o estúdio de desenvolvimento, o jogo tem a capacidade de desafiar o cérebro e os músculos em igual medida, pelo que são necessárias ambas as destrezas, se queremos ser bem-sucedidos. Não vou mentir, foram várias as ocasiões em que me senti frustrado e com a sensação de ser incapaz de ultrapassar determinados bosses, porém, não podem desistir. O ciclo repetitivo, tentar, falhar, voltar a tentar, voltar a falhar, até conseguir o objetivo é exigente e requer bastante dedicação. Mas uma coisa vos posso garantir, quando finalmente conseguirem ultrapassar aquele momento mais dedáleo, aquele hostil que inicialmente parece indestrutível e sem forma de lhe dar a volta, a sensação de satisfação vai encher a vossa alma de orgulho.

Ainda nessa vertente e tal como ocorre em títulos do mesmo género, o jogador deve adotar uma postura mais defensiva e de estudo dos movimentos do inimigo, ao invés de atacar desenfreadamente e de peito aberto. Compreender os padrões de movimentação e ataque é essencial para depois conseguir contra-atacar no timing certo. Aliás, o jogo “premeia” o jogador caso conseguia desviar-se no momento preciso, enchendo uma barra apelidada de Beta Gauge (Energia Beta), que depois de preenchida pode ser gasta através de habilidades poderosas que podem ser a chave do sucesso. Simultaneamente, existe outro sistema, o Burst Gauge (Energia Explosiva) que acumula valor em caso de sucessivas defesas dos ataques inimigos e da realização de combos numerosos, permitindo posteriormente realizar ataques devastadores e completamente destruidores. Para finalizar, existem os ataques designados por normais, realizados através da Blood Edge, a espada de Eve, que são simples, rápidos e fortes, permitindo realizar vários combos e também ataques de longo alcance que através de armas de fogo podem causar muito dano, quando o ponto fraco do inimigo fica exposto. E como não poderia deixar de ser, aliás é cada vez mais um clássico neste tipo de jogos, ou melhor, em quase todos os tipos de jogos, existe uma árvore de habilidades, onde, obviamente, podemos melhorar, exponenciar e adquirir novas capacidades para a nossa protagonista.

...tal como ocorre em títulos do mesmo género, o jogador deve adotar uma postura mais defensiva e de estudo dos movimentos do inimigo, ao invés de atacar desenfreadamente...

Stellar Blade possui também uma vertente exploratória, bem comum dos jogos de mundo a aberto, ainda que não de uma forma tão vincada como noutros títulos, e mesmo até porque os estúdios de desenvolvimento assinalam que estamos perante “um mundo semiaberto”. Ainda assim, o ambiente do jogo é um dos maiores destaques, uma vez que o jogador estará sempre “entretido” com tarefas por realizar, descobrindo constantemente novas áreas e pontos de interesse, o que acrescenta profundidade e longevidade à experiência. No entanto, a concretização das missões secundárias não são obrigatórias e essenciais (como acontece em outros jogos) mas premeiam, ainda que a recompensa não seja totalmente relevante, aqueles jogadores que as queriam fazer, sobretudo através de fatos extra e outros equipamentos ou itens, que podem ser considerados mais cosméticos do que propriamente com maior capacidade e robustez.

A nível gráfico, Stellar Blade, tal como referido acima, nas imagens e vídeos oficiais que foram sendo disponibilizados, prometia e muito, mas nesta indústria e com os anos de experiência que já tenho nestas andanças, sei perfeitamente que são inúmeros os casos em que o produto final difere muito daquilo que é “vendido” nos anúncios de lançamento. Posto isto, é com regozijo que constatei que as expetativas que tinha não foram totalmente degradas, pois, o título acaba mesmo por ser uma experiência visual incrível, detalhada e em largos momentos, fascinante. O ápice da vertente gráfica, na minha opinião, acaba mesmo por ser o minucioso e pormenorizado ambiente pós-apocalíptico, com locais extremamente detalhados que nos fazem ficar boquiabertos e de queixo caído! Por outro lado, é impossível não mencionar a aparência física da personagem principal (assim como outras), que tanta controvérsia criou. O diretor artístico Kim Hyung-Tae explicou que o corpo de Eve foi inspirado na modelo coreana Shin Jae-eun e ressalvou a importância do entretenimento dirigido a adultos (neste caso PEGI 18). Foi dada uma especial atenção ao corpo da protagonista, sobretudo a parte das costas, uma vez que os jogadores passam uma quantidade significativa de tempo a ver a personagem de costas enquanto jogam, pois Stellar Blade é numa visão de terceira pessoa.

O ápice da vertente gráfica, na minha opinião, acaba mesmo por ser o minucioso e pormenorizado ambiente pós-apocalíptico, com locais extremamente detalhados...

Pessoalmente e de uma forma bastante sincera, penso que o estúdio foi demasiado ousado, a um nível completamente desnecessário, até porque são tantas as personagens de videojogos que ficaram célebres e para a eternidade, sem recorrer a exageros dessa dimensão. Muitos exemplos surgem de imediato à cabeça, como por exemplo Lara Croft (Tomb Raider), Bayonetta (Bayonetta), Catwoman (Batman Arkham City), Jill Valentine (Resident Evil) ou Tifa (Final Fantasy), todas elas com atributos distintivos, mas sem serem exacerbados.

De um modo geral e na minha opinião, Stellar Blade apesar de possuir muitos elementos e mecânicas existentes em diversos outros títulos do mesmo segmento, consegue estabelecer uma identidade muito particular e sobretudo cativante ao longo do desenrolar da trama. Por outro lado, e apesar de ser um título exigente, especialmente nos confrontos com os bosses, não é daqueles exageradamente difíceis e só direcionados para o publico mais hardcore do gaming, porém requer bastante atenção, dedicação e combinações entre defesa, esquiva e ataque rápidos no timing certo. A complementar tudo isto, uma narrativa bem estruturada que capta a atenção do jogador, mantendo-nos envolvidos no destino da humanidade e os mistérios que rodeiam a invasão alienígena.

Por outro lado, e apesar de ser um título exigente, especialmente nos confrontos com os bosses, não é daqueles exageradamente difíceis...

Em suma, Stellar Blade proporciona aos jogadores uma aventura bastante competente, aliciante e exigente, assente num grafismo fascinante que chega a impressionar em muitas ocasiões. Impossível ficar indiferente ao corpo da protagonista, que na minha opinião é demasiado ousado. Uma estreia prometedora de jogos para consolas do estúdio coreano, que nos deixam a ansiar para os futuros lançamentos.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas


 
 

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