JOGOS: Days Gone | Análise

2.5.19


Finalmente Days Gone, um exclusivo da PlayStation 4, está disponível e chega até nós através do estúdio de desenvolvimento Bend Studio, sendo talvez o maior e mais ambicioso projeto desde o ano da sua fundação, 1993.

A tarefa que o estúdio tinha em mãos não era propriamente simples, uma vez que o género do jogo está a ficar cada vez mais repetitivo, tal a quantidade de títulos com a mesma premissa, por isso era decisivo e imperial que a Bend Studio conseguisse interligar um tema já inúmeras vezes escalpelizado com um vasto e amplo mundo aberto, repleto de perigos e riscos. Urgia uma história forte e arrebatadora, que conseguisse ser o elo entre esses dois aspetos e veremos mais à frente se realmente o estúdio conseguiu alcançar esse objetivo.


Days Gone inicia-se sem grandes explicações, apenas somos presenteados com uma cena introdutória onde vemos os protagonistas principais a tentar escapar a algo estranho. Deacon St. John, a nossa personagem, auxilia Sarah, a sua esposa, que se encontra ferida, supostamente atacada por uma criança com uma faca. É perentório fazê-la chegar ao topo de um edifício, colocando-a num helicóptero de socorro, de modo a serem transportados para um local seguro. Mas assim que chegam, Deacon vê-se obrigado a tomar uma decisão que o irá marcar para o resto da sua vida, uma vez que o transporte só tem lugar para duas pessoas. Sendo assim, Deacon tem que optar por ir com a esposa, abandonando o seu fiel amigo Boozer, também ele maltratado ainda que com menor gravidade, ou deixa Sarah aos cuidados da equipa de resgaste, e fica no caótico mundo para ajudar o seu eterno amigo.

Com muito custo, Deacon decide ficar, mas prometendo solenemente a Sarah que fará tudo o que estiver ao seu alcance para rapidamente ir ter ao seu encalce, no entanto, assim que termina a cutscene, constatamos que passaram dois anos e Deacon e Boozer ainda tentam sobreviver num mundo consumido pelo caos e repleto de Freakers. E é exatamente nesse aspeto que começam a surgir as primeiras inovações, uma vez que ao contrário de outros títulos onde os vulgos zombies são lentos e previsíveis, desta feita o vírus que modificou os humanos em horríveis seres que só possuem um objetivo em mente, devorar a carne humana, também os dotou de destreza e velocidade de locomoção, bem acima do normal.


Atuando em grupo ou hordas, os Freakers são completamente mortíferos, pelo que devemos ter o máximo de cuidado nos ruídos produzidos, assim que estivermos perto de uma horda. Em caso de sermos detetados, pouco ou nada nos valerão as armas que possuímos, pelo que o mais sensato é mesmo fugir o mais rápido que conseguirmos, até os despistarmos completamente. Porém, nesta localidade de Oregon, onde a ação se desenrola, nem só o perigo advém dos Freakers, pois também existem frações de humanos rivais, que tal os protagonistas, procuram a todo o custo sobreviver, nem que para isso seja preciso aniquilar com as nossas intenções.

A jogabilidade de Days Gone também incluí muitos de elementos de sobrevivência, pelo que a vasculha minuciosa de todos os locais é essencial para aumentarmos as probabilidades de alcançar o sucesso da nossa demanda. Podemos encontrar díspares materiais que combinados uns com os outros permitem a criação de recursos como por exemplo, curativos para melhorar a nossa saúde, garrafas vazias e panos inflamáveis para construir cocktails molotov e/ou engenhos explosivos, pedaços de sucata que reparam o nosso meio de transporte.


E já que falamos no meio de transporte, é obrigatório mencionar a mota que temos ao dispor, essencial para nos movermos no mapa, quer na busca de recursos, quer nas fugas estonteantes pelo meio da vegetação, tentando escapar a todo o custo dos Freakers e ao mesmo tempo rezando incessantemente para que o combustível não acabe ou não tenhamos um acidente. Tal como para as nossas armas, a mota pode ser reparada/melhorada com materiais que vão sendo encontrados no decorrer da ação. Aumento de potência, silenciadores de ruído, depósitos de combustível maiores e métodos de proteção mais eficientes, são alguns dos exemplos que podem e devem ser contemplados no melhoramento do nosso motociclo. Em jeito de conselho afirmo que o melhor é mesmo não separarem por demasiado tempo, nem ir para muito longe da mota, pois ela pode ditar a nossa salvação!

Em Days Gone tal como já referido anteriormente, a narrativa tem um papel de relevo, mas a forma como a Bend Studio desenvolveu o evoluir da história tem tanto de positivo como aborrecido. Se por um lado é louvar o facto de a progressão das missões serem controladas, ou seja, não ficarão de uma só vez disponíveis todas as referentes à trama principal e são intercaladas com outras de menor expressão, como socorrer alguém pertencente a um acampamento ou mesmo limpar um ninho de Freakers, por outro lado e agora no plano menos positivo, as missões apelidadas de secundárias, não são nada mais do que ir do ponto A ao B, de modo a desencadear uma cutscene que adiciona mais detalhes sobre o passado de Deacon e Sarah, o que ao principio pode ser interessante, mas a constante repetição do mesmo, origina algum tédio.


Visualmente, Days Gone deslumbra e eleva ainda mais a já muito assinalável fasquia do grafismo, quando comparado com outros exclusivos da Sony. A localidade de Oregon está incrivelmente detalhada e em certos momentos é mesmo prazeroso estacionar a nossa mota e apenas apreciar o mundo que nos rodeia. Cenários com densa vegetação, misturados com lagos tranquilos, tudo isto conjugado com um clima diversificado, resultam numa experiência extasiante para os nossos olhos, sendo no plano visual um título obrigatório e sem dúvida um exemplo a seguir. No entanto nesse campo é necessário salientar o longo tempo de carregamento de algumas secções do jogo, sendo frustrante estar diversos minutos apenas olhar para um ecrã todo negro com um pequeno ícone do anel do protagonista a rodar e algumas dicas.

A sonoplastia está ao nível que os exclusivos da Sony já nos habituaram, ou seja, bastante acima da média e centrando-me apenas na versão em Português, o ator Filipe Duarte empresta e bem a sua voz à personagem principal Deacon St. John, personificando da melhor maneira o espirito aventureiro de um motoqueiro, fazendo jus às palavras proferidas por ele mesmo no evento de apresentação do jogo: "Foi também muito gratificante uma vez que, tal como o Deacon, também eu sou motoqueiro".

Em suma, Days Gone consegue conjugar dois conceitos, zombies e mundo aberto, ambos já um pouco desgastados pela inúmera e diversificada oferta no mercado, numa experiência visualmente encantadora, suportada numa história cativante e intensa. Apesar de não inovar ao ponto de deslumbrar todos os amantes dos jogos, Days Gone afigura-se como um título importante no ano de 2019. No lado menos positivo, é de ressalvar a repetibilidade de algumas missões e os longos loadings.

Esta análise foi realizada através de uma cópia cedida pelo representante nacional das relações públicas da Sony Portugal.


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