JOGOS: Battlefield V | Análise

14.12.18


Antes de começarmos propriamente a análise ao jogo em si, é necessário afirmar que por muito que se pretenda contornar esse aspeto, é impossível não estabelecer paralelos com o seu antecessor, ou mesmo com os outros títulos da franquia.

Mesmo após iniciar o jogo, a DICE fez questão de nos deliciar com uma introdução épica, referente ao conflito em várias zonas do globo, onde somos “convidados” a experienciar um pouco do que Battlefield V nos tem para oferecer no decorrer da aventura. Nesse preâmbulo, apesar de muita coisa acontecer ao mesmo tempo, dois aspetos saltam claramente à vista, a insanidade do conflito no campo de batalha (inúmeros soldados, tanques, aviões) e a inevitabilidade cruel do óbito. Findo esse prefácio, somos automaticamente transportados para o menu inicial, onde podemos optar por dar inicio a qualquer um dos modos disponíveis.


É com unanimidade que a comunidade de jogadores de videojogos considera que o foco principal de Battlefield V é o modo multiplayer, mas ao contrário de outros títulos da concorrência, a DICE optou por não esquecer os amantes do modo campanha, ou o vulgo singleplayer, sendo nesse momento que entra em cena o modo War Stories. Assim que selecionado, o jogador pode optar por três histórias, estando prevista mais uma para fim de dezembro ou inicio de janeiro, todas elas com a Segunda Guerra Mundial como pano de fundo, mas vivida em zonas geográficas completamente distintas e antagónicas. Apesar de serem muito simplistas e a roçar o básico, forçando o jogador em determinadas alturas a optar por um estilo muito silencioso, contrariando o conceito do tipo de jogo Battlefield, também permitem viajar até locais icónicos por onde o conflito se propagou, como França, Noruega e o Norte de África. 

Na retina ficaram momentos de enorme beleza dos dispares cenários, como por exemplo, a descida alucinante em esqui nas montanhas geladas ou o caminhar pelo tórrido deserto africano. Em todas as elas, assumimos o controlo de uma personagem que foi considerada na história mundial como um herói de guerra, e que com maior ou menor veracidade, ficamos a conhecer os seus feitos inolvidáveis. Nesse aspeto é de salientar a trabalho da DICE em criar pequenas histórias, abrangendo vários pontos do combate, ao invés de produzir uma campanha exaustiva sobre apenas um local, mas fica obviamente claro que o estúdio de desenvolvimento, apostou todas as suas fichas no modo multiplayer, como já seria de esperar.


Um dos maiores elogios que se pode fazer à saga Battlefield é o facto de mais nenhum outro título do mesmo segmento, conseguir personificar tão realisticamente o caos e confusão de um campo de batalha. Essa situação já foi experienciada em Battlefield 1 mas afinada e aprimorada agora nesta novo título, sem nunca fugir à sua origem, apesar de serem introduzidas melhorias a fazer lembrar outros jogos. Apesar de não ser aconselhado e nem sempre estar presente nas cabeças dos jogadores que estão a jogar em simultâneo, o heroísmo individual pode ser um caminho para o sucesso, mas em Battlefield V é claramente privilegiado o trabalho de equipa em oposição ao singular. Por essa razão existem quatro classes, Medic, Support, Recon e Assualt, todas elas com as suas valências e virtudes. Esse grupo é facilmente dividido em duas frações, Recon e Assault para aqueles jogadores que se sentem mais vocacionados para o ataque, diferenciando em si nas armas ao dispor, onde os primeiros privilegiam armas de longo alcance e os segundos armas de fogo rápido e automáticas. As restantes classes, são caracterizadas por fazer prevalecer a segurança, apesar de serem igualmente eficazes no ataque. Os jogadores que optarem por Medic, conseguem reanimar de forma mais célere os outros elementos, apesar de todas os membros das outras classes também o conseguirem, mas de forma mais morosa. Por fim, a classe Support apresenta a maior novidade, uma vez que os seus elementos conseguem erguer proteções contra o fogo inimigo, bem ao estilo de outros jogos, para além de auxiliarem os restantes companheiros, disponibilizando munição extra.

Relativamente aos modos de jogo dentro do multiplayer, estão presentes alguns dos habituais e clássicos, como Conquest onde o objetivo é conquistar vários locais assinalados no mapa, Domination bastante similar, mas para além de conquistar temos que os manter sobre nosso domínio os locais conquistados, Team Deathmatch onde ganha quem mais abater inimigos, bem ao estilo de cada um por si, o Frontlines onde temos de conquistar e manter pontos estratégicos do mapa até chegar à base da equipa inimiga. A grande novidade é o modo Grand Operations, uma mescla entre multiplayer com componentes de história, jogado em várias rondas e passando por vários mapas, sendo a vitória final influenciada por aquilo que os jogadores fazem ao longo das diferentes rondas, umas a privilegiar a ofensiva, outras a proteger a base. Falta ainda referir o Breakthrough que é semelhante ao Grand Operations, mas realizado de uma forma ordenada e sequencial, não permitindo a dispersão dos jogadores pelos diferentes objetivos.


A nível gráfico e sonoro a DICE merece por completo todos os enaltecimentos, uma vez que o trabalho realizado a esse nível está mesmo irrepreensível. Já no seu predecessor esse fator era de salientar, sendo que Battlefield V ainda conseguiu ir um pouco mais longe. Uma variedade imensa de cenários, neve, chuva, sol, vento, todos eles exemplarmente reproduzidos. Tudo isto coadjuvado com uma sonoplastia intensa e veemente, resultando numa experiência bélica única. Só para citar alguns detalhes é incrível ver as folhas de secas de outono as esvoaçarem no meio do frenesim de uma guerra, ou os militares a levantarem as pernas para atravessar pântanos, ser possível disparar contra uma granada no ar ou os cómicos gritos assustados dos soldados quando são surpreendidos. 

Resumindo, a DICE melhorou a fórmula de sucesso de Battlefield 1, aprimorando-a superficialmente e apenas nos locais estratégicos, permitindo uma melhor experiência aos jogadores. A grande novidade é a introdução do modo Grand Operations mas só o tempo dirá se foi uma aposta ganha ou não. No entanto, se arranjarmos um grupo de amigos que gostam deste tipo de jogos e conseguirmos tirar o dia para entrar numa batalha de proporções épicas, Battlefield V é a escolha obrigatória. 


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