Antes de começarmos propriamente a análise ao jogo em si, é necessário afirmar que por muito que se pretenda contornar esse aspeto, é impossível não estabelecer paralelos com o seu antecessor, ou mesmo com os outros títulos da franquia.
Mesmo após iniciar o jogo, a DICE
fez questão de nos deliciar com uma introdução épica, referente ao conflito em
várias zonas do globo, onde somos “convidados” a experienciar um pouco do que Battlefield
V nos tem para oferecer no decorrer da aventura. Nesse preâmbulo,
apesar de muita coisa acontecer ao mesmo tempo, dois aspetos saltam claramente
à vista, a insanidade do conflito no campo de batalha (inúmeros soldados,
tanques, aviões) e a inevitabilidade cruel do óbito. Findo esse prefácio, somos
automaticamente transportados para o menu inicial, onde podemos optar por dar
inicio a qualquer um dos modos disponíveis.
É com unanimidade que a
comunidade de jogadores de videojogos considera que o foco principal de Battlefield
V é o modo multiplayer, mas
ao contrário de outros títulos da concorrência, a DICE optou por não
esquecer os amantes do modo campanha, ou o vulgo singleplayer, sendo nesse momento que entra em cena o modo War
Stories. Assim que selecionado, o jogador pode optar por três
histórias, estando prevista mais uma para fim de dezembro ou inicio de janeiro,
todas elas com a Segunda Guerra Mundial como pano de fundo, mas vivida em zonas
geográficas completamente distintas e antagónicas. Apesar de serem muito
simplistas e a roçar o básico, forçando o jogador em determinadas alturas a
optar por um estilo muito silencioso, contrariando o conceito do tipo de jogo Battlefield,
também permitem viajar até locais icónicos por onde o conflito se propagou,
como França, Noruega e o Norte de África.
Na retina ficaram momentos de
enorme beleza dos dispares cenários, como por exemplo, a descida alucinante em
esqui nas montanhas geladas ou o caminhar pelo tórrido deserto africano. Em
todas as elas, assumimos o controlo de uma personagem que foi considerada na
história mundial como um herói de guerra, e que com maior ou menor veracidade,
ficamos a conhecer os seus feitos inolvidáveis. Nesse aspeto é de salientar a
trabalho da DICE em criar pequenas histórias, abrangendo vários pontos do
combate, ao invés de produzir uma campanha exaustiva sobre apenas um local, mas
fica obviamente claro que o estúdio de desenvolvimento, apostou todas as suas
fichas no modo multiplayer, como já
seria de esperar.
Um dos maiores elogios que se
pode fazer à saga Battlefield é o facto de mais nenhum outro título do mesmo
segmento, conseguir personificar tão realisticamente o caos e confusão de um
campo de batalha. Essa situação já foi experienciada em Battlefield 1 mas afinada
e aprimorada agora nesta novo título, sem nunca fugir à sua origem, apesar de
serem introduzidas melhorias a fazer lembrar outros jogos. Apesar de não ser
aconselhado e nem sempre estar presente nas cabeças dos jogadores que estão a
jogar em simultâneo, o heroísmo individual pode ser um caminho para o sucesso,
mas em Battlefield V é claramente privilegiado o trabalho de equipa em
oposição ao singular. Por essa razão existem quatro classes, Medic,
Support, Recon e Assualt, todas elas com as suas valências
e virtudes. Esse grupo é facilmente dividido em duas frações, Recon
e Assault para aqueles jogadores que se sentem mais vocacionados
para o ataque, diferenciando em si nas armas ao dispor, onde os primeiros
privilegiam armas de longo alcance e os segundos armas de fogo rápido e
automáticas. As restantes classes, são caracterizadas por fazer prevalecer a
segurança, apesar de serem igualmente eficazes no ataque. Os jogadores que
optarem por Medic, conseguem reanimar de forma mais célere os outros
elementos, apesar de todas os membros das outras classes também o conseguirem,
mas de forma mais morosa. Por fim, a classe Support apresenta a maior
novidade, uma vez que os seus elementos conseguem erguer proteções contra o
fogo inimigo, bem ao estilo de outros jogos, para além de auxiliarem os
restantes companheiros, disponibilizando munição extra.
Relativamente aos modos de jogo
dentro do multiplayer, estão
presentes alguns dos habituais e clássicos, como Conquest onde o objetivo
é conquistar vários locais assinalados no mapa, Domination bastante similar,
mas para além de conquistar temos que os manter sobre nosso domínio os locais
conquistados, Team Deathmatch onde ganha quem mais abater inimigos, bem ao
estilo de cada um por si, o Frontlines onde temos de conquistar
e manter pontos estratégicos do mapa até chegar à base da equipa inimiga. A
grande novidade é o modo Grand Operations, uma mescla entre multiplayer com componentes de história,
jogado em várias rondas e passando por vários mapas, sendo a vitória final
influenciada por aquilo que os jogadores fazem ao longo das diferentes rondas, umas
a privilegiar a ofensiva, outras a proteger a base. Falta ainda referir o Breakthrough
que é semelhante ao Grand Operations, mas realizado de uma forma ordenada e
sequencial, não permitindo a dispersão dos jogadores pelos diferentes
objetivos.
A nível gráfico e sonoro a DICE
merece por completo todos os enaltecimentos, uma vez que o trabalho realizado a
esse nível está mesmo irrepreensível. Já no seu predecessor esse fator era de
salientar, sendo que Battlefield V ainda conseguiu ir um
pouco mais longe. Uma variedade imensa de cenários, neve, chuva, sol, vento,
todos eles exemplarmente reproduzidos. Tudo isto coadjuvado com uma sonoplastia
intensa e veemente, resultando numa experiência bélica única. Só para citar
alguns detalhes é incrível ver as folhas de secas de outono as esvoaçarem no
meio do frenesim de uma guerra, ou os militares a levantarem as pernas para atravessar
pântanos, ser possível disparar contra uma granada no ar ou os cómicos gritos
assustados dos soldados quando são surpreendidos.
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