JOGOS: Helldivers 2 | Análise

16.2.24

Recebemos na nossa redação o título Helldivers 2, um jogo de tiro numa perspetiva de terceira pessoa (third-person shooter), lançado recentemente para a PlayStation 5 e PC.

Helldivers 2 (ou talvez sendo mais correto Helldivers II) desenvolvido pela Arrowhead Game Studios, responsável por títulos como Gauntlet ou Helldivers, e publicado mundialmente pela Sony Interactive Entertainment, é o segundo jogo da série, distando aproximadamente 9 anos, apresentando uma mudança radical de perspetiva, uma vez que o seu antecessor é um top-down shooter.

Em termos de história, este é um daqueles casos claros em que a narrativa surge apenas como algo que interliga as variadas missões que são apresentadas ao jogador. Porém e apesar de sucinta, ela existe e está presente. Os jogadores assumem o papel de um soldado de elite (Helldivers), num cenário futurista apelidado de Super-Terra e onde a humanidade é governada, supostamente por uma democracia controlada, no entanto, o seu líder está longe de ser democrata, sendo mais conotado com crenças fascistas e um poder ditatorial. Estes soldados, são treinados apenas para lutar e morrer pela causa, que passa pela Liberdade, Paz e Democracia! No entanto, rapidamente nos apercebemos que o objetivo é a conquista de toda a galáxia, mas, obviamente que não estão sozinhos. Hordas e hordas de inimigos, sob a forma de aracnídeos e outras espécies mais assombrosas, em diferentes planetas, assolam os intentos dos humanos.

Como fã de ficção científica que sou, assim que me coloquei na pele de um soldado de elite, veio-me á memória um filme, já como uns bons anos em cima, de nome Soldados do Universo (Starship Troopers), cuja semelhanças são por demais evidentes e fonte de inspiração deste e outros jogos, mesmo que isso não seja assumido pelo estúdio de desenvolvimento. E essas parecenças não são apenas nos inimigos análogos, mas pela forma como é apresentada a causa, repleta de propaganda e incentivos para lutar pela humanidade, e também pelo humor bem característico e roçar o sarcasmo mais negro.

...veio-me á memória um filme, já como uns bons anos em cima, de nome Soldados do Universo (Starship Troopers), cuja semelhanças são por demais evidentes...

Avançando para a jogabilidade, Helldivers 2 é radicalmente díspar do seu antecessor, apesar de manter algumas bases. Desde logo a perspetiva, que já mencionei acima, que faz toda a diferença.  Contudo, a premissa é basicamente a mesma. O jogador embarca numa nave de proporções graciosas e quando chega ao planeta escolhido, seleciona a missão que pretende e é automaticamente lançado para a superfície desse planeta, começando de imediato a ação, juntando-se aos seus companheiros de luta. Nessa fase, as mudanças de estilo são visíveis e desde cedo começam as dificuldades. Helldivers 2 não é propriamente um conto de fadas, acessível a todos! Requer paciência, dedicação, coordenação e constante aprendizagem. Um detalhe, o friendly fire está permanentemente ativo, pelo que “eventualmente” vamos ter dissabores ao atingir ou ser atingido pelos nossos elementos coadjuvantes.

Helldivers 2 tem foco na cooperação, até quatro jogadores, apesar de ser possível jogar em modo solo, acompanhado por bots, no entanto, a dificuldade é mais acentuada uma vez que é mais complicado fazer uma gestão eficaz e uma coordenação competente, contrastando quando na companhia de amigos ou conhecidos. Durante a aventura, são inúmeras as ocasiões em que vamos ficar atolados e cercados de aracnídeos e afins, por isso, a adoção de uma estratégica eficaz é sem dúvida a diferença entre ser bem-sucedido ou completamente devastado pelos inimigos. Questões como a escolha do armamento e das armaduras, assumem papéis determinantes, no entanto, quando as dificuldades apertam, o uso dos Stratagems são de capital importância.

Os Stratagems são nada mais, nada menos, que um pedido de auxílio à nave mãe que se encontra na orbita do planeta que estamos a atacar. Quando solicitado, equipamentos como armas especiais, munições, minas, torrent guns, ou simplesmente, bombardeamentos arrasadores, são enviados para o local indicado pelo jogador. Inesperada é a forma como solicitamos esses Stratagems, uma vez que é através de movimentos específicos nos botões direcionais e indicados no ecrã. Mas atenção, existem limites, quer de uso por ronda, como possuem um cooldown, por isso, devem ser utilizados apenas com rigor e quando extremamente necessário. Por outro lado, este método não está disponível logo no início da campanha, obrigando o jogador a cumprir objetivos, a ganhar divisas e experiência, para mais tarde tem a possibilidade de recorrer aos Stratagems.

Inesperada é a forma como solicitamos esses Stratagems, uma vez que é através de movimentos específicos nos botões direcionais e indicados no ecrã.

De uma forma bastante sincera, houve missões em que fiquei um pouco confuso, sem perceber realmente o que tinha que fazer, sobretudo os objetivos secundários, uma vez que o principal passa sempre por concluir a missão principal dentro do tempo limite. Existem pequenos trabalhos opcionais que nos conferem mais divisa e experiência, obviamente quando os realizamos, mas que não interferem com o objetivo principal. Estou a falar da destruição de ninhos de aracnídeos, desativação de locais utilizados pelos inimigos e até mesmo a ativação de armas pesadas e de longo alcance. Mas volto a reafirmar, é tudo opcional. Por outro lado, ao fim de algum tempo, parece ser tudo muito semelhante e repetitivo, tornando-se rapidamente enfadonho.

E prepararem-se para morrer, inúmeras vezes! Seja pelo já referido friendly fire, sobretudo quando a jogar cooperativamente com outras pessoas que não levam a missão a sério e só pretendem diversão, ou completamente devorado pelas hordas de inimigos, que em alguns sítios, são mesmo, mesmo, mesmo, em quantidades enormes.

Por outro lado, ao fim de algum tempo, parece ser tudo muito semelhante e repetitivo, tornando-se rapidamente enfadonho.

A nível gráfico, Helldivers 2, evidentemente deu um salto qualitativo, apresentando-se agora muito mais polido, contando com inúmeros detalhes e pormenores que fazem a diferença, como por exemplo, o sangue e até mesmo as entranhas do aracnídeo, assim que é exterminado, salpicando a armadura do soldado de elite. O design dos inimigos é excelente, com boa variação e indicações visuais de armaduras e pontos fracos a serem atingidos. Por outro lado, os cenários são visualmente apelativos, superiormente desenvolvidos, transparecendo fielmente os perigos que o jogador pode encontrar no combate frente ao incautos. É claro que os efeitos especiais e banda sonora contribuem assertivamente para despertar as sensações certas nos momentos corretos, sejam elas de medo quando nos deparamos com um inseto mal-intencionado ou de alegria no instante vitorioso.

Para finalizar, resta-me referir que Helldivers 2 é cross-play, permitindo jogar com jogadores de plataformas distintas (neste caso limitado a PlayStation 5 e PC) e apesar de, entretanto já terem sido disponibilizados patches de correção de erros, ainda enfrentei alguns, como a dificuldade de matchmaking ou quedas de sessões abruptas quando em plena ação. Uma última nota para presença do idioma Português de Portugal nos menus do jogo e na legendagem, o que é sempre de assinalar e ressalvar.

Helldivers 2 é cross-play, permitindo jogar com jogadores de plataformas distintas (neste caso limitado a PlayStation 5 e PC).

Em suma, Helldivers 2 é essencialmente uma aventura cooperativa, competente e interessante, visualmente fantástica, porém é vítima de alguns problemas técnicos que certamente serão corrigidos no futuro, mas também é afetada pelas questões da repetibilidade.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas


 
 

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